A alegria em se tornar mãe pela primeira vez também veio acompanhada de um susto para a operadora de caixa Taiane Guerreiro. No segundo mês de gravidez, durante uma consulta na Unidade Básica de Saúde (UBS), a jovem de 25 anos descobriu que era hipertensa. A doença crônica exige mais atenção quando é diagnosticada na gravidez. Desde então, a jovem passou a ser acompanhada pelas equipes do Ambulatório de Gestação de Alto Risco, serviço criado pela Secretaria Municipal de Saúde de Caxias do Sul e que completa um ano de atividades.
— Não precisei mais voltar para o postinho de saúde lá do bairro porque o acompanhamento é feito no ambulatório e o tudo que você precisar eles encaminham direto aqui — conta.
O ambulatório, localizado em uma sala no segundo andar do Centro Especializado de Saúde (CES), atendeu, em um ano, 239 gestantes, totalizando mais de 1,3 mil consultas realizadas no período. Conforme a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), o ambulatório zerou a fila de espera por atendimentos, que chegava a ser de até 60 dias para a primeira consulta. Ainda conforme a SMS, nenhum óbito foi registrado no período.
O espaço conta com profissionais de especialidades, como obstetra, enfermeira, nutricionista e endocrinologista, além da retaguarda das demais especialidades médicas que atendem no CES. Até então, gestantes de alto risco eram atendidas nas UBSs e no Hospital Geral, que é referência para pacientes de toda a Serra.
Taiane começou com consultas mensais e, conforme a gravidez avançou, o acompanhamento passou a ser mensal. Nesta terça-feira (31), ela fez a última consulta: o parto está agendado para o próximo sábado (4), quando a pequena Haru vai vir ao mundo.
— Eu não estava esperando, não foi uma gravidez que foi programada. Mas eu fui conversando com a médica, ela até pediu se eu queria psicóloga, que eles têm também no ambulatório, mas não precisou porque foi um sustinho gostoso — conta ela, ansiosa pela consulta e orientações para o parto.
De acordo com o médico ginecologista Dino De Lorenzi, a cada 100 gestantes, 15 podem ter algum tipo de complicação durante o parto. Por isso, ele defende que o sistema público de saúde crie alternativas que contribuam para o bem-estar de mamães e bebês.
— A gestação é um fenômeno normal? É. Mas ela pode ocorrer com anormalidade, transcorrer com complicações. O cuidado médico é sempre fundamental no sentido de identificar quais são as gestantes de risco e fazer um encaminhamento para um atendimento adequado mais precoce possível — explica ele, em entrevista à RBS TV.
Ainda segundo ele, antes da implantação do serviço, uma gestante levava em torno de 60 dias até conseguir uma consulta na UBS. Agora, a espera caiu para zero. Lorenzi também comemora que, ao criar uma alternativa para gestantes de alto risco, permitiu desafogar os atendimentos no setor do Hospital Geral e melhorar o acompanhamento de outras gestantes da região.
— A gente faz um pool de trabalho multidisciplinar no intuito de realmente ter um desfecho mais favorável para a gestante e o seu bebê — explica.
Situação que a babá Laisa Regina de Freitas teve a felicidade de vivenciar, com a chegada do Sérgio Augusto, no fim do ano passado. Ela também foi diagnosticada com hipertensão e também descobriu o diabetes.
— Não vou te negar que no início foi um baque. A gente pensa: nossa, uma gestação de alto risco, o que a gente pensa né?! Depois que eu comecei a ser atendida lá (no ambulatório), realmente eu percebi que eu estava sendo cuidada mesmo. Agora está 100% graças a Deus. É só alegria, muito amor, ele é muito querido — afirma.