A Usina Hidrelétrica (UHE) 14 de Julho, entre Bento Gonçalves e Cotiporã, rompeu parcialmente no início da tarde desta quinta-feira (2). De acordo com a Companhia Energética Rio das Antas (Ceran), o trecho direito da barragem colapsou por conta do aumento de vazão do rio e da forte chuva que atinge a Serra desde segunda (29). Já na quarta (1º), a Defesa Civil recebeu o alerta para iniciar o protocolo de segurança de evacuação dos moradores próximos à estrutura.
No antes e depois, pode-se comparar como estava a usina hidrelétrica em setembro do ano passado e como ela está nesta quinta. A foto do ano passado foi feita após as enchentes, quando o rio já normalizava o nível. Já a atual mostra a água praticamente escondendo estruturas da barragem, inclusive onde ocorreu o rompimento. A parte que colapsou está do lado de Cotiporã. Durante a madrugada, o nível do rio chegou a ultrapassar os 23 metros.
Instalada entre os dois municípios da Serra, a barragem 14 de Julho opera desde 2008. A potência instalada é de 100 MW. No último levantamento divulgado, em 2022, a estrutura havia gerado 369 mil MW/h.
Como funciona o complexo de barragens na Serra
A Ceran administra três barragens na Serra. Além da 14 de Julho, ainda há as usinas Monte Claro e Castro Alves. Todas as estruturas estão localizadas entre Nova Roma do Sul e Cotiporã. Elas geram energia para Antônio Prado, Bento Gonçalves, Pinto Bandeira, Cotiporã, Flores da Cunha, Nova Pádua, Nova Roma do Sul, Pinto Bandeira e Veranópolis, Carlos Barbosa, Caxias do Sul e Farroupilha. São mais de 650 mil famílias atendidas na região.
As hidrelétricas da Ceran foram construídas para operar sob o modelo a fio d'água, que utiliza a força da correnteza do Rio das Antas para gerar energia. Isso significa que a usina funciona sem precisar estocar água, diferentemente das hidrelétricas tradicionais, que necessitam que grandes áreas sejam alagadas para garantir a produção energética.
As três estruturas estão em ordem no Rio das Antas, iniciando pela Castro Alves e terminando na usina hidrelétrica 14 de Julho.
Todas as usinas, conforme explicado pela Ceran, devem ter o Plano de Ação de Emergência (PAE). O protocolo define medidas em caso de rompimento da barragem, como ocorreu nesta quinta. De acordo com a concessionária, o plano de segurança foi iniciado na quarta. Ele orienta para uma evacuação, contando com sistema de alertas e sirenes.