No fim de setembro, o Governo do RS oficializou o investimento estimado de R$ 200 milhões em uma das rotas de acesso ao novo aeroporto de Vila Oliva. Chamada de RS-466, a rodovia ligará Caxias do Sul a Canela, passando pelo terminal aéreo. Porém, este não é o único traçado projetado por Caxias para o Aeroporto Regional. Há ainda o caminho pela estrada de Fazenda Souza. De acordo com a secretária de planejamento da prefeitura, Margarete Bender, existe um projeto em desenvolvimento e o Estado também analisa a possibilidade de fornecer os recursos para ele.
A partir deste projeto, o novo aeroporto teria dois acessos, que ainda impactam em mais obras que são demandas regionais, como o trecho da estrada que liga São Marcos ao distrito de Vila Seca. Entenda abaixo qual é a situação de cada um dos acessos planejados para o novo aeroporto - confira também no mapa.
De Canela a Caxias
O caminho entre Canela e Caxias é o primeiro contemplado pelo Estado, a partir de aprovação do conselho de administração do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), que inclui o trecho no Sistema Rodoviário Estadual da Rodovia Estadual Planejada. Do lado de Caxias, o traçado começa na Rota do Sol e utiliza o trecho a partir da localidade do Apanhador para o acesso ao distrito de Vila Oliva e ao aeroporto.
Em Canela, o traçado começa na RS-466 e segue até Gramado. A partir dali, o caminho passa pela nova ponte e segue pelas estradas Luiz Daneluz e Geraldo D'Agostini (no mapa, do ponto 1 ao 5).
A secretária caxiense observa que além de atender uma das demandas para o aeroporto, esse grupo de vias também auxilia no trânsito regional entre Gramado, Canela e São Francisco de Paula - que começa a focar-se no turismo.
A nova ponte
No caminho entre o aeroporto e Gramado, uma nova ponte está projetada no limite do município com Caxias. Margarete descreve que estudos foram realizados para definir o melhor ponto de construção da estrutura. A secretária pontua que para a obra é necessário um trecho em que os dois lados da via sejam equivalentes - por exemplo, não seria o ideal construir uma ponte em uma subida ou descida. Por isso, o ponto escolhido não é aquele com o trecho menor.
No trecho que seria mais rápido, a estrada seria muito sinuosa e necessitaria de um investimento maior para diversas obras de contenção, já que essa via estaria em uma encosta.
— Não é apenas pela sinuosidade, isso (o menor trecho) é um ponto muito alto e os vãos temos que achar uma cota de nível que seja equivalente — comenta a secretária.
A estrada de Fazenda Souza
Ainda do lado de Caxias há um outro caminho avaliado: por Fazenda Souza, a partir da estrada Geraldo D'Agostini. Este trecho, que dá acesso ao aeroporto, é estudado junto com a via que liga São Marcos ao distrito de Vila Seca - pelas comunidades de Capela São Roque, em São Marcos, e Nossa Senhora Aparecida, em Caxias.
Margarete reforça que a revitalização da estrada por Fazenda Souza é uma alternativa importante para não sobrecarregar trecho da Rota do Sol, na RS-453, e também para economia local.
— Por isso o incremento dessa estrada que vem por aqui (Fazenda Souza). Porque não compromete bacia de captação na Rota do Sol e sem contar com relevância pela questão do escoamento da produção dos hortigranjeiros, que é muito significativa na região de Fazenda Souza e Santa Lúcia — relata a secretária.
Já o investimento no trecho entre São Marcos e Caxias, como explica Margarete, resolveria uma outra demanda da Serra:
— Pra nós é muito importante essa ligação com São Marcos. Uma que tem esse caráter regional. Mas, notadamente resolve bastante a questão dos acessos da própria Criuva. Criuva que hoje tem que dar uma volta imensa. Na verdade, hoje muitos vem até São Marcos, pegam a BR-116, que é uma estrada problema. Por isso que encaminhamos esse conjunto.
Contorno no aeroporto
Além dos acessos planejados, o projeto de intervenção do sítio do aeroporto prevê um novo traçado para estradas municipais que hoje se cruzam onde a estrutura está prevista. Uma delas vai de Fazenda Souza ao Juá e depois segue em direção ao Apanhador, já a outra segue por Vila Oliva. Como mostrado no mapa, estas vias passaram a contornar o empreendimento. Inclusive, um novo trecho deve ser construído para isso (no ponto 5).
— Hoje, o local é muito usado para quem vai para Vila Oliva. Ou tu vai por Santa Lúcia ou vai por Fazenda Souza. A mais utilizada é por Fazenda Souza — descreve Margarete.
A importância dos acessos ao aeroporto
Além do benefício ao turismo, também citado, a secretária Margarete Bender lembra de como o Aeroporto Regional é fundamental para o crescimento econômico de Caxias do Sul e das demais cidades da Serra. No caso do turismo, o município está ligado a Região das Hortênsias, da Uva e do Vinho e também aos Campos de Cima da Serra. Há um estudo de demanda, inclusive, que demonstra que o município pode atrair um milhão de turistas no primeiro ano de operação. Já na economia, o empreendimento pode conectar-se ao transporte de cargas.
— Todo mundo fala que é porque é turismo. É também turismo. Mas, fundamentalmente, a concepção desse equipamento, lá no início dos anos 2000, quando colocamos no Plano Diretor, é na premissa que Caxias tem hoje uma base econômica voltada no metalmecânico. E no metalmecânico qual é o produto? É um produto grande, volumoso. Hoje, isso está perdendo competividade não só para o mercado nacional, mas para o internacional em função do alto custo que se apresenta pelo transporte — analisa a secretária.
Margarete entende que o aeroporto pode não servir apenas para este transporte. Ela vê que, ao contrário de outras cidades, a indústria caxiense tem como diferencial a expertise. Da mesma forma, para manter o setor aqui, um transporte mais ágil e barato é necessário.
— O que nos caracteriza nesse processo da indústria metalmecânica é o conhecimento e a qualidade. O desenho que se vê lá na frente é que esses produtos grandes continuem não sendo produzidos necessariamente aqui. Mas existe a necessidade de manter aqui o que chamamos de inteligência. Ou seja, o desenvolvimento de produtos que compõem esse equipamento, de pequeno volume, mas de alto valor agregado, como um sensor — reflete Margarete.