Não foi a primeira vez que ocorreu, mas o tremor de terra registrado em Caxias do Sul (RS) na madrugada desta segunda-feira (13) trouxe uma preocupação extra à população. O momento pelo qual passa a cidade, com muita chuva e problemas em encostas, fez com que as pessoas associassem as duas situações, temendo a possibilidade de danos mais amplos.
No entanto, um dos maiores estudiosos do tema na cidade descarta relação entre os dois fenômenos. Ouvido em entrevista na manhã desta segunda na Gaúcha Serra 102.7 FM, o geólogo Nerio Susin, ex-secretário de Meio Ambiente do município, coloca esta última ocorrência como mais um episódio da série de tremores registrados nas últimas décadas em Caxias do Sul.
Segundo ele, esta é uma situação recorrente, mas que nunca apresentou um perigo real. Inclusive, após uma série de registros entre 2007 e 2008, foi providenciada a instalação de equipamentos para medir as vibrações na região, e todas as ocorrências, mesmo as mais fortes, que também assustaram a população à época, não chegaram ao nível 4 da Escala Richter, medição padrão para analisar a força de tremores.
Nerio ressalta que esse patamar provoca, na pior das hipóteses, apenas pequenos danos materiais em estruturas, como queda de rebocos, mas sem trazer riscos maiores. Ele explica que já foram identificados há alguns anos algumas características geológicas da cidade, que facilitam a ocorrência deste tipo de fenômeno.
—Existe uma grande estrutura de rompimento geológica (no subsolo), mas isso é um medido em tempos geológicos. Ela cruza a cidade no sentido sudoeste – nordeste, e nos bairros que foi relatado não existe nenhuma anotação de existência de fases. É o caso do Jardim América e do Madureira, que são áreas mais elevadas. A estrutura de rochas que existem no substrato é um pacote enorme de rochas basálticas, que transmitem a vibração com mais facilidade do que se você tivesse uma sequência sedimentar. Mas volto a colocar: nunca se mediu qualquer coisa que pudesse causar danos — informa o geólogo.
A possibilidade de relação com as fortes chuvas também é descartada pelo especialista. Mesmo entendendo o temor com a situação geral e a associação lógica entre os dois fenômenos, ele tranquiliza a população, e afirma que não há conexão visível entre eles:
— Posso até ser categórico nessa situação, que não. A chuva não vai ser um fenômeno indutor desses movimentos. Eu acredito, e aí é crença, não é um estudo técnico-científico, que eles estão relacionados a outras situações, e não com a chuva. E volto a colocar: não existe perigo, e nunca existiu qualquer indício que colocasse em risco estruturas de residências a ponto de causar ou aumentar essa tragédia que a gente já está vivendo.