Quando a Parceiros Voluntários chegou em Caxias do Sul, há 25 anos, a professora de dança Maristela Gadens não pensou duas vezes em se inscrever para fazer parte da entidade. Ela foi, então, a primeira voluntária da Parceiros cadastrada no município, trabalho que exerce até hoje, ensinando aquilo que mais sabe: a dança.
— A dança ajuda a despertar o ânimo, a elevar a autoestima, a vontade e o potencial que existe em cada ser humano. Eu acredito que a vida é uma busca, uma caminhada, e, quando temos a oportunidade de servir, encontramos a oportunidade de aprender e ser feliz — enfatiza a professora, que já exercia o voluntariado em outras entidades antes da Parceiros Voluntários.
Para Maristela, o seu trabalho como voluntária vai muito além. Atuando hoje com grupos de idosos, se dedica a conscientizá-los sobre a importância que tem o cuidado com o corpo e, principalmente, a importância dos bons hábitos.
— Ajudar o próximo faz bem, nos desenvolve como seres humanos, promovendo a solidariedade e a cidadania, que é o mais importante. Além disso, com doação de tempo, a gente contribui para o bem-estar das pessoas, pois, muitas vezes, elas precisam de um sorriso e de uma palavra de incentivo — aconselha.
Fortalecendo a comunidade através da solidariedade
A Parceiros Voluntários é uma organização não governamental (ONG) que celebrou 25 anos em maio. Uma história de muitas conexões entre voluntários, instituições e causas que precisam de apoio. E os números reafirmam a importância da entidade em Caxias do Sul: nestas duas décadas e meia, foram 14,2 mil voluntários atuantes e cerca de 40 mil pessoas beneficiadas.
Criada em Porto Alegre, em 1997, por Maria Elena Pereira Johannpeter, a Parceiros Voluntários tornou-se referência no Brasil. Em Caxias, a entidade se estabeleceu dois anos depois, motivada por um grupo de empresários. Atualmente, são cerca de 4,6 mil voluntários cadastrados.
Conforme Sônia Monegat Terres, presidente da Parceiros Voluntários de Caxias, além de fazer o trabalho de ligação entre voluntários e entidades, o principal foco da organização hoje é o de levar qualificação para as ONGs atendidas, pois, segundo Sônia, muitas delas carecem de profissionalização.
— A Parceiros Voluntários tem um trabalho essencial. E vemos isso em muitos momentos, como esse da enchente no Estado, onde ajudamos os atingidos. Enquanto seres humanos, as pessoas se realizam com isso e saem mais felizes. É uma questão de empatia, de doação — revela a presidente.
Sônia destaca ainda que um dos principais desafios da entidade hoje é fazer com que os voluntários permaneçam ativos, tendo em vista que muitos têm as respectivas profissões e, por vezes, acabam atuando apenas em situações pontuais. Segundo a presidente, o trabalho segue com o objetivo de sensibilizar as pessoas da necessidade e da responsabilidade da comunidade.
Iniciativas que trilham caminhos
O trabalho da Parceiros Voluntários é alicerçado em três eixos. Um deles é o voluntário que passa por uma triagem e, conforme seu perfil, é encaminhado para uma ONG específica. O outro são empresas que formam um grupo de voluntários, que podem atuar internamente ou na comunidade. E, no terceiro eixo, as ONGs que precisam de doações ou treinamento e solicitam o apoio da Parceiros Voluntários.
Segundo a coordenadora de Projetos Sociais, Márcia Gonçalves, outra ação de grande importância da Parceiros Voluntários é o projeto Tribos nas Trilhas da Cidadania, maior movimento de voluntariado infanto-juvenil do Brasil, e que já mobilizou cerca de 4,5 mil estudantes em Caxias do Sul.
— Dentro das escolas, os estudantes formam grupos de voluntariado. E é para todas as escolas municipais, estaduais e particulares. Cada uma, dentro da sua estrutura e do que consegue atender, faz projetos e atua na comunidade. Desde o início do projeto já tivemos a participação de mais de 200 escolas em Caxias — enfatiza Márcia.
E foi através do projeto Tribos que Manuela Libardi, então estudante do Ensino Médio da Escola Estadual Técnica de Caxias do Sul (Eetcs), conheceu o trabalho da Parceiros Voluntários. Foi paixão à primeira vista. Hoje, a estudante de Psicologia da Universidade de Caxias do Sul (UCS) é responsável pelos programas de voluntariado da entidade.
Motivada desde criança a exercer o voluntariado, Manuela e a irmã acompanhavam a mãe em distribuição de sopas para moradores de rua e em visitas ao Lar da Velhice. O maior ensinamento repassado pelos pais, segundo ela, foi o de sempre tratar as pessoas com respeito e carinho.
— Para mim, a Parceiros Voluntários significa amor. Eu amadureci muito estando aqui, não só como profissional, mas como pessoa também — orgulha-se Manuela.
Uma parceira na luta contra o câncer
A Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) é uma das 125 instituições socioassistenciais atendidas pela Parceiros Voluntários. Desde 2005 dá assistência a usuários de 49 municípios. A entidade possui 540 cadastros ativos, realizando em torno de 3 mil atendimentos por mês. Em Caxias, são 14 quartos e 28 acomodações para pacientes que estão em tratamento oncológico e para o acompanhante.
Conforme Micaela Martins, assistente social da Aapecan, a unidade de Caxias do Sul conta com 19 voluntários que atuam de diversas formas, seja fazendo cortes de cabelo, manicure, sessões de reiki e pilates, além de oficinas de pintura, costura e artesanato.
— A Parceiros também nos ajuda com a capacitação dos nossos profissionais. Eles são fundamentais e de extrema importância. E nós preservamos e queremos sempre manter esse vínculo — destaca Micaela.
A missão de ajudar
Marinei Ribeiro de Souza, 54 anos, recebeu o diagnóstico de câncer de medula óssea em 2020. De lá para cá, enfrenta uma batalha. Durante o tratamento, conheceu a Aapecan, que a ajudou fornecendo os medicamentos dos quais precisava.
Após o transplante e a cura, Marinei conta que descobriu que sua missão também era a de ajudar outras pessoas.
No ano passado, fez um curso em que aprendeu a fazer tranças. Hoje, atua como voluntária no dia da beleza da Aapecan. Após se inscrever na Parceiros Voluntários, foi indicada para atuar também no Lar da Velhice São Francisco de Assis.
— Hoje eu levo para as pessoas uma palavra de carinho, um abraço. Pela minha fé, eu entendi que meu objetivo é ajudar as pessoas — finaliza.