A amamentação é, sem dúvida, um dos momentos de maior expectativa entre as mamães, seja durante a gestação ou depois do parto. A certeza de estar oferecendo um alimento saudável e completo, o prazer do contato com o bebê e a afetividade trocada por mãe e filho são algumas das sensações descritas por elas. Porém, nem todas conseguem vivenciar plenamente essa experiência, em função de motivos, que, por vezes, fogem ao seu controle. Os sentimentos de frustração e incapacidade são comuns nestes casos.
A pediatra Cláudia Panno de Oliveira, diretora do setor de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente da Secretaria Municipal de Saúde, defende que há a necessidade de uma rede de apoio que auxilie a mulher, na gestação e continue após o nascimento da criança. Até este domingo, por exemplo, Caxias do Sul sedia uma série de atividades em unidades básicas de saúde durante a Semana Mundial do Aleitamento Materno.
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Segundo a médica, orientações incorretas são as principais responsáveis por dificultar o processo do aleitamento materno. A maneira em que a criança se encaixa no seio da mãe e é posicionada no momento da amamentação podem afetar a produção de leite, diminuindo a quantidade do alimento no decorrer dos dias.
Porém, nem sempre a amamentação depende só da mãe. Fatores biológicos, como o estresse, a depressão pós-parto ou até a internação da criança logo após o nascimento influenciam no processo.
– A mãe que tem interferência por dor, estresse ou depressão, pode ter a diminuição de hormônios e, consequentemente, uma diminuição na produção do leite. Mas tudo isso é reversível desde que tenha um profissional capacitado auxiliando – reforça a médica.
A psicóloga Priscila Ferrari acrescenta que as mães devem compreender que, apesar da importância do aleitamento materno, existem outras maneiras de nutrir e se conectar à criança.
– Quando isso acontece (não conseguir amamentar), existem cobranças internas e externas. As externas são das pessoas que julgam as mães, desaprovando o comportamento. Isso acaba aumentando ainda mais as cobranças internas, que são pensamentos disfuncionais que passam pela cabeça delas, como: "eu não sou uma boa mãe", "eu não consigo fazer uma coisa simples para a sobrevivência do meu filho" – explica a profissional.
SERVIÇO
Uma das atividades da Semana de Aleitamento Materno ocorre neste sábado, a partir das 15h, no Shopping Iguatemi, em frente à loja Lacoste. Haverá um aleitamento coletivo, chamado de “mamaço”, e outras atividades gratuitas.
S.O.S Amamentação
O serviço S.O.S Amamentação é oferecido gratuitamente, 24h por dia, de domingo a domingo no Hospital Geral. As mães podem esclarecer suas dúvidas sobre o aleitamento ligando no 0800. 642.4141. Se necessário, a família deve comparecer ao hospital para ter as orientações pessoalmente.
Muita persistência
A persistência fez com que a representante comercial Andréia Rech, 34 anos, não desistisse de amamentar o filho Lúcio, que completa dois meses no próximo domingo. Até 10 dias depois do nascimento do bebê, ela sentia muita dor nas mamas e chegou a ter até febre. Agora, Andréia já amamenta o filho normalmente, de três em três horas e à noite complementa a alimentação dele com leite artificial, por indicação do pediatra.
– Hoje, eu não me arrependo do que eu sofri. No começo a gente sente medo, acha que não vai conseguir, mas no fim deu tudo certo – afirma.
A secretária executiva Rosane Paschoali, 53 anos, tentou amamentar os filhos Renata, 20, e Rafael, 18, mas não conseguiu: a quantidade de leite que descia não era suficiente para satisfazer os bebês.
Ela conta que só soube da dificuldade na consulta de um mês de Renata. Ao fazer a pesagem, a menina havia perdido cerca de 300 gramas.
– Ela chorava da meia-noite às 6h, e não era cólica. Eu, como mãe de primeira viagem, só soube que o meu leite não era suficiente quando comentei com o médico – conta Rosane.
Após a primeira consulta, o pediatra orientou que a mãe oferecesse o leite artificial, complementando o leite materno.
Dicas para qualificar a amamentação
::Tente evitar o estresse.
::Procure um ambiente confortável, principalmente nas primeiras mamadas.
::Busque ajuda profissional durante e depois da gestação.
:: Alimente-se bem, com frutas e verduras.z Beba mais de 2 litros de água por dia.
:: Evite bebidas que contenham cafeína, porque podem causar cólicas na criança.
:: Alimentos açucarados devem ser consumidos com cautela, pois influenciam negativamente no paladar do bebê.
:: Não ofereça chupetas, bicos e mamadeiras, porque podem levar o bebê a rejeitar o peito da mãe.
:: Os alimentos artificiais, como as fórmulas infantis, devem ser oferecidos somente com a orientação de profissionais da saúde. Outros tipos, como os tradicionais embalados em caixinhas e saquinhos, não são recomendados para o bebê.