As ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, serão reforçadas em municípios da Serra. Nesta quarta-feira (23), Nova Petrópolis, São Marcos, Bento Gonçalves e Vacaria começaram a instalar as chamadas ovitrampas — armadilhas com levedo de cerveja que atraem a fêmea do mosquito, para acompanhamento da densidade de ovos depositados, algo que permite avaliar a presença do mosquito em determinada região da cidade. Na quarta-feira (30), os equipamentos também serão instalados em Farroupilha.
A iniciativa integra um dos dois projetos desenvolvidos pela Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS), em parceria com o Ministério da Saúde e com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), como forma de complementar as ações que já são realizadas no sentido de combater a doença no RS. Vinte cidades passarão a contar com as novas armadilhas e três com aplicação de inseticida dentro de domicílios ou locais considerados estratégicos.
Disponibilidade estrutural, de logística e análise estão entre os critérios que definiram as cidades para implementação das ovitrampas. Outro critério foi o da condição epidemiológica, sendo eleitos municípios com infestação — dos 497 municípios gaúchos, 453 são considerados infestados e, nestes, as armadilhas que detectam larvas, por protocolo, deixam de ser utilizadas.
A ovitrampa trata-se de um recipiente com o levedo de cerveja e um pedaço de madeira, onde os ovos deverão ser depositados pelo mosquito. A etapa de instalação ocorre após uma capacitação oferecida pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) a agentes locais, que também determinou a quantidade e os pontos para cada cidade. Dentro do projeto, a armadilha será utilizada ao longo de um ano, com instalação uma vez por mês em ciclos de cinco dias cada.
— O recolhimento precisa ocorrer dentro de cinco dias. Mais do que isso, poderia se tornar um criadouro, porque haveria risco da água acumular a ponto de atingir os ovos, dando condições para eclodirem. A partir da coleta, o material é levado para laboratório, onde será verificada a densidade, que é a quantidade de ovos, e com isso poderemos acompanhar quais os pontos que estão mais infestados e o quão infestados eles estão — afirma o coordenador da Vigilância Sanitária e Ambiental em Saúde de Nova Petrópolis, Rafael Aguiar Altreiter.
No município serão instaladas 100 armadilhas entre esta quarta e quinta-feira, mantendo-se a duração de cinco dias para cada uma delas. O coordenador afirma que a ferramenta contribuirá para um melhor direcionamento de inspeções, ajudando no combate ao mosquito transmissor. Neste ano já foram confirmados 16 casos de dengue em Nova Petrópolis.
— Sabemos que o mosquito tem predileção por ambientes mais urbanizados, e também que costuma depositar os ovos nas bordas de recipientes propícios ao acúmulo de água. Com esta ferramenta conseguiremos tirar estes ovos do ambiente, já que, mesmo após um longo período, podem eclodir ao terem contato com a água. Por isso é importante escovar potes plásticos, por exemplo, porque o ovo pode estar ali — completa Altreiter.
Para Nova Petrópolis, o projeto com a ovitrampa torna-se mais uma estratégia que se soma às que já são adotadas no combate à dengue, como as visitas bimensais de agentes da saúde a todos os imóveis da cidade, inspeções em pontos estratégicos, placas informativas e a conscientização em escolas, por meio de teatro de fantoches.
Bento Gonçalves e Vacaria também totalizam 100 ovitrampas, que passarão a auxiliar no monitoramento da presença do mosquito. Para São Marcos e Farroupilha, foi estipulado o uso de 50 armadilhas.