Jovens pesquisadores de Caxias do Sul e Bento Gonçalves vão marcar presença na maior feira científica da América Latina. Com projetos inovadores, como usar o metaverso para incentivar a inclusão de autistas a projeto de identificação do Sistema Solar para pessoas com deficiência visual, Caxias do Sul terá 44 participantes. No total da 37º Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), serão 666 projetos, divididos entre 329 na Mostratec (Ensino Médio e Técnico) e 337 na Mostratec Júnior (Fundamental com 264 e Infantil com 73). Destes 16 são de escolas caxienses. Também será realizada a 12º da Mostratec Júnior, que se destina à apresentação de projetos de alunos do Ensino Fundamental.
Há poucos dias da abertura, a estimativa da organização é receber entre 30 e 40 mil pessoas. A mostra ocorre no Centro de Eventos da Fenac, em Novo Hamburgo, de 25 a 27 de outubro de 2022, das 13h30min às 21h. A proximidade do evento gera expectativa e empolgação em quem terá os trabalhos expostos neste ano. As estudantes Ana Clara Michelon Gomes, 15 anos, Júlia de Bittencourt Soares, 16, e Marina Guilherme Corso, 15, estão entres esses alunos. Elas estão no 1ª série do Ensino Médio do Colégio La Salle Carmo. As três uniram a paixão pela Astronomia com a vontade de buscar inclusão e criaram uma maquete de sistema solar para ser utilizado em aulas para pessoas com deficiência visual.
A ideia partiu do professor de Física Rodrigo Lazarotti e teve a orientação da professora de Química Daniela Boff. As adolescentes entraram em contato com o Instituto de Audiovisão (Inav). Elas conversaram com pessoas com deficiência visual para entender qual era a percepção delas a respeito do sistema solar. A maioria delas relaciona o sol com alegria, que é quente e tem a forma de uma esfera, também descrevem como imaginam a Terra, mas não tinham noção dos demais planetas.
Elas criaram uma maquete do sistema solar com madeira arredondada nas pontas para colocar todos os planetas, que foram feitos de isopor. Também usaram uma lâmpada mais forte para ela aquecer o suporte que foi colocado acima na maquete para representar sol, e conta também com lâmpadas de led.
— A gente pesquisou as principais características de cada planeta e fomos atribuindo essas características na bola de isopor. Se um planeta tem muitas crateras na superfície dele, a gente fez as crateras. Se tem muito relevo, fizemos o relevo. A gente tentou colocar em evidência cada planeta o mais parecido possível — conta Marina.
Júlia ressalta que a maquete também vai receber as placas com os nomes dos planetas em braile para ser utilizada por estudantes com deficiência visual.
— Já testamos com uma moça com deficiência visual e deu certo, ela entendeu as características dos planetas. Foi positivo — comemora Júlia.
Marina acrescenta que a ideia é testar o projeto com mais pessoas. Já Ana Clara afirma que elas pretendem qualificar a maquete com a colocação de um botão de touch em frente a cada planeta.
— Quando o aluno tocasse no sensor sairia a explicação oral sobre cada um dos planetas que ele acionasse o botão. Temos essa ideia desde o início do projeto e não concretizamos por falta de verba. Temos essa intenção, e em futuras (feiras) podemos colocar em prática. A maquete é eficaz e acessível e queremos levar para o maior número de instituições possíveis — projeta Ana Clara.
Os professores Daniela e Lazarotti avaliam que a ideia incentiva a inclusão e o acesso à informação cientifica.
— Elas construíram uma ferramenta para favorecer a acessibilidade para um grupo que é esquecido pela sociedade. É uma prática positiva e a expectativa é que elas consigam apresentar um bom trabalho, participar, obter dicas e conhecimento e possam continuar o trabalho se quiserem continuar no próximo ano — ressalta Daniela.
O professor comemora essa união da ciência com a acessibilidade:
— Como elas gostam de astronomia, pensei em uma ferramenta para que as pessoas que não têm acesso ao conteúdo possam aprender de forma diferente — pontua Lazarotti.
Os Prêmios e Incentivos Educacionais estão sendo oferecidos por 39 organizações e são estimados em mais de R$ 1 milhão. Promovido pela Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, a feira vai contar com representantes de oito países.
Bento Gonçalves também estará no evento
A cidade de Bento Gonçalves será representada por seis alunas que vão apresentar quatro pesquisas. As jovens pesquisadoras do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (Ifers) analisaram temas nas áreas do feminismo e sociedade.
