O período de chuvas intensas, como registrado nas últimas semanas, provocou o surgimento de buracos no asfalto e fez o poder público realizar uma operação para corrigir os desníveis em cinco diferentes regiões de Caxias do Sul. É dinheiro gasto para pavimentar e depois para fazer a conservação do asfalto. O mesmo não ocorre nos corredores de ônibus feitos em concreto, que dispensam manutenções frequentes e seguem sem apresentar problemas após sete anos. Apesar dos benefícios, não há previsão de novos investimentos.
De acordo com o secretário municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Afonso Willembring Júnior, o município aguarda a finalização e aprovação do Plano de Mobilidade antes de pleitear recursos para implantar novos corredores de concreto. Willembring explicou que o plano está em desenvolvimento e que em breve será encaminhado para a Câmara de Vereadores.
Os corredores de concreto foram anunciados em 2013, com obras iniciadas no ano seguinte e que começaram a ser entregues a partir de 2015. Embora o material seja até 20% mais caro do que o asfalto, o custo-benefício compensa o investimento, segundo a prefeitura, ao dispensar manutenções frequentes e por levar mais segurança no trânsito.
Mesmo assim, segundo o secretário, corredores de ônibus nas ruas Moreira Cesar, Pio XII e Bento Gonçalves poderão ser priorizados para receberem concreto por concentrem diversas linhas de ônibus.
— Os corredores de asfalto exigem, em média, manutenções a cada dois ou três anos. O que não se observa nos locais onde foram colocados concreto, que é uma tecnologia extremamente interessante. O município não consegue fazer por conta própria, precisa contratar esse serviço, um investimento alto, mas que faz a diferença ao longo dos anos — explica.
Caxias do Sul conta atualmente com 10,4 quilômetros de corredores de ônibus em concreto, concentrados nas ruas Sinimbu, Pinheiro Machado, Feijó Junior, Pio XII, Visconde de Pelotas, Bento Gonçalves e Marechal Floriano, entre outros (veja mais abaixo). As obras foram concluídas entre 2015, 2016 e 2021. Durante os trabalhos, ocorreram bloqueios e interrupções no trânsito, ocasionando transtornos para motoristas e comerciantes.
Willembring reforça que o investimento nos corredores em concreto é destinado na qualificação do transporte público na cidade. Por isso, carros particulares devem evitar utilizar os corredores para não impactar no serviço público. Ao mesmo tempo, o investimento também enfrenta polêmicas e reclamações da comunidade. O titular da SMTTM foi responsável por autorizar as obras do lote 04, nas ruas Bento Gonçalves e Marechal Floriano e precisou responder a críticas.
— Tinham pessoas que diziam que os corredores de concreto eram passarela para a Visate. Não concordo com essa afirmação. É investimento para qualificar o transporte público. Uma cidade não sobrevive sem um sistema eficiente de ônibus — relata.
"O ônibus trepida menos, a viagem fica melhor e o sistema flui"
De acordo com diretor-geral da Viação Santa Tereza (Visate), Gustavo Marques dos Santos, 45 mil passageiros circulam por linhas que trafegam pelos corredores de ônibus da Sinimbu e da Pinheiro Machado – os dois primeiros locais a receberem o investimento. É quase metade dos 100 mil usuários que utilizam os ônibus da empresa todos os dias. Segundo ele, os corredores de concreto permitem mais qualidade no transporte.
— Ganhamos em velocidade comercial. O ônibus trepida menos, a viagem fica melhor e o sistema flui de uma maneira mais eficiente. É também positivo por ver que os recursos públicos são investidos em algo coletivo, que beneficia tantas pessoas. Investir em corredores se tornou uma crítica política, mas que é realizado no mundo todo — relata.
Ainda conforme Marques, a concessionária sinalizou a importância desse tipo de investimento durante a elaboração do Plano de Mobilidade.
— É importante elencar como prioridade para que o poder público possa pleitear recursos federais e garantir dinheiro para novos investimentos. Cidades inteligentes são aquelas que investem na eficiência do transporte coletivo — afirma.
Benefícios do corredor de concreto
:: Menor custo total a longo prazo.
:: Vida útil maior (20 anos) que o pavimento flexível.
:: Menor número de intervenções para manutenções que propicia redução de congestionamentos e resulta, consequentemente, em um menor consumo de combustíveis e grande redução de emissões de gases poluentes.
:: Não sofre deformação plástica, afundamentos, trilhas de roda ou buracos.
:: Melhor visibilidade por reflexão, gerando melhoria na iluminação pública da via e na sinalização em virtude da cor mais clara dos pavimentos em concreto.
:: Redução na distância de frenagem de até 40%, proporcionando maior segurança viária nas cidades e consequente redução de acidentes.
:: Além do pavimento de concreto ser um aliado efetivo da produção ambiental.
R$ 18 milhões em investimento
Desde 2015, Caxias ganhou 10 quilômetros de corredores de ônibus em concreto, totalizando R$ 18 milhões em investimento. Confira os locais
Lote 01:
Local: Rua Sinimbu (trecho entre a Rua Feijó Júnior e a BR-116)
Extensão: 2,92 quilômetros
Valor investido: R$ 5.432.770,72
Obra concluída em janeiro de 2016
Lote 02:
Local: Rua Pinheiro Machado (trecho entre as Ruas Treze de Maio e Feijó Júnior), Rua Treze de Maio (trecho entre a Avenida Júlio de Castilhos e a Rua Pinheiro Machado) e a Rua Feijó Júnior (trecho entre as ruas Pinheiro Machado e Irma Valiera)
Extensão: 2,25 quilômetros
Valor investido: R$ 4.001.525,02
Obra concluída em novembro de 2015
Lote 03:
Local: Rua Pio XII (trecho entre as avenidas Perimetral Ruben Bento Alves e Rossetti), Rua Moreira Cesar (trecho entre a Avenida Ruben Bento Alves e a Rua Bento Gonçalves), Avenida Rossetti (trecho entre as ruas Pio XII e Moreira Cesar) e Rua Visconde de Pelotas (trecho entre as ruas Duque de Caxias e Moreira Cesar)
Extensão: 2,71 quilômetros
Valor investido: R$ 4.886.701,33
Obra concluída em julho de 2016
Lote 04:
Local: Rua Bento Gonçalves (trecho entre a Rua Coronel Flores e a Rua Do Guia Lopes) e Rua Marechal Floriano (trecho entre a Rua Sarmento Leite e a Rua Bento Gonçalves)
Extensão: 2,24 quilômetros
Valor investido: R$ 4.501.727,37
Obra concluída em julho de 2021
Fonte: SMTTM