Fechado para visitação pública desde março de 2020, o Zoológico da UCS, em Caxias do Sul, reabriu para a comunidade nesta terça-feira (10). O local foi revitalizado, principalmente nas áreas de passeio e nos recintos que abrigam os cerca de 80 animais de 40 espécies diferentes, entre mamíferos, répteis e aves que estão sob os cuidados da unidade de preservação.
Trinta e três estudantes do 6º, 7º e 8º anos do Cetec Fundamental foram escolhidos para a visitação inaugural. Acompanhados de professores da escola, eles foram recepcionados por monitores da UCS que serão responsáveis por guiar os grupos escolares dentro do zoológico.
Nas explicações, os profissionais repassaram informações sobre o papel dos animais na ecologia, curiosidades de como se alimentam, vivem na natureza, entre outros. Espécies vulneráveis à extinção, como gato-do-mato, e até quase ameaçados, como o gato-maracajá, chamaram mais a atenção dos jovens, assim como as dóceis capivaras, os gambás, gralha-azul, entre outras espécies.
Os animais que integram o plantel do zoológico foram retirados de cativeiros ilegais ou encontrados debilitados, feridos ou órfãos. Muitos são acolhidos de forma permanente, por não terem condições de retornar a uma vida normal nos respectivos habitats, enquanto que outros passam por tratamento e conquistam a reabilitação completa, com condições de retornar à natureza.
Identificação que ajuda na curiosidade
Além de melhorias na estrutura, cada um dos 28 recintos ganhou placas de identificação dos animais, com o nome científico, curiosidades e até um QRCode, que permite saber mais sobre a espécie.
A curiosidade acompanhou o passeio e fez da atividade uma aula a céu aberto.
— Uma das coisas que mais me chamou a atenção hoje foi que a gralha é muito inteligente, ela é da família dos corvos, então consegue se comunicar com eles — conta a estudante Marina Facco, 12 anos, do 6º ano.
Voltar ao zoológico mexeu com a memória afetiva dela.
— Eu vinha aqui com a minha família quando era pequena, comia muito algodão doce e hoje foi uma experiência muito legal reviver isso. Lembro que tinha uma onça aqui, era o meu animal favorito — diz.
Para Miguel Scopel, também de 12 anos, foi a primeira oportunidade de visitar o único zoológico da cidade:
— Nunca tinha vindo aqui, achei muito legal ver os animais, o trabalho dos veterinários em cuidar deles.
Responsável por levar a educação ambiental para a sala de aula, o professor Daniel Reolon celebrou a reabertura do zoológico. Segundo ele, o espaço funciona como uma espécie de santuário de cuidados com a natureza.
— É uma referência como centro de preservação e conservação da fauna. Até o ano de 2100, um terço de todas as espécies do planeta poderá estar em extinção. Temos que, desde já, conservar e educar a população sobre isso. E é aí que entram os zoológicos, para que possamos cuidar dos seres vivos e viver em harmonia — explica Reolon.
O passeio levou cerca de duas horas e se encerrou no serpentário, outra estrutura do zoológico que abriga uma coleção de répteis.
Em dias de semana, o espaço abrirá especialmente para grupos escolares e, aos sábados e domingos, para a comunidade. O passeio permanece gratuito e é necessário agendar para visitar (leia mais abaixo).
Comportamento dos animais serão monitorados
De acordo com o coordenador da Clínica Veterinária e do Jardim Zoológico, Leandro do Monte Ribas, os animais permaneceram sob os cuidados mesmo com o espaço fechado para visitação. O espaço é referência em recuperação e conservação de animais silvestres no Rio Grande do Sul.
Alguns deles, por exemplo, não estão acostumados com a intensa movimentação de pessoas, o que será acompanhado e avaliado pelas equipes.
— O zoo é um laboratório vivo. Vamos trabalhar, num primeiro momento, com um número reduzido de pessoas para fazer essa readaptação — explica Ribas.
A volta das atividades do zoológico marca o início das ações da UCS que buscam fortalecer a educação ambiental e incentivar o envolvimento dos caxienses na manutenção do espaço — chamado de Pró-Fauna Serra.
Custos com a operação chegam a R$ 60 mil
Fechado por conta da pandemia, o zoológico da UCS ficou mais tempo sem receber visitantes devido à necessidade de investimentos na melhoria dos recintos dos animais.
— Fizemos reformas nos espaços e alguns até foram refeitos do zero. Precisamos cumprir a legislação e tudo isso foi feito preservando a segurança e o bem-estar dos animais — destaca o coordenador Leandro do Monte Ribas.
O espaço de 20 mil metros quadrados contou com aportes financeiros da instituição e também de outras frentes, como um valor de R$ 330 mil encaminhado pela promotora Janaína De Carli dos Santos por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta, além de emendas parlamentares.
De acordo com o reitor da UCS, Gelson Leonardo Rech, a operação do zoológico custa, mensalmente, cerca de R$ 60 mil. Apenas R$ 15 mil são destinados para a alimentação dos bichos. Os recursos são custeados pela Fundação Universidade de Caxias do Sul.
Com a reabertura do espaço, a UCS lançou a campanha permanente Abrace Nosso Zoo, que visa arrecadar contribuições de qualquer valor para ajudar nos custos de manutenção do zoológico. As doações podem ser feitas via QR Code e/ou chave Pix, disponíveis no site www.ucs.br/zoo/doe.
A campanha também permite o apadrinhamento dos 28 recintos que abrigam os animais – duas empresas já confirmaram esse apoio, e terão as respectivas marcas expostas junto aos recintos.
Serviço:
O quê: visitação ao UCS Zoo
Quando: sábados e domingos, das 13h às 18h, para o público em geral; terças e quintas-feiras, manhã e tarde, para grupos e escolas. Todos os casos requerem agendamento.
Onde: campus-sede da Universidade de Caxias do Sul
Como agendar: através do site do zoológico, que pode ser acessado clicando aqui.
Quanto: entrada gratuita