No fim do Agosto Dourado, um movimento mundial sobre a conscientização à amamentação, um grupo de empreendedoras realizou em Caxias do Sul o Mamaço, ação alusiva à data. Neste domingo (28), a Biblioteca do Largo da Estação recebeu rodas de conversa e outras atividades, como aulas de pilates e dança, com o intuito de compartilhar e esclarecer informações úteis sobre o aleitamento materno. Como destaca uma das organizadoras, Jéssica Beatriz Fernandes, um dos objetivos do evento é começar a criar redes de apoio para mães, que muitas vezes enfrentam dificuldades no momento da amamentação e não recebem o tratamento correto.
Algumas vezes, como relata Jéssica, os desafios começam dentro de casa, quando pais e avós começam a dar “pitacos”, muitas vezes incorretos, sobre como a nova mãe deveria ou não agir, ainda mais quando se trata de amamentação.
— Se não tivermos uma rede de apoio que ajude a mulher a chegar ao objetivo dela, a amamentação tem mais chance de fracassar. A comunidade no geral precisa estar sabendo. Por mais que você me diga, eu não tenho filhos ou não pretendo, em algum momento você pode conhecer alguém que vai gestar e você vai fazer diferença na vida dessa pessoa — destaca Jéssica, que organizou o Mamaço ao lado da fonoaudióloga perinatal e consultora em amamentação Larissa Simon; e da empreendedora Uine Monteiro.
Da mesma forma, a informação correta pode ser uma forma de proteger a mãe e o bebê. Jéssica lembra de casos de amigas em que houve o desmame precoce por orientação incorreta.
O desmame precoce, inclusive, é um cenário bastante comum no Brasil. A enfermeira e consultora em amamentação Fernanda Peixoto, que palestrou no Mamaço, lembra que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda, pelo menos, seis meses de aleitamento materno exclusivo. No país, a média é de 42 dias de vida do bebê.
— O Agosto Dourado vem para promover isso. Isso impacta diretamente na questão social porque interfere na questão financeira e na questão de saúde. Esses movimentos são importantes para conscientizar a população — conta Fernanda.
Alguns exemplos citados por Fernanda, que podem passar despercebidos pelos pais, são, por exemplo, o uso de acessórios como chupetas e mamadeiras. Eles podem influenciar no desmame. Assim, é importante o acompanhamento com especialistas.
— Começa a interferir na pega correta do bebê, o bebê começa a não fazer a transferência do leite, começa a mamar de forma incorreta, interfere no peso e a mulher começa a achar que não está produzindo o suficiente ou que o leite é fraco, e inicia a insegurança — relata a enfermeira, que também é especialista em laserterapia.
Segurança com conscientização
Quem está tendo uma experiência positiva com a amamentação graças a conscientização, que trouxe segurança para o momento, é a fisioterapeuta Jaíne Pereira, 31 anos. Voluntária do Mamaço oferecendo aulas de pilates, a mãe de Beatriz, um ano, buscou informações desde a gestação.
— Me senti mais preparada, mais segura. Quem não busca a informação já na gestação pode acabar ficando perdida quando o bebê nasce porque tem toda a questão da dor — recorda Jaíne.
Com as informações, Jaíne já sabia como resolver os desafios que poderiam surgir. Beatriz, hoje, segue mamando no peito e, segundo a mãe, não há previsão para o desmame.