A dificuldade na contratação de médicos para atuar na rede de saúde pública em Caxias do Sul ainda gera impactos aos usuários e desafia a gestão municipal que, atualmente, contabiliza a falta de 16 profissionais na Estratégia de Saúde da Família (ESF), sendo metade para 20 horas semanais e a outra metade para 40 horas semanais. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a defasagem no quadro ainda se dá em razão de profissionais que são convocados pela prefeitura, mas não assumem as vagas. Em chamamento realizado no final de 2022, dos 22 médicos convocados, o município conseguiu nomear somente nove.
Em período de férias, a situação se agrava, tendo em vista as escalas de férias dos profissionais, mas a titular da pasta responsável, Daniele Meneguzzi, garante que não há Unidade Básica de Saúde (UBS) desassistida, uma vez que a equipe está sendo reorganizada conforme necessidade.
— Quando um médico não assume, a gente precisa cumprir todos prazos legais e, em ele não se apresentando, uma nova nomeação é feita, mas nisso tudo as unidades acabam ficando sem médico e a gente precisa fazer esses remanejamentos de modo a não deixar nenhuma UBS sem nenhum médico, porque temos a questão de férias, atestados, e nós não temos equipe volante pra fazer essas coberturas. A gente precisa trabalhar com o quadro que tem de modo a atender minimamente a todas as 50 unidades básicas na cidade — garante a secretária.
Recentemente, uma informação referente à saída de duas médicas da UBS Cruzeiro preocupou usuários da unidade. A secretária confirma que duas profissionais deixaram a unidade, mas destaca que a reposição é prevista para ocorrer conforme forem nomeados novos profissionais e que três médicos permanecem atendendo na unidade que, assim como as demais, está fechada durante o feriadão, com reabertura prevista para as 12h desta quarta-feira (22).
A defasagem ocasionada pela troca de programas federais, segundo a secretária, está sendo suprida com contratações emergenciais feitas pela prefeitura. Em setembro de 2022, 15 médicos vinculados ao Mais Médicos deixaram de prestar atendimento à cidade, por terem sido desligados do programa federal. Pelo programa substituto, o Médicos pelo Brasil, apenas dois médicos foram destinados à cidade e não há previsão para reposição dos demais cargos.
— São profissionais que nós esperávamos reposição do Governo Federal. O principal impacto é financeiro, porque o governo municipal assumiu a contratação de todos médicos que foram suprimidos na troca dos programas, contratamos de forma emergencial e estamos custeando com recursos próprios — ressalta.
Segundo ela, a contratação emergencial de 13 médicos, que tem duração de até dois anos, gera um custo de aproximadamente R$ 400 mil em encargos e salários por mês.