Os setores de Comércio e da Agricultura de Caxias do Sul estão otimistas e estratégicos para a temporada de inverno deste ano, que começa oficialmente às 17h51min desta quinta-feira (20). Apesar das temperaturas estarem mais elevadas do que o esperado para o mês de junho, a expectativa de meteorologistas é de que a estação mais fria do ano no Estado seja de chuva dentro da normalidade e frio potencializado pelo fenômeno climático La Niña.
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Caxias do Sul (Sindilojas), Rossano Boff, os estoques estão abastecidos para o inverno e os lojistas se preparam anualmente para enfrentar as possíveis mudanças do tempo. Conforme Boff, como a estação ainda está começando, não é possível estimar qual será o comportamento do comércio, mas há uma expectativa positiva para as vendas.
— O inverno é uma época em que é feito um preparo, porque é um período de vendas mais expressivas. Porém, sempre há mudanças climáticas repentinas e o nosso lojista já está preparado e com estoque. Entretanto, todo lojista tem um bom sistema de gestão e controle de estoque, ou seja, ele vai atender os consumidores tanto no caso de uma temperatura mais baixa quanto de uma temperatura mais elevada para o período de inverno — pontua Boff.
Segundo a vice-presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul, Idalice Manchini, os lojistas do município enfrentaram quedas de vendas durante o período de chuva de maio, que atingiu todo o Rio Grande do Sul. Entretanto, estratégias podem ser tomadas para recuperar o movimento.
— A estação de inverno dos lojistas começa em março, com a chegada das coleções. E em março teve uma boa venda, abril foi mais quente e maio teve a chuva, que retraiu consideravelmente as vendas e vimos uma média de 15% a menos de comercialização. Para enfrentar esse cenário, os lojistas fazem promoções pontuais para atrair os clientes e movimentar os estoques já adquiridos para a estação — analisa Idalice.
O caso de promoções estratégicas é adotado pela empresária Márcia Costa, fundadora da Drops de Menta, que tem 12 lojas de vestuário no Estado. Segundo ela, é preciso saber criar conexões com os consumidores e oferecer coleções versáteis que podem ser ajustadas e oferecidas conforme o clima.
— Temos clientes buscando roupas de inverno e trabalhamos para fazer algumas ofertas, como outlets, descontos em malha, quinzena dos casacos e quinzena das malhas. São diferentes tipos de estratégias para que essas ofertas atraiam e os clientes estejam conosco. Cerca de 80% dos nossos produtos são da nossa própria marca, confeccionados no Rio Grande do Sul, e isso ajuda a nossa economia local. Temos uma expectativa positiva para este inverno, apesar de ser um cenário desafiante, é preciso pensar no que o cliente precisa — conta a empresária.
De acordo com Márcia, as estratégias adotadas são aplicadas de diferentes formas, utilizando a tecnologia à disposição para mostrar as peças e atrair clientes que podem não conhecer a marca. Pelas redes sociais é possível assistir a lives, conhecer novas coleções, saber das promoções, eventos e ativações da loja de acordo com a estação do momento.
— Cada dia mais o empresário tem que se adaptar ao que o clima está mostrando no momento. Para atrair e acompanhar as mudanças, nós desenvolvemos coleções versáteis de acordo com o que ele vai precisar naquele momento e deixamos as vitrines de acordo com o clima que está fazendo lá fora. Buscamos também não nos abalar com toda a situação difícil da chuva porque é fomentando a economia que o nosso Rio Grande vai voltar a crescer e se desenvolver, é nossa responsabilidade fazer girar essa economia e fazer com que o nosso Estado prospere como ele sempre fez — afirma Márcia.
Expectativa para a agricultura
Enquanto o comércio se prepara com estratégias flexíveis e promocionais para atrair clientes, o setor agrícola aguarda com cautela a chegada do inverno, esperando que as temperaturas sejam suficientes para garantir uma boa safra. Em ambos os setores, a adaptação às condições climáticas incertas é fundamental para o sucesso econômico e produtivo de Caxias do Sul neste ano.
De acordo com o secretário municipal de Agricultura, Valmir Antonio Susin, caso o inverno não seja rigoroso, o setor de fruticultura, principalmente o caso da uva, pode contribuir para aumentar os valores de perdas no setor, que foi potencialmente impactado pela chuva do mês de maio.
— Nós sempre temos uma produção melhor de fruticultura quando tem um inverno rigoroso porque gastamos com menos insumos, menos pesticidas para tratar, e as frutas se desenvolvem melhor. Para a nossa região, o frio é muito necessário para a produção. Caso o inverno não seja não frio, a planta brota fora de época e acaba não produzindo frutos de boa qualidade, além de produzir menos — afirma Susin.
Apesar da apreensão, como a estação mais fria do ano está começando, a expectativa para o setor agrícola também é positiva. Conforme o secretário, os danos causados pela chuva de maio estão sendo contabilizados, mas é possível esperar que as baixas temperaturas do inverno contribuam para a retomada das safras.
Temperaturas baixas na Serra
A expectativa da Climatempo é que a transição para o La Niña faça o inverno gaúcho ser mais frio em algumas regiões, além de mais seco em comparação com o outono.
— Julho e agosto deverão ser os meses com menor temperatura por conta do ingresso de frentes frias. Não se descarta neve em pontos altos da Serra e geada tardia no segundo semestre. Esse inverno será mais frio na comparação com o ano passado — afirma Murilo Lopes, meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
A temperatura mais baixa é esperada para Serra, Região Metropolitana e Campanha, onde a média dos registros máximos varia entre 18°C e 20°C. Pontos do Extremo-Sul e Campos de Cima da Serra são os com a menor climatologia no período – entre 16°C e 18°C. Centro, Noroeste e Norte costumam ter máximas médias entre 18°C e 20°C. Áreas do Sul e Oeste devem ter temperatura abaixo da média entre julho e agosto por conta da frequente chegada de ar frio polar à região.