Os moradores de São Sepé viveram momentos de pânico na madrugada de sexta para sábado, com várias pessoas sendo usadas como cordão humano pelos assaltantes, que explodiram duas agências bancárias e atiraram contra carros e prédios. A ação durou cerca de 40 minutos e ocorreu por volta da 1h de sábado, quando ainda havia muita gente na rua. Como era uma noite de calor e de véspera de feriado de Natal, o movimento na rua ainda era grande. Havia muitas pessoas nos dois traileres de lanches que ficam perto das agências bancárias, e muitos jovens passeando de carro pelo Centro.
Os cerca de 15 assaltantes chegaram em carros, usando capuzes e portando fuzis. Em frente à Praça das Mercês, onde há o Banco do Brasil e o Sicredi, eles pegaram pessoas que estavam em dois traileres de lanches e saindo de um restaurante. Os momentos de pânico começaram quando eles ameaçaram os populares e os usaram como cordão humano durante a ação. Além disso, os bandidos começaram a atirar contra os pneus e a lataria de carros que passavam pela praça, para obrigar as pessoas a sair dos veículos e se juntar ao cordão humano.
Enquanto vários assaltantes ficaram na rua, atirando até para contra prédios quando alguém aparecia na janela, outros entraram nas duas agências e explodiram os caixas eletrônicos. Segundo testemunhas, foram ouvidas de quatro a seis explosões, que foram sentidas pelos moradores a quadras de distância.
Durante a ação, um carro da quadrilha ficou de campana em frente ao quartel da Brigada Militar para monitorar a ação dos policiais.Depois de toda a ação, os assaltantes escolheram duas jovens para serem levadas como reféns. Elas foram colocadas em um dos carros com cinco ladrões. Segundo uma delas, desde o início do assalto até ser solta, ela ficou cerca de uma hora em posse dos assaltantes. A jovem conta que ela e o namorado estavam passeando de carro pelo Centro, quando foram surpreendidos pelos ladrões na rua, por volta da 1h.
– Vimos um cara armado, que fez sinal. A gente achou que era para seguir, e meu namorado avançou com o carro. Daí, o cara atirou contra o carro. Ele já estava com uma refém embaixo do braço. Descemos e eles nos mandaram ir para o cordão humano, que já estava sendo formado. Foi muito pânico. No início, ninguém sabia o que estava acontecendo – conta.
A refém conta que ela e outra jovem foram escolhidas para servirem de proteção aos bandidos durante a fuga. Em outro veículo, dois assaltantes ficaram para fora, no teto solar, e atiravam para o alto durante a fuga da cidade. Segundo ela, no caminho até Caçapava do Sul, elas não foram agredidas nem tiveram armas apontadas para elas.
– Disseram que não era para a gente se preocupar, pois não queriam ferir ninguém. Era só como segurança e que iriam nos libertar. Não nos apontaram armas e foram educados – relatou.
Elas foram soltas perto de um posto de combustível, entre São Sepé e Caçapava, e foram até o estabelecimento, onde conseguiram um celular emprestado para avisar as famílias de que estavam bem e de onde havia sido libertadas.
– Eu tentei me manter calma – conta a jovem.
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Durante o assalto, pelo menos três pessoas ficaram feridas, mas nenhuma corre risco de morrer. Um policial militar levou dois tiros nas pernas. Um dos projetis ficou alojado perto do fêmur, e ele foi levado para o Hospital de Caridade de Santa Maria onde deve passar por cirurgia. Já um homem que estava num trailer de lanches levou um tiro no braço esquerdo, teve fratura do osso e foi levado ao Hospital Universitário de Santa Maria para ser operado. O outro ferido é um policial civil, que foi atingido por estilhaços.
Brigada Militar, BOE, Polícia Civil e polícias rodoviárias foram acionadas para tentar fazer barreiras e procurar pelos assaltantes. Até o helicóptero da Polícia Civil foi a São Sepé e está sendo usados nas buscas.