O clima ficou tenso na sessão desta terça-feira da Câmara de Vereadores de Caxias. Alguns motoristas da Uber e taxistas foram até o Plenário para pedir atenção dos vereadores. De um lado, taxistas pedem que o poder público fiscalize o serviço da Uber, até então funcionando sem regulamentação; de outro, motoristas da Uber, empresa que começou a atuar na cidade há um mês, pedem espaço para trabalhar. A regulamentação do Uber não estava prevista na pauta de discussões dos vereadores. Mais de 100 pessoas ocuparam as cadeiras do Plenário.
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Já no início da sessão, após alguns vereadores mostrarem solidariedade à tragédia ocorrida com o avião do Chapecoense, o vereador Rafael Bueno (PDT) pediu a palavra. O político falou que entendia o lado daqueles que dirigem os táxis, arrancando aplausos de um lado da plateia, mas que era um usuário da plataforma Uber. Dessa vez, o político foi vaiado por um lado e aplaudido de outro.
– Sei que tem muito patrão, dono de táxi, que fica dormindo enquanto o taxista trabalha quase como escravo – falou Bueno.
– Não fala o que não sabe, vereador! Aqui ninguém é obrigado a trabalhar e todo mundo está no táxi porque precisa sustentar a família – disse, aos gritos, um taxista em meio à plateia.A sessão chegou a ser interrompida uma vez, já que muitos taxistas pediam para falar enquanto o vereador se pronunciava.
– Nós viemos para tentar debater com o pessoal do Uber. Se o serviço que eles prestam não está regulamentado, eles devem ser tratados de outra forma pelo poder público. Eles nos colocam em uma situação ruim, desfavorável. É a mesma coisa que a gente permitir que os haitianos vendam meias a preços baixos nas calçadas. É desleal com as lojas que pagam impostos, não é? O Uber está fazendo isso conosco, é desleal, estamos aqui para impedir – diz Wagner Pinto, presidente da Associação dos Motoristas Auxiliares de Táxi (Amot).
Bem exaltado, o também taxista João Batista Silveira, conhecido como Sagui, afirma que está inconformado com a presença do Uber em Caxias:
– Nós sempre prestamos para a população, aí, de uma hora para outra, não prestamos mais. Agora que o Uber chegou nós somos bandidos, oferecemos serviço ruim.
Mesmo antes do fim da sessão, cinco guardas municipais se posicionaram na entrada do Plenário para evitar confusão. Procurados, dois motoristas do Uber, presentes na sessão, não quiseram se manifestar.