Foram assinados na manhã desta terça-feira (4) o contrato e a ordem de serviço para a construção de nova ponte sobre o Rio Caí, na BR-116, entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis. O aval foi concedido pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, em solenidade no local onde acontecerão as obras. Um pilar central da estrutura antiga cedeu em 12 de maio, com a força da água do rio, e desde então o trânsito de veículos no km 174 da rodovia federal está interrompido.
A construtora Cidade foi escolhida, na última sexta-feira (31), para elaborar o projeto executivo, demolir a estrutura atual danificada e construir a nova ponte. Pelos serviços, que têm prazo de execução de até oito meses, a empresa receberá R$ 31 milhões. Entretanto, a intenção do ministro é antecipar a entrega.
— O prazo contratual é de oito meses, mas espero entregar antes de seis meses. Nós esperamos trabalhar nos três expedientes (manhã, tarde e noite) para entregar o quanto antes essa infraestrutura restabelecida para as pessoas. O contrato vai refletir isso. Eu vou fazer um convite à empresa para entrar para a história. Nós vamos construir um cronograma para a gente entregar essa ponte como a entrega mais rápida de toda essa reconstrução nas obras de grande porte. Será um fato histórico fazer uma entrega em tempo recorde — enfatiza Renan Filho.
Aproveitando a visita na região, o ministro vistoriou a instalação de uma ponte provisória para retomar a travessia do rio. A estrutura, que é de metal e será instalada pelo Exército, exige cinco carretas para ser transportada. Nos últimos dias, equipes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) trabalharam na construção das cabeceiras para receber a estrutura, numa área distante cerca de dois quilômetros da rodovia federal, numa espécie de desvio.
— A gente acredita que, estando a cabeceira pronta no começo da semana que vem, em 15 dias no máximo a gente estará com ela funcionando — projeta o ministro.
BR-470 próxima de ser liberada
Em coletiva de imprensa, o titular dos Transportes atualizou a situação da BR-470. Neste momento, a rodovia tem cinco pontos de bloqueio, três que estão mais próximos de serem liberados e outros dois mais complexos. A previsão é que o tráfego de veículos leves seja autorizado na estrada entre Bento Gonçalves e Veranópolis ainda em junho. As equipes do Dnit já conseguiram acessar todos os pontos da rodovia, mas ainda há trechos com deslizamentos de pedras que dificultam a liberação do fluxo. Além disso, a Ponte Ernesto Dornelles sobre o Rio das Antas terá que passar por uma avaliação.
— (A ponte) Não tem avaria evidente, mas ela vai ser avaliada com o devido rigor técnico. É uma ponte antiga. Ela teve as duas cabeceiras duramente avariadas, inclusive numa delas formou-se uma cachoeira, na região que levou aquele restaurante. Então a ponte está sendo avaliada. A gente espera que seja liberada sem maiores traumas, entretanto precisa ter uma liberação técnica. Nas cabeceiras estamos trabalhando bem, nós já limpamos toda a região. Tendo autorização técnica, ela (ponte) vai ser liberada em breve — destaca o ministro.
Em rodovias federais, conforme Renan Filho, são seis pontos de bloqueio em todo o Estado, e todos na Serra. Além dos cinco na BR-470, há ainda a interrupção justamente na ponte entre Caxias e Nova Petrópolis. Em todo o Rio Grande do Sul, esse número de bloqueios em rodovias federais já chegou a 120.
Investimentos na contenção de encostas
Praticamente toda a destruição observada nas rodovias da Serra foi ocasionada pelo deslizamento de encostas. Com o volume excessivo de chuvas, o solo fica encharcado e cede, ocasionando a queda de uma grande quantidade de pedras, terra e até árvores em cima das estradas. A principal solução para evitar este problema que causa bloqueios nas estradas, e que eventualmente pode até destruir casas e atingir pessoas, é fazer obras de contenção de encostas — que são complexas e caras.
Entretanto, de acordo com o ministro, há uma disponibilidade do governo federal em utilizar boa parte dos R$ 1,2 bilhão liberados ao Dnit para obras neste sentido na Serra.
— A maior parte dos recursos será para reconstrução de escoramento de encostas. Passada a emergência e liberados todos os pontos, nós vamos voltar aqui para fazer uma apresentação das obras propriamente ditas que estão sendo projetadas ainda. Eu não tenho como dizer ainda exatamente para onde vai o recurso. Ao descer a BR-116, passando ali por Galópolis, a gente já observa uma das equipes, da gerenciadora e da elaboradora de projetos, fazendo o projeto na região que vai permitir a reconstrução da pista e a construção do escoramento da encosta — afirma Renan, que garantiu a elaboração de projetos adequados para a região:
— A encosta é uma obra complexa que precisa ser feita dentro de norma técnica. Nós estamos desenvolvendo projetos adequados ao que aconteceu nesse momento. E só a partir daí nós vamos poder dar o prazo, o tipo da solução, porque cada encosta tem um tipo de solução também, e qual o custo das obras. Mas o fato é que nós estamos preparados para fazer investimentos nessa região do Estado como nunca antes foram vistos por aqui — finaliza.
Ponte pode se tornar ponto turístico
De acordo com o ministro, a nova ponte será elevada em um metro em relação a atual e mais extensa, inclusive com acostamento, e também será construída com menos pilares na água. Uma ideia que está sendo articulada é a inclusão de esperas no projeto para a construção futura de algum monumento ou estrutura que funcione como ponto turístico, além da ponte em si.
Segundo o prefeito de Nova Petrópolis, Jorge Darlei Wolf, a intenção neste momento é construir alguma homenagem que remeta às celebrações de 150 anos da imigração italiana e dos 200 anos da imigração alemã no Rio Grande do Sul. A homenagem seria feita justamente por a ponte unir as cidades de Caxias, que tem cultura italiana, e Nova Petrópolis, que é berço germânico.
— Pela importância que têm essas duas riquezas culturais, achamos interessante pensarmos em um marco, já que a ponte vai ser reconstruída. Estamos inclusive envolvendo arquitetos e engenheiros da cidade de Gramado, e estamos lançando ideias e vendo a possibilidade de, num futuro próximo, quem sabe lá na frente, depois da construção da ponte, fazer algo em homenagem a essas duas colonizações — idealiza o prefeito.
A proposta foi bem recebida pelo ministro Renan Filho, que garantiu ser parceiro para transformar a ponte em um novo ponto turístico da região:
— Nós vamos preparar a ponte para garantir, eventualmente, pelas condições turísticas da região, que ela receba depois outros investimentos para também virar um ponto turístico onde as pessoas possam fazer fotografias. Tudo o que aconteceu aqui foi duro, mas não conseguiu tirar a beleza dessa região, que é uma das mais bonitas do país.