Estrada de chão, pedras, buracos e risco para moradores e condutores. Essa é a realidade de um trecho de aproximadamente 500 metros do Travessão Leopoldina, no bairro São Cristóvão, em Caxias do Sul. Uma via que também passa pelo bairro Serrano, com a situação mais delicada entre as ruas Deputado Nadyr Rossetti e Nilo Peçanha. Com uma subida íngreme, curva acentuada e buracos, os problemas são constantes. Não são raros os veículos que derrapam e caem às margens da rua.
Só que chama atenção de quem trafega pelo local que praticamente todo o Travessão Leopoldina conta com asfalto ou paralelepípedo. Quem chega pela Rua Ildo Antônio Baldi e dobra à esquerda, rumo à Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Marianinha de Queiroz, percebe que o trajeto está em boas condições. No entanto, se dobrar à direita, assim que passa pela Nadyr Rossetti, a estrada de chão começa.
Moradora do Travessão Leopoldina há sete anos, Rosivânea Sguaisser Rech, 55 anos, disse que quando escuta o barulho de um carro derrapando do cascalho, fica com medo de que possa adentrar o seu terreno, como já ocorreu em algumas oportunidades. Na situação mais recente, até mesmo o guincho teve dificuldades para retirar um carro de aplicativo que não venceu a subida.
Outra situação descrita por Rosivânea é o movimento de crianças e a falta de segurança da rua. Próximo da Escola Marianinha de Queiroz, é comum que os estudantes utilizem o Travessão para retornar para casa. A via também é uma opção para trabalhadores de empresas da região na busca por evitar maiores congestionamentos.
— Os carros tentam desviar por aqui para evitar o fluxo da BR (116). Imagina o risco dessas crianças subindo o morro e os carros subindo ou tentando descer — relatou a moradora, de forma preocupada.
A moradora ainda descreveu que agora os motoristas de aplicativo têm cancelado as corridas na região por não conseguirem subir o morro. Rosivânea, que tem diabetes, adquiriu recentemente uma bactéria que a impede de ter contato com o pó deixado pela rua. Por isso, está sempre com uma meia e uma sandália para proteção.
— Nós fomos esquecidos. E, a minha condição em função dessa bactéria, me levou ao extremo, de não suportar mais. Pensa em rua abandonada, é a nossa, completamente esquecida — lamentou.
O professor Diego Sguaisser Rech, 34, filho de Rosivânea, descreveu à reportagem que por inúmeras vezes já auxiliou motoristas que não conseguiram subir o morro e acabaram caindo às margens da rua. Para ele, poderia ser uma boa opção para desafogar o trânsito.
— Faria sentido o pessoal da região subir por aqui, só que precisa ter condições de tráfego, se não tiver, não tem como (passar) — descreveu o professor.
De acordo com a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Smosp), o serviço de patrolamento para melhorar as condições do Travessão Leopoldina segue sendo realizado. Via assessoria de imprensa, a pasta informou que esse trabalho segue um cronograma, que muitas vezes é organizado pela subprefeitura de Ana Rech. Da mesma forma, orienta que os moradores podem fazer solicitações via Alô Caxias para que a demanda seja resolvida de uma forma mais rápida.
Trecho não tem rede de esgoto
O casal Dalva e Celso Zanotto, moradores do Travessão Leopoldina há mais de 30 anos, destacaram outro problema da rua. Segundo eles, em dias de chuva, as águas acabam escorrendo pela rua e entrando na casa deles, que fica na esquina com a Nadyr Rossetti. Isso ocorre porque o local não conta com rede de esgoto.
A instalação de rede de drenagem pluvial é obrigação da Smosp. No entanto, conforme informado pela pasta, é inviável fazer esse tipo de implementação por se tratar de uma estrada de chão. Ainda assim, durante os trabalhos de manutenção da rua, a patrola acaba criando valas nas laterais para auxiliar no escoamento da água da chuva.
Já a assessoria de imprensa do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), disse que a autarquia é responsável pelos encanamentos que entram e saem das residências. Esse trecho do Travessão ainda não tem rede separadora absoluta, e a instalação será abrangida pelo projeto do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) Espelho, a ser implantado nos próximos anos, e que busca atingir as metas do marco até 2033.
Os moradores ainda manifestaram problemas com a coleta de lixo na região. Procurada pela reportagem, a Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca) disse que há uma placa no entroncamento com a Rua Nadyr Rossetti que proíbe a passagem de caminhões acima de sete toneladas. Mas, como se trata de se um serviço essencial, o trabalho é realizado normalmente, com resíduos orgânicos sendo coletados nas terças, quintas e sábados à noite, e os seletivos nas quartas e sábados pela manhã.
O que diz a prefeitura sobre o caso
Conforme informado pela prefeitura, os loteamentos estão embargados em processos de regularização fundiária. No entanto, o Travessão Leopoldina é uma via pública e não entra nesse processo.
Dessa forma, de acordo com a administração municipal, os moradores deveriam abrir um protocolo para fazer a manifestação do interesse da comunidade pela pavimentação comunitária, que posteriormente passará por um processo de análise, realização de um projeto e execução. A pavimentação comunitária é paga parte pelo poder municipal e parte pelos moradores. Ainda assim, não há na Smosp nenhum protocolo referente a essa pavimentação no Travessão.