O cenário do Rio das Antas, um mês após a chuva levar a ponte de ferro que ligava Nova Roma do Sul a Farroupilha, ainda é de destroços. De toda a estrutura, no km 23 da RS-448, sobraram apenas os pilares nas margens de cada cidade e um pilar central, com 22 metros de altura. A parte metálica foi levada pela correnteza. Ainda hoje, da área urbana, que fica a 17 quilômetros, até a ponte, as quedas de barreiras são constantes, com pedras e galhos de árvores espalhados pelo caminho.
O casal Jandira e Claudino Volpini estava em casa no dia 4 de setembro. A moradia fica junto ao estabelecimento comercial, na cabeceira da ponte, do lado de Nova Roma do Sul. Jandira contou que mora no local há cerca de 30 anos e nunca tinha presenciado o rio subir tanto. A mãe dela, de 84, foi levada até as margens do rio e relatou que também nunca tinha visto tamanha devastação.
– Aqui em casa a água não chegou, mas ficou no topo do morro para entrar. Alagou tudo e levou uma casa que a gente alugava aqui perto. Vimos quando os dois lados da ponte foram levados, os ferros desceram rio abaixo. Ficamos com medo – relata Jandira.
A família é composta por ela, o marido, um neto e três filhos e é sustentada com o bar e as produções de alimentos em um sítio próximo. Desde a queda da ponte e a necessidade do desvio do trânsito pela balsa, a clientela do estabelecimento se tornou escassa. O casal se mantém ali porque, segundo Jandira, não pode abandonar tudo. No entanto, o dinheiro está se tornando cada dia mais escasso.
– A gente vai esperar a reconstrução da ponte e uma ajuda da prefeitura para se manter aqui – explica a moradora.
No trajeto da área urbana até a casa da família Volpini passa-se pela Usina Hidrelétrica Castro Alves. Na manhã de ontem, a água passava a 46 centímetros do muro de contenção da usina. A vazão é monitorada pela equipe da hidrelétrica e acompanhada por meio de aplicativo pelo prefeito.
Ajuda temporária
A construção de uma ponte temporária está sendo planejada pela Associação dos Amigos de Nova Roma do Sul, o que trouxe esperança aos moradores. A expectativa é que a construção inicie até novembro, com custo estimado de R$ 6 milhões, valor que será arrecadado com municípios vizinhos e empresários que têm ligações comerciais com a cidade.
– A cidade produz 40 mil toneladas de uvas, somos o segundo maior produtor de peru e frangos do Estado. Além da logística para ir até os hospitais de referência e para os estudantes chegarem nas escolas. Por isso, precisamos reconstruir essa passagem o quanto antes. Se em seis meses a ponte não estiver construída, a economia do município pode quebrar – afirma o prefeito Douglas Pasuch.