A temperatura marcava 7°C pouco antes do horário da Missa Solene, às 10h30min, no Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio, em Farroupilha. A manhã deste domingo (26) frio, com garoa e muito vento também foi marcado pelo baixo fluxo de fieis. O Santuário não divulgou número de romeiros que participaram das celebrações. Durante a tarde a movimentação foi maior no local.
Pela manhã, no caminho entre Caxias do Sul e Farroupilha, pequenos grupos e poucas duplas eram vistos na Estrada dos Romeiros. Aqueles que chegaram ao Santuário para a principal celebração da manhã, às 10h30min, faziam fila para ter um momento frente a frente com a santa.
Dentro da igreja, o bispo Dom José Gislon conduziu a Missa Solene para um público que lotou o espaço. Muitos se acomodaram próximo das portas para ouvir a oração. De lá, o religioso falou aos fieis sobre a devoção em tempos de dificuldade que o Rio Grande do Sul passa e sobre a missão de ser peregrino nesse contexto.
— Quem é romeiro, precisa se adaptar ao caminho que se apresenta.
A fala de Dom José Gislon, uma mensagem para quem enfrenta os desafios de um Estado assolado pela chuva, também falou diretamente com todos os fiéis que aceitaram o desafio de caminhar pelo menos 18 quilômetros a mais para chegar ao Santuário. Entre aqueles que enfrentaram o clima rigoroso e o longo percurso, o cansaço era unânime. Ao mesmo tempo, a satisfação de ter chegado até o Santuário transparecia no semblante.
"Foi mais desafiador que nos outros anos", diz romeiro
Os amigos que residem no bairro Santa Fé, em Caxias do Sul, Douglas Gomes da Silva, 38 anos, Janaína Araújo dos Santos, 32, Luciana Malcorra, 38 e Andrigo Belin, 39, não hesitaram em manter a tradição de peregrinar no 26 de maio.
— Saímos de Caxias do Sul às 6h30min. Passamos pelo desvio e caminhamos umas quatro horas até chegar aqui (em Farroupilha). Foi mais desafiador que nos outros anos, bem mais cansativo, a gente já estava acostumado com o outro caminho, mas estamos aqui para pedir a santinha que ajude nosso Estado e nos dê saúde para auxiliar quem precisa — explica Douglas.
"O cansaço foi grande", diz Camile, em sua primeira romaria
De Garibaldi, o casal Camile Milan, 35 e Rafael Buriol, 36, participaram pela primeira vez da romaria como peregrinos. Ao todo, foram 21 quilômetros percorridos para pagar uma promessa e agradecer.
— O cansaço foi grande, mais do que a gente esperava! Mas além da promessa, também precisávamos expressar gratidão por estarmos bem e em segurança diante de tudo que aconteceu no nosso Estado — conta Camile.
"Decidimos vir de carro", conta caxiense
Por outro lado, a mudança de roteiro da Estrada dos Romeiros também fez com que muitas pessoas adaptassem a tradição para se fazer presente no domingo. O casal Bárbara Boff, 31 e Luiz Fernando Comdulli, 41, que moram em Caxias, conta que pela primeira vez optou ir de automóvel até Caravaggio.
— O desvio aumentou bastante o percurso e como o clima também estava chuvoso, decidimos vir de carro até aqui. Há anos participamos das celebrações, hoje (domingo) estamos em oração por todos que passam pela difícil situação no nosso Estado – explica Luiz Fernando.
Maior movimento à tarde
Próximo ao meio-dia, tímidos raios de sol começaram a surgir entre as nuvens. Com a temperatura pouco mais alta, cerca de 12ºC, muitos romeiros se sentiram à vontade para pegar a estrada. Ao longo da tarde o fluxo de pessoas se intensificou. Próximo das 15h30min, o trânsito de veículos registrou congestionamento na entrada do Santuário. A fila de carros se estendia até a rótula que tem a estátua da santa, na RS-453.