A Mostratec terá transmissão ao vivo pelo canal youtube.com/oficialmostratec.
Confira os projetos de Caxias que serão apresentados na feira
Ensino Médio e Técnico
A reutilização das cascas de nozes e a incorporação com polímeros: Isabel Roesch Martins, Eduarda Salvador Terhorst e Maria Thereza Adamatti Rizzotto - Centro Tecnológico Universidade de Caxias do Sul.
Avaliação do potencial antifúngico dos extratos de própolis de abelhas nativas sem ferrão no controle de fitopatógenos: Helena Gil de Oliveira, Clarice Rech Costantin e Luiza San Martins Roese - Centro Tecnológico Universidade de Caxias do Sul.
Influência da concentração em atletas de handebol de surdos em jogos da Summer Deaflympics 2021 (Surdolimpíadas de Verão): Guilherme Triches Silvestro, Tiago Triches Silvestro e Murilo Lazzari Gasperin - Centro Tecnológico Universidade de Caxias do Sul.
Ação antifúngica do óleo essencial de Losna (Artemisia vulgaris) no controle da Antracnose (Colletotrichum acutatum) pós-colheita do morango, estudo in vivo e in vitro, esmiuçado - Gustavo Mendes Giasson, Isabela Reginato Pilatti e Camila Brollo Macêdo - Centro Tecnológico Universidade de Caxias do Sul
Pobreza menstrual: distribuição gratuita de absorventes: Carolina Maurina Aver, Julia Cetolin Barcarol e Graziele Lopes Traiber - Caminho Rede de Ensino.
Neuromarketing: Sofia Palavro Biazus, Bianca Palavro Biazus e Victoria Rodrigues Longhi - Caminho Rede de Ensino.
Defesa Contra clonagem de cartão - Eduardo, Jáder Murilo Black Nery e Luka Kuyava Marques - Caminho Rede de Ensino.
O biogás animal pode ser um solução para a falta do gás natural? - Giovanna Mattana Perozzo, Mariana Basso e Vitor Basso Balconi - Colégio La Salle Carmo.
Existe Diferença no Desenvolvimento Motor e Cognitivo e Crianças Vegetarianas E Onívoras?- Renata Cavalli, Luiza Panizzi Jaeger e Augusto Magnus Pizzamiglio - Colégio La Salle Carmo.
Identificação do Sistema Solar em Escolas com Deficientes Visuais - Ana Clara Michelon Gomes, Júlia de Bittencourt Soares e Marina Guilherme Corso, ainda do colégio acima.
Produção e Análise de Filmes Poliméricos Biodegradáveis a partir da casca do arroz e da palha do milho, elaborado por Raíssa de Freitas Herardt, Natália Eliana Ritter e Nicolas Fernandes Trevisan - Senac Caxias do Sul.
12ª Mostratec Júnior
Metaverso Auxiliando na Aprendizagem de Autistas - Brenda Rosa Nienov e Kauane Vitória Juvenal - EMEF Alberto Pasqualini.
Epigenética - Mariana Scarsi Grohs e Martina Saviatto Severo - Colégio La Salle Carmo.
Os Metais do Futuro: Nióbio e Grafeno - Lorenzo Rech, Gabriel Garlet e Franco Giuseppe Nardi Colégio La Salle Carmo.
Felicidade ao Longo da Vida: Pesquisa se Campo e Análise Comparativa - Sophia Gomes Poyer e Rafaela Barbosa Ramos - Centro Tecnológico Universidade de Caxias do Sul.
Caxias do Sul e Grafeno: Realidades e Perspectivas - Laura Torriani, Luísa Torriani e Lucas Tadeu Ferreira Rech - Caminho Rede de Ensino.
Confira os projetos de Bento Gonçalves que estarão na Mostratec
As Mulheres que não comem pão: o feminino e o mar na Odisseia: Bianca Elizabeth Suthoff Lunkes.
Mulheres em transe na terra do sol: o feminino nos filmes de Glauber Rocha: Sofia Laste Furlanetto.
Preconceito e Padrões de Beleza: a relação e seus impactos nas meninas adolescentes da serra gaúcha: Ana Carolina Peruzo, Allana Canacar Biscaia e Rafaela Longhi Zandonai.
Terrorismo de estado nas telas: a representação da infância nos filmes sobre as ditaduras civil-militares do Conesul: Maria Eduarda Altíssimo Medeiros.