Os impactos da obra na Rua Atílio Andreazza, no bairro Sagrada Família, em Caxias do Sul, vão além do bloqueio do trânsito, conforme moradores e comerciantes. Os trabalhos de instalação de uma nova rede de drenagem estariam ocasionando transtornos com o abastecimento de água e a falta de movimentação no comércio local. Os problemas seriam recorrentes desde o início da execução da obra, coordenada pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), há três meses. Na terça-feira (25), a reportagem esteve na região e verificou a preocupação dos cidadãos.
Pelo menos oito estabelecimentos entre as ruas Conselheiro Dantas, Atílio Andreazza e Graciema Formolo, relatam o impacto nos negócios com o bloqueio no trânsito. Um dos casos mais graves é o do comerciante Lester Ely, 41 anos, que atua há 13 anos na região. As vendas tiveram queda de 50% nas últimas semanas:
— É um descaso. Já faz três meses que estamos nessa situação. Além de ficarmos sem o fluxo da rua, ficamos sem comunicação, sem internet e sem telefone.
Os moradores e comerciantes dizem entender que a obra é benéfica para a cidade. Porém, o questionamento é pela demora dos trabalhos e como eles estão sendo executados. Atualmente, as obras atrapalha o fluxo entre a rótula da Atílio Andreazza com a Perimetral Norte e a Rua Graciema Formolo.
Futuro também preocupa
Outro comerciante da Graciema Formolo que também sente os impactos está preocupado quando a obra chegar em frente ao negócio dele. Antônio Verlindo, 63, descreve uma redução de 30% e até já diminuiu o estoque de produtos para pets prevendo uma piora nas vendas. A percepção do grupo de comerciantes é de que os clientes fiéis sigam comprando, mas as lojas perdem o consumo de pessoas que costumavam transitar pelas ruas.
— Quando chegou aqui (a obra), deu uma caída bem boa. Mas, quero ver quando chegarem ali (em frente à loja dele). Aí vai pesar a barra — desabafa Verlindo.
Falta de água
Observando a obra na tarde de terça-feira, o segurança Cristiano Rodrigues, 39, lamentava a demora das obras executadas pelo Samae. Morador do Sagrada Família, ele contou que desde o início dos trabalhos tornou-se recorrente ficar sem água em casa durante todo o dia. Ultimamente, o abastecimento tem apenas normalizado perto da meia-noite.
— Durante o dia tu acha que tem água, mas não tem. Fica sem lavar louça, fica sem banho. E aí, tem que ficar tomando banho na casa dos outros — relata o segurança.
Durante a tarde, enquanto a reportagem estava na região, outros comerciantes e moradores além de Rodrigues, afirmaram estar sem água.
O que diz o Samae
Em entrevista na última segunda-feira (24) ao programa Gaúcha Hoje, da Rádio Gaúcha Serra, o diretor-presidente do Samae, Gilberto Meletti, afirmou que mais da metade da obra está concluída. Meletti prometeu que o prazo da obra, que inicialmente era de 300 dias, deve ser cortado em um terço para buscar minimizar os impactos. Além disso, disse que o bloqueio no trânsito deve reduzir de forma considerável após a conclusão dos trabalhos na Conselheiro Dantas. O prazo para isso é de cerca de duas semanas.
— Sabemos que o movimento na região é muito grande e que a Conselheiro Dantas é uma via importante para o escoamento do movimento que chega na Perimetral. Vamos tentar diminuir esse prazo em um terço do tempo previsto para eliminar os impactos. Já estamos com mais da metade das obras concluídas, faltando somente a repavimentação, que faremos nos próximos dias — declara Meletti.
Conforme Meletti, o total da obra é uma instalação de 811 metros, sendo que 420 foram instalados. Sobre a falta de água, o diretor-presidente explica que uma interrupção recente no abastecimento foi por conta do rompimento de uma adutora no local, o que foi resolvido. Mas, novamente de acordo com Meletti, novas interrupções podem ocorrer durante a obra.