Respeitar os princípios da própria marca, acreditar nos valores dela, agir com coerência e saber do poder da influência de cada um dentro e fora do ambiente profissional são alguns dos pontos que Arthur Bender, criador do conceito personal branding no Brasil, exibe em Caxias do Sul nesta quarta-feira (29). Com 38 anos de carreira, o profissional contribuiu com o planejamento de marca pessoal de empresas como Gerdau, Marcopolo e Telefônica de Madri, e conversa com associados da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) no Tri Hotel Executive.
Na palestra que fará para associados da CDL, a partir das 19h30min, o profissional fala sobre "Liderança, reputação e destino: a sua marca torna você previsível". As vagas para participar do evento são limitadas e as inscrições podem ser feitas pelo Portal do Associado.
Bender é autor de três livros, Personal Branding, Paixão e Significado da Marca e Autenticidade. Autor, escritor, professor e palestrante, Bender defende conceitos dentro da construção da marca pessoal de cada indivíduo e nesta entrevista fala sobre a importância do desenvolvimento para o ambiente profissional. Confira:
Como você explica o conceito de personal branding?
O personal branding é um conceito onde é necessário cada um se assumir como um empreendimento. Cada um tem um plano para si mesmo e ninguém nasceu para dar errado na vida. Esse empreendimento, que é o indivíduo, nasceu para dar certo. Isso quer dizer que cada um como um negócio por si mesmo precisa de um plano para cuidar da própria imagem e marca. Ou seja, nossas experiências, palavras e até mesmo as publicações que fazemos nas redes, geram impacto e conexão com as pessoas. Tudo isso impacta tanto a vida profissional quanto a pessoal. Então, não tem como eu ser o dono da loja em horário comercial e fora dela agir como se não fosse. Hoje em dia está tudo conectado e as pessoas sabem que, tanto no horário comercial quanto fora, eu sou dono daquela loja. Por isso é necessário saber qual imagem mostrar para atrair colaboradores e consumidores, que estejam alinhados com a minha marca e com a minha imagem.
Como aplicar o conceito dentro das empresas?
Autoconhecimento é o ponto de partida. Conhecer as próprias forças, competências, fragilidades e valores é fundamental para desenvolver um plano pessoal. A partir desse autoconhecimento, o indivíduo começa a estabelecer metas, objetivos e um posicionamento claro. É necessário ser reconhecido pelos valores corretos e de ter uma imagem condizente com o projeto de vida. O posicionamento é uma intenção para o futuro, influenciando significativamente nas vidas das pessoas. A ideia é que muitas vezes, por falta dessa consciência, as pessoas cometem erros de imagem que prejudicam a si mesmas e as próprias empresas. E é fato que empresas geniais, com fama de geniais, atraem pessoas geniais. As pessoas querem estar em uma organização com valores em que elas acreditam. Agora, é fato que o contrário também é verdadeiro. Empresas medíocres atraem pessoas medíocres. Por isso aplicar o personal branding nas empresas envolve um processo consciente de autoconhecimento, definição de valores e ações que estejam alinhadas com a imagem desejada para construir uma reputação sólida e positiva.
No caso da Serra, onde as empresas são familiares, com anos de mercado e já estão estabelecidas com clientes que conhecem as marcas, como o conceito funciona?
É crucial dar um rosto humano à empresa. Isso envolve tornar explícitos os valores e princípios, destacando o que a empresa pensa. Independentemente do porte da empresa, dar um rosto humano à marca é essencial para gerar conexão com as pessoas. Isso vai além de ser apenas uma pequena loja com nome e marca próprios, é sobre atribuir um significado maior do que apenas vender produtos. No contexto de empresas tradicionais e familiares, isso pode ser alcançado destacando a história, os valores e os princípios da organização desde que ela foi fundada. Enquanto produtos, design e preços podem ser copiados, o significado associado à marca é único e não pode ser replicado. Então, destacar essa história, os valores e o propósito da empresa cria uma conexão emocional com os clientes, permitindo que eles se identifiquem com algo mais profundo do que apenas os produtos ou serviços oferecidos. Essa abordagem pode fortalecer a lealdade do cliente em empresas já consolidadas no mercado.
De que forma manter essa identidade dos fundadores, o rosto humano da empresa, seguindo os avanços tecnológicos e, também, respeitando as mudanças corporativas que ocorrem naturalmente ao longo dos anos?
É preciso equilibrar a coerência com essa evolução. A confiança dos consumidores, que é essencial para a reputação, exige consistência com princípios e valores, mas isso não significa permanecer inalterado ao longo do tempo. A evolução da tecnologia e as mudanças no mundo exigem uma adaptação sem fugir da identidade da marca. O exemplo da empresa Randon aí na Serra ilustra a ideia de manter princípios sólidos, transmitidos desde o fundador Raul Randon, ao mesmo tempo em que incorpora a visão e inovação de figuras como o Daniel Randon. Isso permite que a empresa evolua, adote tecnologias e acompanhe as tendências do mercado sem perder a ligação com os valores fundamentais, adotados desde o início. Manter uma identidade consistente envolve garantir que as palavras do presidente ou dono estejam alinhadas com as práticas e valores observados dentro da organização, criando e mantendo essa conexão genuína entre a marca e os consumidores.