O local onde dois homens morreram afogados neste domingo (17), entre Caxias do Sul e São Marcos, oferece, além de bela paisagem, risco de acidentes. As mortes de João Filipe Baptista, 25 anos, e Ernst Saint Jaques, 22, não foram as primeiras a serem registradas ali. Em 2021, de acordo com o Corpo de Bombeiros de São Marcos, outros dois homens perderam a vida ao tentarem nadar no local.
De acordo com o comandante, sargento Júlio Cristiano Santos, ações de prevenção foram promovidas nos últimos dois anos, quando não foram registrados acidentes. No entanto, o calor intenso do último domingo atraiu grande público e abriu de forma antecipada a temporada no local, que é privado e não possui controle de acesso.
— Fomos pegos de surpresa com o calor deste domingo. O pessoal foi em peso para lá. Quando começa a época de verão, fazemos campanhas de prevenção e vamos ao local todos os finais de semana, sempre ao meio-dia e durante a tarde, para um trabalho orientativo e não proibitivo. Vamos ter que antecipar a prevenção, o que também esbarra no efetivo. No domingo, durante a ocorrência, precisamos chamar dois homens de folga para ficar no quartel — explica.
Chamados por volta das 14h, os bombeiros de São Marcos precisaram mergulhar para resgatar o corpo de uma das vítimas. A região onde foi encontrado, segundo Santos, indica que o afogamento ocorreu próximo às pedras:
— O motivo dos afogamentos ali é o desconhecimento do local e o consumo de bebida alcoólica. As vítimas eram religiosas, não bebiam. Um deles foi tentar salvar o primeiro e acabou se afogando também — comenta o sargento Júlio Santos.
Local particular
A 30 quilômetros do centro de Caxias do Sul e a seis da cidade de São Marcos, a cascata tem altura equivalente a um prédio de quatro andares e a queda d’água, que forma uma piscina natural na divisa dos municípios, é acessada por uma trilha curta, mas íngreme.
A proximidade com as cidades justifica o grande público que esteve por lá no último final de semana. Nesta segunda-feira (18), o lixo espalhado pelo local e as dezenas de churrasqueiras com restos de carvão evidenciavam a passagem dos visitantes.
A limpeza é feita por voluntários como Maicon Rodrigues da Silva, 34, que depois de grandes públicos recolhe latas que ficam espalhadas, inclusive dentro do rio. Morador da localidade de São Roque, Silva sabe o perigo que o local oferece.
— É um lugar ótimo pra relaxar, mas uma pena que deixem tanta sujeira, deixam tudo espalhado, restos de comida, plástico, até fralda. A força da água que cai ali te puxa para baixo, tem que ter muito cuidado, eu já entrei com amigos e conheço o perigo, a água é muito forte — diz.
Por se tratar de uma propriedade particular, a prefeitura de São Marcos diz não ter gerência sobre a manutenção do local. De acordo com o prefeito Evandro Kuwer o que se pode fazer é disponibilizar uma lixeira para descarte do lixo e placas informativas sobre o perigo de nadar em cachoeiras:
— Não somos proprietários do terreno, é uma invasão de propriedade, pessoal não tem mais controle. Nosso lado está pavimentado, então tem acesso facilitado. Estamos vendo a possibilidade de colocarmos placas informativas, porque é como qualquer outro rio em que as pessoas acabam entrando.
A pedido do Pioneiro, prefeitura e Corpo de Bombeiros tentaram localizar o proprietário do terreno, para que também fosse ouvido na reportagem. Porém, até a publicação desta matéria, ele não havia sido localizado.