Uma reunião pública sobre a segurança no Largo da Estação Férrea foi realizada na tarde desta quarta-feira (14), na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. O encontro, organizado pela Comissão de Segurança Pública e Proteção Social, é motivado pelos últimos episódios no popular ponto do bairro São Pelegrino, como a divulgação de um vídeo em que homens ostentam armas na área. Vereadores, representantes da prefeitura e das forças de segurança, empresários e moradores debateram ações que podem ser promovidas para minimizar ou até resolver um problema que é histórico.
De imediato, a Brigada Militar (BM) promete as primeiras medidas para tranquilizar a comunidade, que é frequentada por milhares de jovens entre as noites de quinta a sábado. O major Flori Chesani Junior, subcomandante do 12º Batalhão da Polícia Militar (12º BPM), afirma que os esforços iniciam já nesta semana. A primeira ação é levar a base móvel comunitária para o Largo da Estação.
Os policiais se instalarão antes do movimento iniciar, como forma de prevenção. Além disso, agentes da inteligência estarão identificando veículos irregulares para serem removidos. O major explica que os carros com som alto são os grandes causadores do problema da perturbação sonora na região — e não as casas noturnas.
— A Brigada vai fazer atividades a partir desse final de semana e elas não serão pontuais, porque o problema não é pontual. É permanente — reforça o major.
Conforme Chesani, mais operações, em conjunto com outras forças de segurança, devem ser realizadas para coibir a baderna. O major destaca que a fiscalização tem o apoio de quem possui estabelecimentos na área.
Iluminação, rua bloqueada e mais sugestões
O representante da BM também recomenda que a iluminação na Rua Augusto Pestana e em outros pontos da área seja melhorada pela prefeitura ou pelos próprios estabelecimentos. A medida também afastaria quem busca confusão. Outra ação solicitada é o bloqueio da rua em todos os finais de semana, para evitar a parada de veículos e, consequentemente, a aglomeração de pessoas na região. Há placas que proíbem o estacionamento, mas são ignoradas.
O secretário municipal de Segurança Pública e Proteção Social, Paulo Roberto Rosa da Silva, e o secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Alfonso Willenbring Júnior, informam que o fechamento de ruas ocorrerá, mas está em discussão de que forma isso será feito. Há um debate se o fechamento deve começar na Feijó Júnior ou apenas na Augusto Pestana.
— O bloqueio viário, se é para ocorrer, tem que ser antecipado para a esquina da Feijó Júnior com a Augusto Pestana porque daí bloqueamos completamente o acesso. E aí, um secretário me questiona, que temos na Rua Coronel Flores um amplo prédio residencial, que necessita de acesso local. São questões a serem consideradas — observa Willenbring Júnior, descrevendo que o assunto foi debatido em reunião com todos os secretários da prefeitura.
O secretário de Trânsito também adianta que a prefeitura lançará um projeto para conceder parte da área à iniciativa privada. O plano é que um estacionamento privado seja instalado, também como forma de evitar as aglomerações. Os secretários e as autoridades concordam ainda que operações de fiscalização devem ser realizadas com mais frequência. Rosa lembra que o problema existe em outros pontos de Caxias, o que prejudica ações constantes em um único ponto. A BM afirma que há, pelo menos, sete áreas com o mesmo problema.
— Não conseguimos manter com frequência porque não é só nesse local. Fizemos recentemente uma operação no bairro Planalto, onde principalmente motocicletas foram recolhidas — argumenta o secretário de Segurança Pública.
Já o vereador Mauricio Scalco (Novo) sugeriu que exista uma discussão sobre um projeto de lei que proibiria o consumo de bebidas alcoólicas em espaços públicos após as 22h30min.
Empresários debatem bloqueio e pedem ação
Empresários que atuam na área também participaram da reunião pública. Representando a Associação de Estabelecimentos do Largo da Estação Férrea, Lidia Ribeiro, que também mora em São Pelegrino, trouxe sugestões dos restaurantes, bares e casas noturnas, como ter uma guarita fixa para autoridades, a volta do ponto de táxi na Coronel Flores e a instalação de um ponto de embarque para passageiros de aplicativos.
Lidia também lembra que, além de rever o consumo de bebidas alcoólicas em espaço público, uma discussão deve ser feita sobre a venda de bebidas em garrafas de vidro, que podem acabar usadas em brigas.
— Eu já estive nessa Casa (Câmara de Vereadores) umas 15 vezes, conversando com outras três administrações anteriores. Estive ao lado de colegas que desistiram de empreender na região e muitos que gostariam de empreender, mas não vêm por conta disso (insegurança). Não é só a região, é a cidade que está perdendo — declara Lidia.
A empresária também descreve situações como crianças usando drogas e pessoas embriagadas com os filhos. Já sobre o bloqueio a partir da Feijó Júnior, Lidia e outros empresários acreditam que pode não ser uma solução eficiente. Fechar o trecho prejudicaria a movimentação de consumidores e a falta de estacionamento para veículos destas pessoas.
Inquérito é aberto sobre o vídeo
De acordo com o delegado regional da Polícia Civil, Augusto Cavalheiro Neto, um inquérito foi aberto sobre o vídeo que ajudou a motivar a reunião pública. Nele, homens aparecem ostentando armas no Largo da Estação Férrea e demonstrando apoio a uma facção criminosa. A investigação está com a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), que procura identificar os envolvidos nas imagens.
Pedido de efetivo para as forças de segurança
Na abertura da reunião pública, o vereador Alexandre Bortoluz (PP), presidente da Comissão de Segurança Pública e Proteção Social, levantou a situação de efetivos das forças de segurança de Caxias. Para o parlamentar, o aumento de agentes poderia, por exemplo, também auxiliar nas ações pretendidas para o Largo e outros pontos da cidade:
— Urge tomarmos alguma atitude, e aí também peço apoio do Executivo, que a gente faça um somatório de esforços e solicite aumente de efetivo para comunidade caxiense, a segunda maior do Estado.
O secretário de Segurança Pública e Proteção Social, Paulo Roberto Rosa da Silva, informa que um pedido já foi feito para o comando da Brigada Militar e ao comando da Polícia Civil. A reposta dos órgãos é que Caxias deve ser contemplada com novos agentes em um futuro concurso.
O encontro teve ainda a presença da chefe de gabinete da prefeitura Grégora Fortuna dos Passos, dos vereadores Zé Dambrós (PSB), Velocino Uez (PTB), Felipe Gremelmaier (MDB), Adriano Bressan (PTB), Sandro Fantinel (PL), Ricardo Zanchin (Novo), Gilfredo De Camilis (PSB), Renato Oliveira (PCdoB), e representantes da Guarda Municipal (GM).