O futuro e os desafios da saúde suplementar foram os temas da reunião-almoço de ontem na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC). O palestrante do encontro, o presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), Reinaldo Camargo Scheibe, afirmou que é preciso, urgentemente, rever os conceitos sobre saúde privada e pública no país. A principal justificativa, segundo ele, é que as pessoas estão vivendo cada mais e, com isso, gastando mais com saúde. Atualmente, há 48,5 milhões de beneficiários de planos de medicina cobertos no país.
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– Falando sobre planos, hoje é claro que os recursos são finitos e as despesas infinitas. Já se pensou em acabar com os planos de saúde, mas um levantamento recente aponta que 96% da receita dos principais hospitais do Brasil vem dos planos de saúde. Ou seja: acabar com eles é acabar com o sistema de saúde – afirma o presidente da entidade com 50 anos de atuação.
Scheibe ainda disse que, há anos, planos e hospitais discutem um novo modelo de remuneração para tentar buscar melhorar o sistema. A Abramge está realizando um projeto piloto baseado no DRG (Diagnosis Related Groups) ou, em português, Grupos de Diagnósticos Relacionados. Isso, segundo o palestrante, traria qualidade da assistência e combate ao desperdício, por exemplo. O modelo foi desenvolvido nos EUA para classificar e agrupar pacientes de acordo com o diagnóstico e consumo de bens e serviços.
Também como proposta, Scheibe apontou o plano acessível. No regional, seria oferecida a cobertura conforme a disponibilidade de equipamentos e infraestrutura da região ou no município, a contratação individual e a coparticipação obrigatória. Já na rede hierarquizada, os acessos seriam pelas especialidades de atenção primária, a contratação também seria individual (possibilitando a coletiva) e a coparticipação facultativa:
– A coparticipação por parte do beneficiário deveria ser melhor aplicada. Devemos parar de dar tudo de graça. O custo da gestão do sistema está pesado para os planos de saúde, ainda mais com a indústria crescendo. A judicialização está matando as prefeituras.
O valor médio das multas, punições das ações judiciais movidas por beneficiários do Sistema Único de Saúde (SUS) e das operadoras de planos de saúde, de acordo com o presidente da Abramge, gira em torno de R$ 96 mil.