Derrubada de árvores, reforma de calçadas e corte da vegetação, entre outras manutenções estão sendo realizadas pela prefeitura na Praça Dante Marcucci, mais conhecida como Praça da Bandeira, em Caxias do Sul. As obras são um pedido da comunidade do bairro São Pelegrino que está represado há 30 anos. Porém, apenas há 20 dias foi possível começar a tão aguardada revitalização.
Uma parceria entre o poder público e a iniciativa privada do entorno da praça possibilitou as reformas. As obras da prefeitura devem compreender também, em breve, a retirada de estruturas que antes serviam para o antigo camelódromo e o retorno do monumento à Bíblia Sagrada — atualmente, ele está no Parque Cinquentenário. Depois disso, um grupo de empresários deve assumir a manutenção da área. Essa parceria já havia sido cogitada ainda em 2021.
Em conversa com o colunista Ciro Fabres, do Pioneiro, o secretário do Meio Ambiente, João Uez, detalhou que o projeto deve contemplar limpeza, replantio de árvores, revitalização de brinquedos, bancos, calçadas e iluminação pública.
— Dentro de 15 dias a praça deve ser revitalizada e será entregue a um grupo de empresários liderados por Ademir Argenta. Vamos aguardar ele voltar de viagem para que possamos assinar o acordo que era aguardado por eles desde 2017 — explica Uez.
As melhorias que estão sendo colocadas em prática já haviam sido tentadas diversas vezes ao longo dos anos. A ideia de reformar a área surgiu em 2013, com a transferência do antigo camelódromo. O objetivo era remodelar a praça para proporcionar condições de ser frequentada especialmente à noite. Na ocasião foi levantada a hipótese de se construir um estacionamento subterrâneo no local, projeto descartado. Desde então, a revitalização nunca saiu do papel por questões financeiras, segundo alegou a prefeitura ao longo de diferentes gestões.
Associação comunitária
A proprietária de uma clínica médica em frente à praça, Janete Martini Granzoto Dias, uniu-se a outros seis empresários do entorno para criar a Associação Comunitária Praça Dante Marcucci - Praça da Bandeira. Os papeis que oficializaram a associação foram assinados na última quarta-feira (24), o que abriu caminho para a tão esperada revitalização. O grupo pretende manter a praça limpa, organizada e segura para que os comércios locais não sejam prejudicados. Hoje, o espaço é pouco frequentado à noite devido à insegurança.
— Temos situações de pessoas que alimentam os pombos e, consequentemente, os ratos vêm para se alimentar. O pessoal dos comércios diariamente tem que cuidar para que os animais não adentrem nos estabelecimentos — comenta a empresária.
Além disso, segundo Janete, há pessoas em situação de rua que espalham alimentos e lixo pela praça. Pessoas alcoolizadas também são vistas frequentemente no local. A presidente da associação salienta que também presenciou atos obscenos e os canteiros da praça são utilizados como banheiros São situações como essas levaram os comerciantes a buscar melhores condições da praça e trazer maior segurança aos estabelecimentos e frequentadores.
A empresária de 72 anos detalha que o projeto de revitalização foi planejado com os arquitetos do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG):
— Vai ficar bem bonito, vamos ter melhorias nos canteiros, vão diminuir a vegetação, eliminar os ninhos de ratos, melhorar a iluminação, a Guarda vai estar mais presente, entre outras questões.
Relembre
:: A ideia de reformar a Praça Bandeira começou a ganhar força com a saída do antigo camelódromo há 10 anos. O objetivo era remodelar a praça para proporcionar condições de ser frequentada especialmente à noite.
:: Na época, havia ainda a intenção de alterar o nome para Praça Campo dos Bugres, em referência à ocupação da região por índios caingangues em meados do século 19, antes da imigração italiana.
:: Outra ideia era a implantação de um estacionamento subterrâneo, posteriormente descartada devido às características do solo e para desestimular o trânsito no centro.
:: Com o registro da presença de índios na região, porém, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) solicitou estudos geológicos para identificar a possível presença de material arqueológico no terreno. O município contratou a análise e o resultado ficou pronto no início de 2015, sem apontar qualquer vestígio.
:: A partir daí, porém, o projeto não teve mais avanços significativos. As discussões foram retomadas em 2021 e envolveram os comerciantes da região.