Em novembro, o Pioneiro completa 75 anos de histórias emocionantes e de fatos marcantes na Serra. Para celebrar, acompanhe a série Pet Histórias, publicada às sextas-feiras. Afinal, a presença de animais de estimação traz mais alegria para a vida das famílias.
Responsável pelo Jardim Zoológico da Universidade de Caxias do Sul (UCS), o veterinário Gabriel Guerreiro Fiamenghi, 28 anos, realizou o sonho de infância em 2022 ao poder cuidar diariamente de animais silvestres. Mesmo que tenha sentimentos de amor por todos, a convivência com uma puma e um lagarto fez com que criasse uma afinidade, no mínimo, inusitada. O contato diário fez com que os animais ganhassem sentimentos de confiança e até de ciúmes pelo profissional.
Relação que Fiamenghi bem descreve em uma frase:
— Animais de estimação são chamados assim porque temos estima por eles. Todos aqui (no zoológico) são nossos.
A relação com a puma chamada Rámon, de cerca de quatro metros, por exemplo, é uma prova desta afinidade. Fiamenghi faz carinho como se o animal fosse um gatinho igual aos que circulam pelas peças e móveis de muitas casas. Rámon só demonstra algum desconforto quando alguém se aproxima do profissional. Ciumento, sempre reage com diferentes sons:
— Ele é superdócil. A aproximação foi incrível e nem eu imaginava, porque quando ele chegou era assustado e se mostrava agressivo — revela o veterinário.
Ao escovar o pelo, por exemplo, o animal, que é uma espécie de onça parda, ergue o queixo para pedir carinho. Permite até que escove o rabo e aceita tomar medicação dada diretamente na boca. Rámon chegou ao zoológico em junho de 2023, mas foi resgatado ainda filhote, em 2019, na beira da estrada em Vacaria. Havia um irmão, mas só ele resistiu. O nome é uma homenagem a Don Ramón — do ator Ramón Valdés, mais conhecido como Seu Madruga, do seriado Chaves.
— Ramón vem, desce aqui — pede o veterinário, ao puma, que se esfregar na grade, com comportamento típico de um felino ao pedir carinho.
Já a relação com o lagarto, começou quando o réptil foi encontrado no pátio de uma casa com uma grave lesão na coluna, dia 28 de novembro do ano passado. O trauma foi possivelmente provocado por um pedaço de madeira. O lagarto foi batizado como Godzilla. É um adulto, de cerca de três anos. Imponente, mede cerca de um metro.
O animal não mexia as patas traseiras e o rabo, mas, sob os cuidados da equipe do zoológico e do Instituto Hospitalar Veterinário (IHVET), essa realidade mudou após seis meses de acupuntura e fisioterapia. God usou até uma cadeirinha feita por uma estudante de Veterinária. No colo de Gabriel, se mostra muito à vontade. Porém, Quando a repórter se aproxima, coloca a língua para fora, para que possa sentir o cheiro da desconhecida.
— Falo com eles com voz de criança para que fiquem seguros. O God é dócil — diz.
Prova disso é que atualmente vive com os jabutis, com quem dorme enrolado.
