Os vestidos rodados com cores, detalhes em renda, botões e estampas variadas, combinados com bombachas, cintos, botas e chapéus tomaram as ruas de Caxias do Sul nesta quarta-feira (20), para celebrar o feriado da Revolução Farroupilha. O desfile, que começou por volta das 14h30min na Rua Sinimbu, no Centro, contou com a presença de entidades, Centros de Tradições Gaúchas (CTG’s), escolas e a banda marcial da Escola João Schiavo. Ao todo, foram 1.930 dançarinos e tradicionalistas, além de 100 cavalarianos.
Enquanto caixas de som espalhadas pelas ruas ecoavam músicas tradicionalistas, que narram a trajetória vivida pelos gaúchos desde o início da sua história, as cerca de 3 mil pessoas presentes buscavam os melhores lugares para acompanhar o desfile e não perder nenhum detalhe. Em prol das cidades do Estado atingidas pela enchente que tirou a vida de, pelo menos, 49 pessoas, donativos foram doados ao longo do desfile e serão encaminhados aos municípios.
Para celebrar a Revolução Farroupilha e também os cem anos da Revolução de 1923, além dos trajes típicos e das músicas, os participantes fizeram encenações teatrais e de laçadas, além de apresentações de danças tradicionalistas. O desfile contou ainda com os cavalarianos carregando a chama crioula, que simboliza a história, a tradição e a alma da sociedade gaúcha. Ao longo da apresentação de cada CTG e escola, os participantes cantavam juntos as músicas e vibravam com aplausos.
Nas vibrantes cores de vermelho, os Lanceiros Negros foram representados pelo Pelotão General Teixeira Nunes. Na história da Revolução Farroupilha, negros escravizados foram recrutados para lutar ao lado das elites gaúchas em troca de serem libertados.
O evento deste ano prestou uma homenagem a Manoelito Carlos Savaris, presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), que morreu no dia 17 de junho, aos 67 anos. Oficial da reserva da Brigada Militar e bacharel em História, Savaris lutava contra um câncer.
Com cuias, garrafas, lanças e, até mesmo, chicotes em mãos, dançarinos e tradicionalistas levaram para a Sinimbu um trecho da história. Para o subdiretor de indumentária artística do MTG, Rafael Crippa, o evento é uma forma de incentivar a união, não somente entre o povo rio-grandense, como de todos.
— Esse é um momento de reaproximar os gaúchos que talvez estavam separados da cultura. Passamos por um momento de transformação social nos últimos anos e estamos aprendendo uma nova forma de viver. Essas celebrações nos fazem pensar em quem somos e, quem sabe juntos, encontremos um projeto novo para a humanidade, pelo próprio planeta, de forma que sejamos mais próximos uns dos outros e nos reconheçamos como seres humanos que somos — diz Crippa.
Para Alice Moraes, tia do pequeno Antonio Moraes Neto, o evento é uma forma de levar o tradicionalismo gaúcho para as novas gerações.
— Acredito que isso representa muito a nossa tradição, além de ser um incentivo para essa nova geração aprender sobre a importância da tradição. E, para os pequenos, é lindo compartilhar também o amor não só pela tradição, como também pelos animais — conta Alice.
Gerações passadas e as atuais demonstram anseio pelo futuro do tradicionalismo gaúcho. A paixão pela cultura do Estado é passada de pais para filhos. Ao final do desfile, encerrado pelos 100 cavalarianos, famílias trajadas seguiam caminho para as próprias casas ou, no caso da patroa de CTG, Lilian Fabiane, voltar para o CTG para continuar as comemorações.
— Para nós é muito importante essa comemoração do nosso Dia do Gaúcho. Todos os anos a gente faz um esforço bem grande para estar aqui presente, representando nas nossas tradições. Estamos sempre desfilando aqui e nos pavilhões. Hoje, as minhas invernadas dançaram, eu fui na alegoria dos patrões. E agora a gente já está indo para os pavilhões continuar as celebrações. Esse evento é sobre a nossa tradição, a tradição da nossa história, de tudo que a gente viveu até aqui. É sobre o nosso crescimento enquanto o gaúcho e do próprio tradicionalismo. Por isso, é muito importante estarmos aqui hoje — conta Lilian.