1,5 mil casinhas construídas por crianças e adolescentes da Zona Norte de Caxias do Sul foram unidas e formam uma impressionante maquete, que representa os bairros da região. Essa obra pode, agora, se tornar a maior maquete coletiva e sustentável do país, uma vez que abriu pedido junto ao Rank Brasil, conhecido como Guinness Book Brasileiro, para reconhecer o feito. O trabalho coletivo está exposto na Expo Favelar, aberta neste domingo (20), na Fluência Casa Hip Hop, no bairro Santa Fé. A exposição segue até 27 de novembro.
A grande maquete não é uma réplica, mas representa os bairros da Zona Norte de Caxias, se inspirando na região. No meio dela, também há prédios que representam as escolas envolvidas nos projetos, parceiros e até uma estação de tratamento de esgoto. As casinhas foram construídas entre os dias 24 e 28 de outubro, com oficinas em oito escolas municipais e três serviços socioassistenciais dos bairros da ZN. Neste domingo, as casinhas finais foram colocadas na maquete, em ação que contou com quem auxiliou na organização e construção. Veja o resultado no vídeo abaixo:
Um dos organizadores da Expo Favelar e coordenador do Projeto Favelar, Andrigo Martins, conta que o projeto foi retomado neste ano, com apoio do Studio Santa Lata, com a proposta “mais ousada” de conseguir o feito no Rank Brasil. Mas, antes da importante marca, o coordenador chama atenção que o grande objetivo é destacar a comunidade para atrair mais parcerias e investimentos para apoiar a cultura local.
— A ideia também é trabalhar bastante esta questão de pertencimento na comunidade, que neste momento é muito importante — completa Martins.
O projeto é marcado pela acessibilidade e sustentabilidade. As casinhas, inclusive, foram feitas com caixas de leite e papelão, sendo 90% do material sustentável. Todo o trabalho é registrado pelos organizadores e certificado pelas entidades e instituições participantes, com acompanhamento da Rank Brasil, que depois dará a resposta sobre o recorde.
Uma das parceiras do projeto é a Fluência Casa Hip Hop, que também empresta o seu espaço para expor a maquete. Uma das coordenadoras da entidade, Kamila Bazzo, destaca como o desenvolvimento da ideia contribuiu para as crianças e adolescentes da comunidade que participaram do trabalho.
— É muito de trabalhar a questão do senso de coletividade. São casinhas que foram feitas em oficinas, mas foram feitas de forma individual e ganham sentido quando se juntam na maquete inteira. Isso é uma metáfora da comunidade, o quanto individualmente temos uma potência e quando se junta, se transforma em algo novo e diferente. É muito simbólico — reflete Kamila.
Orgulho do resultado
Nas escolas e serviços socioassistenciais da ZN, as crianças e jovens construíram a casinha, mas não tinham visto ainda o resultado final. Neste domingo, alguns puderam pela primeira vez ver a maquete completa. As expressões dos jovens eram de surpresa e orgulho com o trabalho. Estudante do 8º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Angelina Sassi Comandulli, Amanda Klein dos Santos, 13 anos, adorou ter participado deste projeto.
— Foi muito bom participar porque foi ver que várias pessoas estão juntas em uma comunidade só — conta a aluna.
A comunidade escolar também ficou satisfeita com a colaboração. O final de ano, que geralmente envolve muita pressão para todos, ganhou um momento de leveza, como notou a vice-diretora da EMEF Professora Ilda Clara Sebben Barazzetti, Rosana Cardoso.
— Foi uma experiência muito diferente. Percebemos o envolvimento deles até por ter a ver com a situação do pertencimento e a identificação com o projeto. O resultado ficou maravilhoso — descreve a professora.
A exposição segue até 27 de novembro na Fluência Casa Hip Hop, localizada na Rua Francisco Barbosa Velho, nº 132, no bairro Santa Fé. As visitações devem ser agendadas no Facebook ou Instagram (@fluenciacasahiphop) da Fluência, ou pelo telefone (54) 99179-1738.
O Projeto Favelar tem realização da Fluência Casa Hip Hop e do Studio Santa Lata, com apoio do Sesc Caxias do Sul, Sindiserv, Sindicato dos Metalúrgicos, Serrana Tintas e Sanmartin Brasil.
