Na tarde deste sábado um grupo de pais que é favorável ao retorno das aulas invadiu a escola estadual Cavalheiro Aristides Germani, em Caxias do Sul. Alunos ficaram feridos e acusam os pais invasores de agressão com marretas e também por depredar a escola. Vidros e correntes foram quebrados e uma porta foi arrombada. Os pais negam que tenham levado marretas e acusam os alunos de terem roubado uma câmera filmadora onde teriam registrado o momento da invasão. A Brigada Militar foi chamada pelos alunos, mas teria se negado a entrar na escola.
Segundo a estudante Verônica Bado, 16 anos, por volta das 15h, um pai teria entrado pela porta da frente, portando uma marreta. Outros seis pais teriam entrado por outro acesso, próximo ao refeitório, abrindo uma das portas com chaves, derrubando outra e agredido alguns dos estudantes com marretas e martelos. Outro aluno diz que um dos pais o ameaçou com um canivete e que o agrediu para se defender.
– A polícia não quis entrar, disseram que se eu quisesse segurança era para eu ir para a minha casa – conta Verônica.
Conforme os alunos, os pais teriam ficado na escola por cerca de uma hora, discutindo e tentando colocá-los para fora. Após o tumulto, o pai de uma das alunas ocupantes, o coordenador de manutenção Jorge Trentin, 45, foi chamado para ajudar a garantir a integridade dos estudantes.
– Vamos estudar alguma forma de reforçar a segurança dos alunos porque eles (os outros pais) ameaçaram que vão retornar. Quem deveria dar o exemplo, veio aqui depredar a escola. Não é com violência que se resolve as coisas, eles tinham um acordo para o reinício das aulas e vieram aqui fazer esse papel, isso não tem explicação – reclamou o homem.
Os pais que invadiram a escola, no entanto, negam que portavam marretas ou que tenham depredado a escola. Segundo o comerciante Adalmir Boff de Moraes, 48 anos, o grupo de pais teria entrado pela porta da frente, que estaria aberta. Eles teriam se unido para permitir que a direção pudesse pegar contas a pagar e outros documentos importantes para a retomada das aulas na segunda-feira. Moraes admite que um dos pais quebrou um cadeado, mas somente para ter acesso à secretaria.
– Fomos expulsos por pessoas desconhecidas, que nem pais de alunos são e por professores do CPERS. Sofremos agressões verbais e físicas e nossa câmera filmadora foi roubada por um aluno. Não tivemos apoio da Brigada Militar nem do Conselho Tutelar. Já perdemos as esperanças, agora não vamos mais atrás, o retorno às aulas vai depender somente do governo e dos órgãos públicos – desabafou.
Tanto os pais que invadiram quanto os alunos ocupantes iriam até a delegacia para registrar ocorrência.
Ocupações
As ocupações de escolas em Caxias do sul iniciaram dia 18 de maio, com o Apolinário. Outras instituições aderiram na sequência. Além do Aristides, o Apolinário segue sem aulas por causa da ocupação. Na EETCS, a ocupação é parcial e há aulas normais. No Cristóvão, onde também há ocupação, aulas começaram a ser retomadas na quarta-feira.