Quem passa pelas Estações Principais de Integração (EPIs) em Caxias do Sul deve ter se deparado com o pedido para uma pesquisa sobre mobilidade urbana. Este levantamento faz parte da terceira etapa do Plano Diretor de Transportes e Mobilidade Urbana (Planmob). Com os dados, que serão colhidos em mais ações realizadas nos próximos dois meses, a empresa URBTEC™, que venceu a licitação aberta pela prefeitura, desenvolverá o projeto que apontará melhorias a serem feitas na mobilidade urbana caxiense, seja no trânsito de veículos ou pedestres.
Como explica a coordenadora de campo do trabalho, Vanessa Fontana Kerecz, colaboradores da empresa realizam pesquisas de satisfação, de origem e destino e de frequência e observação. No primeiro momento, foi optado começar pelo transporte público. Nas próximas semanas, os colaboradores passam a analisar pontos como condições de calçadas e de acessibilidade.
A empresa pede que a população colabore com os pesquisadores, uma vez que estes dados são fundamentais para o plano que será desenvolvido. Vanessa lembra que informações pessoais não são registradas e as conversas estão protegidas pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
— São pesquisas de dois a cinco minutos. São rápidas e pontuais. Tivemos pessoas com medo, porque pedem nome e endereço, por exemplo. Mas, isso não fica registrado. No final, é um grande banco de dados que vai dizer que, por exemplo, cem pessoas saem desse local e vão para o Centro, 200 pessoas saem desse outro local e vão para destino tal. É uma questão de números. Não ficam registradas informações pessoais — informa a pesquisadora.
A URBTEC™ também está com câmeras para contagem de tráfego, principalmente em cruzamentos considerados críticos. A análise serve para avaliar pontos como volume, demora e até tempo de semáforo. Colaboradores também realizarão pesquisas em domicílio, para entender quais tipos de viagem os moradores fazem, quais transportes utilizam e o que pensam sobre modais alternativos.
No final destas pesquisas, que devem ser feitas até 30 de novembro, o levantamento gera uma matriz de origem — destino, com dados separados por hora, por período e também por modo de transporte (como, por exemplo, quantas pessoas usam bicicleta e para onde vão). Isso leva a uma simulação em programas específicos, para o desenvolvimento de melhorias, propostas, alternativas e soluções para os próximos 10 anos no trânsito caxiense.
— Para ter uma ideia de, por exemplo, um novo contorno, uma nova via de ligação, ou uma nova linha exclusiva, ou mais horários de um ônibus, para fazer com que o sistema fique melhor para o usuário. Quanto mais eles contribuírem para o projeto, mais ele vai ficar melhor no final — exemplifica Vanessa.
Cronograma
O plano já teve as etapas um e dois concluídas, que são, respectivamente, o desenvolvimento do cronograma e plano de trabalho e o plano de comunicação, em que os dois relatórios já estão em produção. A pesquisa e o pré-diagnóstico fazem parte da terceira etapa. Após esse momento, o Planmob passa para diagnóstico e prognóstico. O plano tem outras cinco etapas (Planos Municipais Específicos, Plano de Gestão de demanda de elaboração de Diretrizes para o plano de melhoria de oferta, Plano de Melhoria de Oferta, Plano de Implantação, Gestão e Monitoramento; e Minuta do Projeto de Lei e Adequações após aprovação no Legislativo) e deve ser concluído em um ano a partir da ordem de início, assinada em julho deste ano.
Colaborando com o futuro
Nesta quinta-feira (15), equipes da URBTEC™ circulavam pelas EPIs Imigrante, Floresta e paradas de ônibus centrais. Entre as colaboradoras estavam Patrícia Santos, 37 anos, e Andriele dos Passos, 26. Atentas ao movimento, elas levantavam a origem e o destino de passageiros. Parte do trabalho, inclusive, é feita dentro do ônibus. A colaboradora embarca na linha que precisa acompanhar e ali faz a entrevista aos passageiros.
— Perguntamos para a pessoa de onde ela está vindo, se de casa ou do trabalho, e para onde ela está indo. E aí, temos algumas outras opções dentro do aplicativo, e vamos conversando com as pessoas dentro do ônibus — conta Patrícia.
Além do trabalho, o sentimento de participar do projeto é recompensador.
— Estou gostando de fazer o trabalho, de poder fazer a minha parte para melhorar a cidade — relata Patrícia.