O penúltimo mês do ano sempre costuma registrar um aumento no fluxo de veículos na Rota do Sol, a principal ligação entre a Serra e o Litoral. Até por isso, antes dessa intensificação, a reportagem percorreu a RS-453, a RS-122 e RS-486 (as três rodovias que recebem a denominação de Rota do Sol), para verificar as condições da estrada.
Foram analisados 164 quilômetros que ligam Caxias do Sul a Terra de Areia, do km 69 ao 80 em Caxias do Sul, na RS-122; do km 141 ao 256 da RS-453, entre Caxias e São Francisco de Paula; e do km 0 ao 38 na RS-486, entre São Francisco de Paula e Terra de Areia. A rodovia é administrada pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer).
Abaixo, é possível ver como estão as condições em cinco aspectos: geometria, pavimentação, sinalização, limpeza e serviços.
Geometria
A Rota do Sol é uma rodovia com pista simples e com acostamento para casos de emergência em boa parte do percurso. No entanto, em alguns pontos há a presença de terceiras faixas, o que resulta na perda de acostamento. Isso ocorre principalmente em pontos de aclives e declives, como nos Campos de Cima da Serra.
No percurso há diversos pontos para ultrapassagem, só que os condutores precisam de atenção, pois são de curta extensão, em especial nos dois túneis na RS-486. A descida da Serra tem curvas fechadas em declive. Na pista de subida, no sentido Litoral-Serra, existe terceira faixa. O segmento litorâneo da estrada é praticamente todo plano.
Pavimentação
Em um trajeto de aproximadamente 10 quilômetros que sai do Viaduto Torto pela RS-122 em direção à zona norte de Caxias, não foram percebidos problemas no asfalto. Esse trecho da rodovia é administrado pela concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG). No entanto, no acesso ao bairro Santa Fé, quando a rodovia se torna RS-453 e volta a ser de competência do Daer, é possível perceber pontos com desníveis. Eles são causados, principalmente, por recapeamentos no asfalto. Essa condição segue até as proximidades do entroncamento com a BR-116.
Da saída de Caxias do Sul, próximo à BR-116, até o acesso ao distrito de Fazenda Souza, a Rota do Sol conta com pontos de asfalto desgastado e desníveis. Na divisa com São Francisco de Paula, na localidade de Apanhador, buracos foram tapados com camadas de asfalto, gerando desníveis. Isso também é percebido no acesso a Lajeado Grande.
No trecho de Lajeado Grande a Várzea do Cedro, no entroncamento com a RS-110, que leva a Bom Jesus ou à sede do município de São Francisco de Paula, o asfalto é bom, com poucos buracos e sinalização em boas condições. A situação é semelhante nos quilômetros seguintes, até Tainhas, trecho onde há poucos pontos de desníveis e são raros os buracos.
Já nos primeiros quilômetros da RS-486, no início da descida da Serra do Pinto, os problemas voltam a se intensificar. No km 4 há pontos de desníveis em que o condutor precisa reduzir a velocidade para evitar problemas. Na entrada e saída do túnel Nelson Sbabo, o primeiro na descida da Serra do Pinto, há buracos, e a atenção precisa ser redobrada. Na sequência, em direção a Terra de Areia, há pontos de desníveis e asfalto em condições ruins, ainda que em menor quantidade do que nos quilômetros anteriores.
Sinalização
Em pontos da rodovia é possível perceber que a pintura apresenta sinais de desgastes causados pelo tempo. Ao longo da Rota do Sol, são diversos os problemas com placas. Na saída de Caxias, no distrito de Fazenda Souza, há sinalizações apagadas e sujas. Outro problema é a falta de placas, principalmente informando qual é o quilômetro da rodovia, algo verificado em diversos pontos no percurso Serra-Litoral. Também há placas que foram pichadas.
Ao menos dois pontos da Rota do Sol sofreram com deslizamentos em virtude da tragédia climática de maio. O primeiro é no km 158, na região de Vila Seca, onde a tubulação principal não resistiu aos dias consecutivos de chuva e rompeu. É possível perceber que foi realizado um trabalho inicial de contenção de uma encosta e uma primeira camada de asfalto. No entanto, os motoristas precisam ficar atentos ao passar pelo trecho. O outro é no km 5 da RS-486, na descida da Serra do Pinto, onde a barreira já foi removida.
Limpeza
Sobre a questão da limpeza, não há acúmulos de lixo no decorrer da rodovia. Em um ponto, na saída do túnel Nelson Sbabo, a reportagem encontrou sacolas, garrafas e latinhas de bebidas no chão.
Serviços
A Rota do Sol, entre Caxias e o Litoral, é uma rodovia que não conta com pedágio, por isso, não há serviço próprio de guincho, apenas privados. No percurso entre Serra e Litoral, o policiamento é feito pelos pelotões rodoviários de Farroupilha, Gramado e Torres. O Comando Rodoviário da Brigada Militar conta com um posto permanente no km 251 da RS-453, na localidade de Tainhas, em São Francisco de Paula.
Conforme o comandante do 3º Batalhão Rodoviário da Brigada Militar (BRBM), o major Diego Caetano de Souza, a elevação de efetivo se inicia antes da Operação Golfinho, acompanhando o aumento de usuários na rodovia em direção ao Litoral, em uma ação chamada de "pré-golfinho".
Já o Corpo de Bombeiros Militares estará em dois pontos da rodovia, entre 20 de dezembro e 8 de março, sendo um no acesso a Lajeado Grande e outro no posto do Comando Rodoviário em Tainhas. Aproximadamente 20 militares estarão envolvidos na operação, que contará com um caminhão e uma ambulância. Além disso, o tenente-coronel Márcio Müller Batista, comandante do 5º Batalhão de Bombeiro Militar (5º BBM), ressalta que a ambulância está sempre presente no Lajeado Grande em feriados prolongados.
O que diz o Daer
Via assessoria de imprensa, o Daer informou que ocorreram, recentemente, operações de tapa-buracos e de roçadas ao longo da Rota do Sol, entre a Serra e o Litoral. Além disso, encaminhou nota informando que a rodovia está entre as prioridades do governo do Rio Grande do Sul, mas não detalha o cronograma de obras.
"O Daer informa que a recuperação da Rota do Sol está entre as obras prioritárias em rodovias, contemplada no Plano Rio Grande. A recuperação está na fase de instrução técnica para contratação ainda este ano”, diz a nota.