Cansada de esperar alguma solução do poder público em relação aos moradores de rua e usuários de drogas que dormem e importunam quem passa pela Júlio de Castilhos, uma comerciante da avenida mais famosa de Caxias do Sul resolveu agir. A loja que fica no Centro, próximo da Praça Dante Alighieri, foi gradeada há pouco mais de 15 dias. A situação extrema, conta a proprietária, que não quer se identificar com medo de represálias, foi tomada em função do medo e dos transtornos causados aos funcionários e aos clientes. Segundo ela, homens e mulheres passavam a noite em frente ao local, fazendo as necessidades fisiológicas na calçada e nas paredes. Eles também deixavam roupas e lixo espalhados por todos os lados.
– O cheiro de manhã, ao abrir a loja às 9h, era insuportável. As paredes estavam sempre sujas e ainda corríamos o risco de algum tipo de violência, já que muitos se drogavam ali. Já cansei de chegar para trabalhar e ter que arrumar força para tirar cobertores sujos da calçada – conta uma das funcionárias.
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Mas a grade, que custou cerca de R$ 18 mil, resolveu um dos problemas, mas não todos, de acordo com a proprietária. Ela inibiu que os moradores de rua dormissem e espalhassem sujeira pelo local, mas a perturbação seguiu à luz do dia. Para aumentar a proteção, a comerciante ainda contratou segurança privada:
– A grade impediu que eles entrassem no espaço, mas quando ela não está ali, das 9h às 19h, eles fazem o que querem. Não importa se alguém está olhando ou não, que horas são. É um absurdo não poder contar com o poder público, que não faz nada para nos ajudar, e ainda termos que gastar uma grande quantia sem garantia de proteção. Vamos fazendo a nossa parte.
No final do mês passado, o Pioneiro publicou uma reportagem sobre o cenário de degradação da Avenida Júlio de Castilhos. Na ocasião, o secretário de Segurança Pública, José Francisco Barden da Rosa, afirmou que os 193 servidores da Guarda Municipal não têm condições de trabalhar de forma fixa na Praça Dante ou patrulhando a Júlio, como acontecia antigamente. Mas, a partir deste mês, ações serão realizadas em datas especiais no Centro de Caxias. O projeto iniciou no último sábado, com a operação Calçadas Livres, entre as ruas Feijó Junior e Borges de Medeiros, para inibir o comércio ilegal.
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– Não temos efetivo para atuar todos os dias em áreas específicas, mas vamos estar no Centro em datas especiais, momentos em que as pessoas compram mais e circulam com mais dinheiro. Queremos proteger o cidadão – avisa Barden.