O desempenho da economia de Caxias do Sul, no mês de março, teve um crescimento de 5,2% em comparação com fevereiro. Os dados são da Câmara de Indústria e Comércio (CIC) e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do município, que apresentaram os dados na manhã desta quinta-feira (4). O setor de serviços e a indústria encabeçaram o cenário positivo, com crescimento de 8,7% e 5,8%, respectivamente. Já o comércio teve uma redução de -2,6%.
A comparação entre março de 2023 com o mesmo mês, em 2022, tem indicador maior, com evolução de 6,1%. O setor de serviços, um dos mais impactados pela pandemia de covid-19, cresceu 18,7%, seguido pelo comércio, que avançou 14,1%. Nesta comparação, a indústria também apresentou diminuição de -3,3%.
O cenário de aceleração do setor de serviços e comércio e de desaceleração da indústria também é visto nos indicadores de acumulado do ano e acumulado 12 meses. Neste, o aquecimento foi de 2,9%, enquanto o acumulado do ano teve crescimento de 4,1%.
Segundo especialistas, apesar da retração da indústria parecer assustadora, a desaceleração seria um efeito natural. A economista Maria Carolina Gullo explica que, no passado, houve uma aceleração e um crescimento maior, o que, naturalmente, não teve continuidade ao longo dos anos.
— Apesar de, aparentemente, os números assustarem, a retração não acende uma luz vermelha. Vemos uma produção ainda significativa, e ainda segue como o setor de maior participação na economia do município e é o que mais contrata — pontua.
Atualmente, a indústria representa 53,4% da economia no município.
Já em relação ao recuo do comércio de um mês para o outro, o economista Mosár Leandro Ness aponta que os motivos podem ser a demora da chegada do frio e a inadimplência que as famílias brasileiras têm vivido.
— Nós temos em março um reflexo das compras do Natal. Historicamente, temos contracheques menores neste primeiro trimestre, em função das férias, feriados, as pessoas não conseguiram manter o pagamento em dia das contas, por isso, em comparação com o mesmo período do ano anterior, temos um aumento de 6% na inadimplência, o que interfere de forma direta na economia — explica Ness.
Apesar de o setor de comércio ter apresentado queda de -2,6% em março em comparação ao mês anterior, quando se confronta março de 2023 com o março de 2022, o avanço foi de 14,1%. Conforme a Câmara de Dirigente Lojistas (CDL), o saldo positivo seria fruto da alta acumulada de 13,1% nos últimos 12 meses.
Quem convive com os impactos do atraso do inverno e da inadimplência são os lojistas. É o caso da proprietária da loja Fino Detalhe, Lucimara Amarante, que está com o estoque cheio de roupas mais grossas. Lucimara analisa que, nesta semana, as vendas de roupa para a próxima estação começaram.
— Estamos com a loja cheia de novidades, mas o que prejudica é que o frio começou agora, nesta semana, de fato. Estava o calorzinho, o verãozinho, então o pessoal estava se mantendo com o que tinha em casa. Agora começa a movimentar mesmo, hoje (quinta-feira) a gente já vendeu peças mais grossas, até então eu estava vendendo muita coisa leve. Isso teve impacto no caixa, porque a gente tem uma expectativa e aí acaba que a gente não consegue atingir aquilo que se espera. Mas a gente está preparado. Maio é o mês das mães, vai melhorar, com certeza, o pessoal deixa para a última hora, então acredito que o fechamento do mês será positivo — diz a proprietária.
Ao atender os clientes, Lucimara tem notado que a indecisão para levar a peça desejada também está maior.
— O que dá para perceber é que o pessoal está meio retido, segurando ao máximo. Tem picos de venda, o pessoal está bem cauteloso. Vem para a loja, gosta de várias peças, mas precisa decidir o que vai levar, se limita na compra. Tem vários dias mais calmos, aí de repente dá um dia ou dois de boas vendas, geralmente sexta e sábado muito bom e o resto da semana com o pessoal segurando — acrescenta a lojista.
Em relação aos serviços, setor com os melhores números no desempenho da economia, Maria Carolina Gullo diz que o setor acompanha uma tendência nacional.
— Tu tem uma série de serviços que pegam aquele produto da indústria e transformam em outro produto para o consumidor. Então é natural que se tenha mais empresas de serviços que de indústrias — exemplifica Maria Carolina.