O número de casos de covid-19 e de mortes provocadas por complicações da doença tem recuado ao longo dos meses em Caxias do Sul. No município, hoje a doença é considerada controlada, mas isso não significa que não sejam mais registrados óbitos. Os quadros mais graves ainda provocam mortes, principalmente de idosos ou de portadores de comorbidades como diabetes, hipertensão, câncer e obesidade.
Esse público, além daqueles que não completaram o esquema vacinal, é mais vulnerável a desenvolver a forma mais grave da doença, o que exige, muitas vezes, internação em unidade de terapia intensiva (UTI) e eleva o risco de morte. Outro alerta importante é a circulação do coronavírus, que deve permanecer, a exemplo dos vírus da Influenza, H1N1 e H3N2.
Desde março de 2020 quando foi registrado o primeiro caso de covid-19, 1.650 pessoas morreram por complicações provocados pelo coronavírus em Caxias do Sul. Na última semana, três mulheres, de 94, 74 e 65 anos, perderam a vida.
— Ainda temos idosos com a infecção e evolução desfavorável, que necessitam de cuidados em UTI e vão a óbito. Com a ampliação da vacinação para crianças com faixas etárias menores, isso vai favorecer a redução também da circulação viral nesses grupos — analisa a infectologista Viviane Buffon, do Hospital Geral, ao se referir à liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso da Pfizer em crianças acima de seis meses a quatro anos.
Ela lembra que mesmo diante do recuo de casos graves, ainda é necessário manter alguns cuidados, especialmente, com quem integra o grupo de risco. São medidas com as quais todos se acostumaram quando o contágio era maior. Entre as medidas preventivas, a infectologista do Controle de Infecção Municipal, Anelise Kirsch, orienta a lavar as mãos ou higienizar com álcool gel 70%, usar máscara e manter distanciamento de pelo menos 1,5 metro para proteger quem está no grupo de risco:
— Os cuidados devem seguir especialmente para os idosos, pessoas que vivem com doenças imunossupressoras ou que estejam fazendo tratamento imunossupressor e crianças recém-nascidas. E claro, para os não vacinados, que seguem vulneráveis — recomenda ela.
O decréscimo no número de internações e, consequentemente, as vagas liberadas em UTIs, são atribuídas pelas especialistas ao resultado da vacinação. Para a infectologista Andréa Dal Bó, estar com a vacina em dia é um dos cuidados essenciais para evitar mortes de idosos. Ela ressalta que, para os imunossuprimidos com mais 40 anos, há a quinta dose, que tem indicação para ser aplicada quatro meses depois da quarta dose.
— Tem que continuar evitando aglomerações, evitando sair sem máscara. As pessoas que estão no grupo de risco, idosos e imunossuprimidos, na minha opinião, devem permanecer usando a máscara. As pessoas que convivem com esse grupo têm que estar com a sua vacinação em dia. É assim que a gente vai conseguir evitar as hospitalizações e os óbitos nessa população.
Pandemia
A Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda caracteriza a covid-19 como uma pandemia. O entendimento é de que apesar da queda acentuada no número de contaminações e mortes, ainda há milhares de casos sendo diagnosticados todos os dias ao redor do mundo. A médica Viviane Buffon explica que é a OMS que determina o grau de gravidade e o impacto dessa infecção. Ela ressalta que a análise depende dos dados registrados em todos os países.
— Atualmente, certamente passaríamos de uma situação de pandemia para uma situação de endemia no nosso país, mas isso vai depender do pronunciamento e das definições da OMS. Ainda vivemos uma pandemia porque existem alguns países com o número alto de casos com gravidade — ressalta a infectologista.
Até a tarde de sexta-feira (23), havia quatro pacientes infectados com coronavírus internados em UTIs de hospitais do município, sendo dois deles de Caxias do Sul. Outros quatro estão em leitos de enfermaria e residem na cidade. Até então, foram confirmados 143.508 casos positivos desde 2020 em Caxias. Atualmente, são 68 pessoas em isolamento domiciliar e 124 aguardando resultado de exames.
Cuidados
Embora o número de pessoas com covid-19 tenha reduzido, assim como as internações e mortes, recomenda -se que pessoas do grupo de risco tenham cuidados para evitar o adoecimento mesmo estando vacinadas:
:: Evite permanecer próximo a pessoas com algum sintoma de resfriado ou gripe.
:: Lave as mãos ou use álcool gel com frequência, especialmente, se estiver em ambiente público.
:: Mantenha consultas regulares com o seu médico para controle das comorbidades.
:: Tenha hábitos saudáveis.
:: Use máscara em locais com aglomeração.
Lembrar que, além do coronavírus, há outras doenças transmitidas pela via respiratória como Influenza, tuberculose e pneumonia bacteriana.
Fonte: infectologista do Hospital Geral, Viviane Buffon