Com uma nova subvariante, a Serra registrou aumento expressivo de internações de casos de covid-19 no último mês. Há 81 pacientes internados com diagnóstico confirmado para a doença. Destes, 22 estão em leitos na unidade de terapia intensiva (UTIs). Entre os hospitalizados há três crianças, duas delas na UTI pediátrica. Em Caxias do Sul, até o final da terça-feira (20), havia 43 pacientes internados. São 15 hospitalizados no Hospital Pompéia, 12 no Virvi Ramos, sete na Unimed, cinco no Geral e quatro no Círculo. Na UTI estão hospitalizadas 12 pessoas, sendo duas crianças. Há ainda casos suspeitos que aguardam confirmação.
Para se ter uma ideia do aumento nas internações em UTI, em 27 de outubro não havia nenhum paciente em hospitais com a doença em Caxias. Em Bento Gonçalves havia uma pessoa no Tacchini e, em Farroupilha, também não havia casos. Outras 33 estão em leitos hospitalares, sendo nove na UTI, à espera de testagem.
— A covid está desenhando uma sazonalidade, que é aquele período em que a gente vê maior circulação de um vírus. Assim como ocorre com a Influenza no inverno, a covid parece que está desenhando isso agora sempre ao final do ano no Brasil. A gente provavelmente vai conviver com isso todos os finais de ano — aponta a infectologista do Hospital Virvi Ramos, Andréa Dal Bó.
Positividade dos testes aumentou 45%
O aumento da testagem reflete significativamente nas internações. A infectologista Anelise Kirsch, do Controle de Infecção Municipal da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), ressalta que o índice de positividade dos testes aumentou 45% em relação à semana passada.
— Significa que quem está procurando para fazer o teste está vindo muito mais positivo do que estava vindo, por exemplo, no início do mês passado. Isso é um alerta, porque provavelmente a gente está com muito vírus circulando na cidade. A OMS aconselha em cenários controlados que a positividade de testes fique em torno de 5% e, aqui, estamos em cerca de 45% de positividade.
Ela orienta que mesmo com sintomas leves, as pessoas façam o teste:
— É um índice muito alto de positividade, o que mostra que muitas pessoas estão assintomáticas e não estão fazendo teste. O alerta que fica é que, mesmo quem tenha sintomas muito leves, como garganta arranhando, coriza de leve e dor no corpo procure o teste para que não fique circulando com o vírus. Quando positivo, que fique em isolamento por sete dias e use máscara quando estiver com outra pessoa por 10 dias .
Risco aos idosos
Os quadros mais graves ainda provocam mortes, principalmente, de idosos ou de portadores de comorbidades como diabetes, hipertensão, câncer e obesidade. Esse público, além daqueles que não completaram o esquema vacinal, é mais vulnerável a desenvolver a forma mais grave da doença, o que exige, muitas vezes, internação em UTI e eleva o risco de morte.
— Outubro e novembro foram meses muito positivos, tínhamos poucos internados e chegamos a ficar sem pacientes hospitalizados em Caxias. Agora voltou a ter esse aumento, principalmente, entre idosos — confirma a infectologista Andréa Dal Bo.
Para não expor o grupo de risco nas festas de Natal e Ano-Novo, as especialistas lembram que o vírus não atinge as pessoas da mesma maneira e que os mais vulneráveis correm o risco de não sobreviver. Andreia reitera a necessidade de cuidados com este público:
— Se for fazer confraternização em que tem uma pessoa com 60 anos, tem que ter cuidado na hora da alimentação, deixar ela um pouco mais afastada, procurar usar máscara. E se tiver algum sintoma gripal não ir ao evento, resguardar essas pessoas.
As médicas também pedem que a população atualize o calendário vacinal. Anelise aponta que em Caxias, 45% da população está com o esquema completo de três doses e, com a primeira e segunda ou dose única, em torno de 80%. Ela ressalta que, por exemplo, as pessoas acima de 30 anos podem ter a quarta dose, mas apenas 4,45% estão com o segundo reforço em dia.
— As pessoas jovens, que circulam mais e as que tem sintomas mais leves e podem carregar a covid para as pessoas mais vulneráveis não estão vacinadas. Isso nos preocupa também. Crianças a partir de três anos não temos nem 20% vacinadas. E são essas que vão nos colo das vozinhas. De cinco a 11 também não chega a 70% do esquema completo — ressalta Anelise, que alerta também para o aumento de infecções em casas de repouso.
Medicação na UPA Zona Norte
A medicação Paxlovid, remédio para pacientes com covid-19, está disponível na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Zona Norte em Caxias do Sul. A medicação diminui as chances de a covid-19 evoluir para casos mais graves.
— A indicação é para pessoas acima de 65 anos, independentemente de terem ou não tomado a vacina. Essa medicação está disponível pelo SUS, na UPA Zona Norte, mediante consulta médica e para pessoas com exame positivo para covid-19. Mas, por teste de antigeno ou PCR, não pode ser autoteste. Ela reduz 98% da mortalidade e hospitalização — alerta Andréa.