Em novembro, o Pioneiro completa 75 anos de histórias emocionantes e de fatos marcantes na Serra. Para celebrar, acompanhe a série Pet Histórias, publicada às sextas-feiras. Afinal, a presença de animais de estimação traz mais alegria para a vida das famílias.
"A paz que eu tenho de terminar o dia sem estar cansado, sem estar esgotado". É com leveza na fala e sorriso de orelha a orelha que Alexandre Corá, de Farroupilha, relata sobre o seu dia a dia, transportando animais da Serra para qualquer canto do Brasil ou vice-versa. Um homem, um animal — ou mais de um —, um carro e uma estrada. Quase como um roteiro de filme, com uma trilha sonora guiada pelo rádio do veículo.
Corá trabalhava com aplicativos de transporte, quando acabou notando uma necessidade: a maior aceitação no transporte de animais junto aos seus tutores nas corridas. Amante dos animais, quando um cliente avisava que estava com seu companheiro de patas, ele respondia que "pet é VIP".
— Quando encostava o carro, o cara já estava na maior alegria comigo, porque eu estava recebendo bem o pet dele. Realmente, a maioria dos motoristas cancelam. (Os clientes) começaram "Xande, me dá teu telefone, eu não quero passar por esse incômodo de cancelamento, dos caras que não aceitam levar meu cachorro, não querem levar meu gato e ainda reclamam". Aí eu comecei a passar, informalmente, o meu telefone e hoje eu só trabalho com transporte de pet — conta Corá.
O que virou profissão e origem de renda - inclusive, com aumento de 30% na média do faturamento -, virou também o encontro com uma ocupação terapêutica e que traz qualidade de vida, na visão do motorista.
— O ganho emocional que tu tem nesse tipo de trabalho é muito legal. Eu brinco que eu sou meio Papai Noel, eu passo o ano inteiro só distribuindo alegria. Passar o dia transportando animais, que são extremamente positivos, que basicamente só têm coisas boas e se afastar desse clima negativo que o mundo vive, é fantástico — comenta.
Em um resumo de dois anos em 15 minutos, Corá elenca diversas histórias que concretizam o sentimento falado. Semana passada, o motorista levou um filhote de cachorro para uma criança, de Vacaria, que tinha acabado de perder o pai para o câncer. Uma mulher, de Lajeado, estava sofrendo com a ausência dos cãopanheiros, que tem guarda compartilhada com o ex-marido, e Corá ficou responsável por levar o novo integrante da família.
— Tive uma senhora que estava no início do Alzheimer e a filha decidiu comprar um cachorro. Eu cheguei com o filhote na casa da mulher, uma mulher que não sai mais de casa, que não se mexia mais, que a filha foi morar com a mãe para dar um pouco de qualidade de vida. Quando saí de lá, a mãe estava brincando com o pet, querendo saber como fazia para alimentar. Tu vê mudanças, tu vê coisas acontecendo nesse mundo do pet que são muito interessantes, para mim é extremamente satisfatório — diz.
Um dos clientes de Corá é Fredy, o bulldog simpático da foto ao lado, o qual é levado para a escola pelo motorista.
— Ele é um animal de personalidade. Outro dia eu fui fazer um transporte com ele e precisei encaixar um outro animal junto. Ele parou no meio do banco, ficou me olhando, olhando para a caixinha, tipo "quem é esse indivíduo que está no meu transporte?". É um animal de hábitos. Ele chega na escolinha, ele não entra se não fizer xixi no poste antes de entrar e, quando sai, ele não entra no carro sem fazer o xixi antes.