Uma campanha que vem ocupando as redes sociais terá um desfecho feliz. Crisciane Andreatta dos Santos, que dá nome à página no Facebook Crisciane Uma Lição de Vida, aguarda há cerca de seis meses uma cirurgia na coluna para tratamento de uma escoliose, doença que causa a deformação na coluna. Na terça-feira, a mãe dela, Silvia Adriana Andreatta, 45, recebeu a notícia mais esperada nos últimos tempos: devido à gravidade do caso, a cirurgia deve ocorrer entre agosto e setembro, pelo SUS.
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Cris, como é chamada pelos amigos e familiares, completou 12 anos no dia 20 e enfrenta desafios desde os seus primeiros dias de vida: ainda recém-nascida, sofreu uma parada cardiorrespiratória que a deixou com sequelas neurológicas.
Mesmo assim, até seis meses atrás, a menina tinha uma vida normal, dentro das suas possibilidades. A rotina da família mudou quando ela foi diagnosticada com a escoliose. Desde então, os pais lutavam contra o tempo para conseguir a operação com urgência, mesmo que de forma particular – que custa cerca de R$ 130 mil.
A família de Crisciane espera agora que o procedimento ocorra no prazo estipulado pelo SUS. Mesmo com a cirurgia garantida, a família ainda precisará de ajuda para custear o pós-operatório. Silvia e o pai, Alex dos Santos, 35, já promoveram um jantar, um bazar e criaram uma conta em um site de arrecadação on-line (este último recurso deve ser suspenso assim que a cirurgia do SUS for marcada).
Cris, que também é autista, pronuncia poucas palavras e não consegue se movimentar fora da cadeira de rodas. A rotina da menina consiste basicamente em assistir o seu programa favorito, Chaves, e ficar na companhia da mãe e do irmão, Alesson Andreatta, 18. Desde que a família soube que ela havia desenvolvido a escoliose, Silvia deixou de fazer faxinas e se dedica totalmente aos cuidados com a filha, no porão da casa da sogra, no loteamento Vila Amélia.
Apesar de pouco, o dinheiro que Silvia obtinha com o trabalho se somava ao salário do marido, que é taxista, e auxiliava nas despesas da casa. Com apenas uma pessoa trabalhando, a situação financeira ficou mais difícil.
Apesar das dificuldades, mãe serve sopa aos moradores de rua
Apesar orçamento apertado e das despesas geradas pelo tratamento, a solidariedade não sai do vocabulário da família de Crisciane. A filosofia de Silvia e Alex é que mesmo nos momentos mais difíceis é possível ajudar quem precisa. Há cerca de três anos, ela e mais cinco amigas começaram a distribuir sopas para moradores de ruas nas noites de inverno.
Neste ano, apenas a dona de casa dá continuidade ao projeto. Ela conta que até pensou em desistir em vista das dificuldades na preparação do alimento e da doença da filha:
– Na primeira noite de frio desse inverno eu não dormi. Eu fiquei pensando que eles (moradores de rua) estavam me esperando. Resolvi ir sozinha –conta.
Os ingredientes da sopa são comprados nas feirinhas do bairro, por serem mais baratos, e doados por conhecidos. Depois de refogados, os alimentos são passados para caixinhas de leite higienizadas e servidas pelas ruas de Caxias a cada dois dias. A entrega inicia por volta das 22h e só encerra três horas depois.
COMO AJUDAR
::Em forma de depósito na conta 3243-4, agência 3712, operação 013, Caixa Econômica Federal, em nome de Silvia Andreatta.
::Entrando em contato pela página no Facebook Crisciane Uma Lição de Vida. z Com fraldas (Cris usa um pacote diariamente).
:: Alimentos para o sopão distribuído aos moradores de rua também são bem-vindos. Podem ser doados batata, cenoura, moranga, frango, entre outros.
:: Um almoço beneficente no dia 11 de setembro captará mais recursos o tratamento de Crisciane. O evento ocorrerá no salão paroquial do bairro Planalto-Rio Branco. Os ingressos custam R$ 40 e podem ser reservados pelo telefone 9105.7068, com Silvia.
Saúde
Crisciane foi diagnosticada com enterocolite necrosante (inflamação no intestino, comum em recém-nascidos) aos três dias de vida e passou por cirurgia para retirada do órgão. A parada cardiorrespiratória sofrida no mesmo período também deixou sequelas na menina.
Há seis meses, ela desenvolveu uma nova doença, a escoliose progressiva, que provoca a deformação na coluna.