A fila para cambalhota na aula de Educação Física da Escola Especial Dr. Henrique Ordovás Filho, mantida pela Apae, dobrou de tamanho nesta segunda-feira (9), em Caxias do Sul. No ginásio, crianças de todas as idades compartilharam do mesmo colchão que garantia segurança às manobras.
Integração e incentivo para enxergar novas realidades motivaram a visita de estudantes do 4º, 5º e 6º anos da Caminho Rede de Ensino na instituição, que atende cerca 86 alunos. Às vésperas do Dia da Criança, a ação também presenteou os atendidos pela Apae com brinquedos recolhidos em uma campanha promovida pela Caminho.
— É uma troca de realidades. Especiais somos todos nós. Quero que eles percebam isso e tenham reciprocidade, que é o objetivo das campanhas realizadas pela escola. Esse ano ficou mais interessante porque começou com os professores da Apae explicando as limitações físicas e intelectuais para, depois, colocarmos em prática essa integração — explicou a coordenadora de projetos sociais da Caminho, Liliane Fernandes Curzel.
O projeto, criado há 15 anos, já levou donativos à Liga Feminina de Combate ao Câncer, casas de repouso e escolas infantis. No entanto, antes de presentear, é preciso, além de se conhecer, se reconhecer no outro. E, para isso, nada melhor que cones espalhados pelo chão e brincadeiras que ensinam. Professor de Educação Física, Ricardo Barbosa coordenou a ação para que a inclusão não ficasse apenas no campo da acessibilidade:
— São pessoas, independentemente das limitações. Procuramos formas de socializar e também frisar para a criança que, se o propósito é termos um mundo melhor, eles precisam se doar. Um ambiente inclusivo não depende só de rampas de acessibilidade, mas do profissional da educação estar aberto para essas dinâmicas de incluir alunos — disse.
Estudante do 4º ano da Caminho, Amanda Dandolini de Souza, nove anos, ganhou um abraço depois de presentear o aluno da Apae, Leanderson Martini, 18. Feliz com o kit com carrinhos e quebra-cabeças de super heróis, Lelê, como é chamado pelos professores, era só sorrisos em ter recebido alunos de outra escola no local onde aprende que a sociedade é feita por todos, independentemente das diferenças.
— Me sinto bem fazendo outras pessoas felizes, a aula foi muito legal — disse Amanda.
A campanha, que arrecadou mais de 5 mil brinquedos, presentou também crianças da Escola de Educação Infantil Anilde Maggi, no bairro São Caetano. Mantida pela Apae, a Escola Especial Dr. Henrique Ordovás Filho tem 86 estudantes entre seis e 28 anos. Ela é um dos braços da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais que atende a 455 pessoas e suas famílias. Abrir as portas para atividades como essa é, para a presidente da Apae, Bernadete Pavan Vezzaro, mais uma forma de inserir os alunos no convívio da cidade.
— A comunidade é um dos pilares para a nossa atuação. Abrir as portas é mostrar o trabalho que a gente executa e a comunidade passa a ver nossas necessidades. Mas, mais importante, é mostrar para o nosso aluno o quanto ele está inserido na sociedade. Esse intercâmbio agrega muito, diz que eles podem estar juntos.