Ter liberdade para brincar. Correr até cansar. Construir amizades para uma vida toda. Descobrir o mundo. Viver inúmeras coisas pela primeira vez. Tudo isso faz parte da infância e de ser criança. Para além de pacotes de presente e de festas, o dia 12 de outubro reforça a importância de olhar para as crianças como indivíduos com direitos, desejos e, principalmente, opiniões. Por isso, a reportagem visitou duas escolas da rede municipal de Caxias do Sul para saber o que elas pensam sobre esta etapa tão genuína e singular da vida e sobre o dia delas — confira mais abaixo.
Antes, contudo, é importante contextualizar: no Brasil, o Dia das Crianças foi oficializado no calendário em 1924, após o país sediar, em 1923, o Congresso Sul-Americano da Criança. O decreto assinado pelo então presidente Arthur da Silva Bernardes, na verdade, institui a data como "a festa da criança". Mas o fato é que, por muito tempo, a celebração passou batida nas instituições e nos lares brasileiros. Foi somente na década de 1950, 30 anos depois, que a data ganhou apelo comercial e a força que tem nos dias atuais. Conta-se que, por volta de 1955, a fabricante de brinquedos Estrela lançou a chamada Semana do Bebê Robusto para alavancar as vendas de boneca. A campanha não só recuperou o marco no calendário instituído pelo presidente em 1924, como também consolidou o 12 de Outubro como uma celebração infantil.
Além do apelo comercial que cerca a data e faz muitas famílias apelarem para as economias do cofrinho, a gerente de Educação Infantil da Secretaria Municipal da Educação (Smed), Elise Testolin, explica que, no ambiente escolar, o 12 de Outubro ganha um significado ainda mais relevante. É nos dias que antecedem a comemoração que as escolas planejam atividades especiais, voltadas, principalmente, ao brincar.
— O brincar é a linguagem essencial da criança, é um direito e um ato essencial para ela. É através da brincadeira que a criança aprende, tem todo o desenvolvimento integral dela, conhece o mundo, conhece a si mesma e se constitui — ponta Elise.
Mas, quem pensa que a brincadeira se restringe aos muros da escola, está enganado: é papel dos pais e responsáveis incentivarem a prática e o mais importante, garantirem tempo de qualidade junto aos pequenos. Por isso, não basta estar de olho no celular ou garantindo a refeição do dia seguinte enquanto passa o tempo com seu filho ou filha. Para a profissional, é preciso vivenciar o momento de forma plena.
— Quando você brinca e interage, você está colaborando para a constituição da criança e da cultura infantil. Toda brincadeira é uma cultura, é algo que a criança produz. É preciso ter a concepção de que as crianças são sujeitos que compreendem, que têm pensamentos, conhecimentos e opiniões. Elas têm muito a nos ensinar — finaliza Elise.
Com a palavra, as crianças!
Na inocência e no imaginário infantil, as definições sobre ser criança variam. Para alguns é brincar. Para outros, estudar. Ainda tem aqueles que já pensam adiante e estão de olho no futuro. E os que nunca esquecem da base familiar. Nos últimos dias, a reportagem visitou as escolas municipais Engenheiro Mansueto Serafini, no bairro Pôr do Sol, e Basílio Tcacenco, no bairro Esplanada, e perguntou às turminhas de pré, 1º e 2º ano o que é ser criança. Eles também comentaram o que esperam deste dia 12 de Outubro. Spoiler: não é só presente!
Escola Basílio Tcacenco
— Eu gosto de brincar, quero aproveitar para ser criança porque, quando eu crescer, fica difícil, a gente tem que trabalhar e não pode parar.
Emanuelle dos Santos da Silva, oito
— A minha função favorita de ser criança é estudar e aprender. Mas eu tô pensando em ficar pequeno para sempre para aproveitar os amiguinhos.
Arthos Triches, sete
— Ser criança para mim é estudar, fazer as continhas de mais e de menos, escrever emendado e me esforçar para poder ser um adulto inteligente e ajudar a minha família — Samuel Rodrigues da Silva, oito
Escola Engenheiro Mansueto Serafini
— Eu gosto do Dia das Crianças porque eu posso brincar e assistir filme. Às vezes, as famílias nem têm dinheiro para comprar presentes, mas o presente pode ser a família mesmo.
Isabeli Erthal, seis
— A gente, que é criança, pode brincar e curtir um montão os animais. No Dia das Crianças, a gente ganha presente e faz várias coisas legais.
Manuela Maciel, seis
— O Dia das Crianças não é só para ganhar presente. É um dia de proteção, de amor. O que adianta ter brinquedo se não pode ficar com a família?
Bernardo Rodrigues da Silva, sete
— Ser criança é brincar e jogar cartinha com meus pais.
Louis Mabilia, seis