Com o objetivo de qualificar jovens para o trabalho na vitivinícola, a Emater/RS - Ascar promove em Caxias do Sul e Flores da Cunha uma nova edição do Curso Profissionalizante em Viticultura para Jovens. As primeiras aulas do projeto ocorreram na última semana, nos dias 30 e 31 de março, e contaram com a participação de 20 jovens agricultores de Flores da Cunha.
Em Caxias, o curso começa na próxima semana, nos dias 13 e 14 de abril. De acordo com Enio Todeschini, engenheiro agrônomo e coordenador da área de frutas e hortaliças do escritório regional da Emater em Caxias do Sul, alguns critérios são levados em consideração na seleção de alunos: estar na linha de sucessão da propriedade e do negócio da família e ter a viticultura como uma das principais atividades.
— A ideia do curso é de apresentar tudo aos alunos, desde conhecimentos sobre o solo até a uva se tornar vinho. São 60 horas aula em cinco encontros, sendo que o primeiro encontro são todos os alunos juntos, em Nova Petrópolis, e, depois, a gente atua de forma itinerante — explica Todeschini.
O primeiro encontro ocorre no Centro de Treinamento de Agricultores de Nova Petrópolis (Cetanp) e os alunos passam a noite no alojamento da Escola Bom Pastor, com subsídio da Cooperativa Sicredi. Depois, de acordo com Todeschini, a cada dois meses, ocorrem encontros nas propriedades dos alunos, que duram o dia inteiro.
— A gente aproveita essas plantações dos alunos para fazer as aulas práticas do curso. Nosso objetivo é de 70% de aulas práticas no projeto, a intenção é de fazer e aprender ao mesmo tempo — destaca.
Os próximos quatro módulos do curso, de um dia cada, abordarão assuntos a serem escolhidos de acordo com as fases fenológicas das vinhas e a necessidade de efetivação das práticas culturais naturalmente desenvolvidas. Ao longo dos encontros, o curso vai abordar a fisiologia vegetal, a escolha e o preparo do solo, a correção da acidez e a fertilidade, o plantio correto da muda, os tipos de enxertias, a construção de estruturas do vinhedo, a condução e o manejo das plantas, a identificação e o controle de pragas e doenças, a irrigação e fertirrigação, o manejo das plantas em ambiente protegido, a colheita e a vinificação.
O engenheiro agrônomo da Emater/RS explica que o projeto se iniciou em 2018, mas foi interrompido pela pandemia em 2020 e 2021. No ano passado, o curso foi retomado e agora chega à 9ª edição.
— Mesmo em municípios pequenos, tem bastante procura pelo curso. Como são só 20 alunos por turma, muita gente quer participar. Nós tínhamos um modelo de duas semanas de curso em Nova Petrópolis, mas sentimos que os produtores tinham dificuldades de ficar fora da propriedade por duas semanas. Então, em 2018, começamos esse modelo itinerante que segue até agora — comenta Todeschini.
Qualificação para seguir crescendo
O vitivinicultor Elias Rizzotto, 37 anos, é aluno da nova edição do curso da Emater/RS. Com propriedade na Linha 80, em Flores da Cunha, ele conta que sempre morou na colônia e que já tentou trabalhar fora dessa área, em épocas em que seu pai fazia reformas dos vinhedos, mas que a paixão sempre foi pela colônia.
— Eu, praticamente, sempre estive na colônia e isso me fez crescer nesse meio. A nossa tendência aqui é criar uma vinícola, porque nós já temos as uvas. Nosso trabalho aqui é muito bom. Somos eu e meus dois irmãos, Edson e Claudir, e a gente se ajuda na temporada de poda e época de safra também — conta Rizzotto.
O vitivinicultor explica que ficou sabendo do curso por meio de um grupo de WhatsApp que tem com outros agricultores e a Emater.
— Eles passaram as informações sobre o que seria ensinado no curso e quando vi a relação dos conteúdos do curso, achei interessante e decidi fazer. Por enquanto, está sendo muito bom o que a gente já aprendeu lá em Nova Petrópolis, nos primeiros dias — pontua.
Rizzoto conta que os conhecimentos repassados pelos professores do curso englobam desde a teoria até a prática do manejo do solo.
— Explicaram muito bem, é um trabalho excelente. Fomos a campo e foi muito legal conhecer alguns manejos. Nós vamos aprender como saber deixar que o tempo não estrague nosso solo, ou sobre alguns produtos que podem estragar nossas plantações — destaca.
Para Rizzotto, a experiência de ter aulas nas propriedades permitirá a trocar de conhecimentos.
— A gente vai poder discutir mais sobre melhorias para a plantação, ver a prática junto da teoria. Ver o manejo dos outros colegas e buscar novas ideias. É muito importante esse curso, são coisas que a gente tem que participar — aconselha.