O Centro de Referência da Mulher (CRM) de Caxias do Sul atendeu a 656 mulheres por situações de violência doméstica e familiar no primeiro semestre deste ano. Isso significa 20% a menos na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram 827. Os números incluem atendimentos presenciais e à distância. A diminuição na procura, no entanto, pode não significar diminuição real de casos, já que essa é uma condição subnotificada historicamente.
No total, o CRM fez 2.019 atendimentos nos primeiros seis meses de 2022. No mesmo intervalo de tempo de 2021, foram 1.555. Ou seja, houve um aumento de 29%. Nesse dado, estão incluídos números referentes a diversos serviços, o que significa que uma mesma mulher circulou por mais de um deles.
— A gente faz uma escuta e identifica o que essa mulher precisa. São psicólogas e assistentes sociais que atendem essa mulher. Se faz o acolhimento da situação, tenta se tranquilizar essa mulher para pensar qual é o melhor encaminhamento para ela — explica Sonia Rossetti, titular da Coordenadoria da Mulher, sobre o atendimento inicial.
Qualquer mulher vítima de violência pode procurar o CRM, até mesmo as que ainda não fizeram Boletim de Ocorrência na Polícia Civil. Nesses casos, elas recebem esclarecimentos sobre esse registro, mas não são obrigadas a fazer. O serviço oferece também orientação jurídica, explicando o que é a medida protetiva que garante o afastamento do agressor, encaminhamentos e indicações para serviços de psicologia, assistência social e qualificação profissional e, ainda, orienta mulheres que necessitam recebem recomendações sobre como buscar ajuda para oficializar a separação ou obter a guarda dos filhos.
Os dados do CRM também apontam que a faixa etária predominante das vítimas é de 40 a 49 anos (26,96%), seguida pela faixa dos 30 aos 39 anos (25,22%). O perfil do agressor também está traçado. A faixa etária com maior número é dos 30 a 39 anos (27,16%), seguido pelos de 40 a 49 anos (20,69%). Os ex-companheiros representam 29% dos casos e os companheiros 18%. Os registros de violência contra a mulher em Caxias do Sul no ano de 2022 envolveram 23,28% de agressores que se relacionavam até 5 anos com a vítima.
Dossiê da Mulher Caxiense
Esses são dados que devem fazer parte do Dossiê da Mulher Caxiense, iniciativa instituída por lei no ano passado que irá reunir informações sobre a violência contra o sexo feminino em geral. Um grupo de trabalho da prefeitura trabalha no tema, mas Sonia diz que ainda não há prazo para a disponibilização dos dados que ficarão em uma plataforma online. O projeto envolve as secretarias municipais da Saúde e da Segurança Pública e Proteção Social, além da Fundação de Assistência Social.
— Quanto mais visibilidade se dá para essa questão, mais se esclarece o que é a violência contra a mulher — pontua a titular da Coordenadoria da Mulher.
Caxias lidera prisões por violência doméstica
Caxias do Sul teve 133 prisões por violência doméstica no primeiro semestre do ano e, com isso, lidera o ranking no Estado. O número representa um aumento de 17% na comparação com o mesmo período do ano passado, conforme dados do Tribunal de Justiça do RS, apurados por GZH. A segunda cidade com maior número de prisões por esses crimes é Uruguaiana e a terceira, Alvorada. Em todo o Estado, foram 2.082 prisões por violência doméstica no primeiro semestre, um crescimento de 15% sobre o mesmo período do ano passado.
Como procurar ajuda
- Centro de Referência da Mulher:
Pessoalmente no 3º andar da prefeitura, das 8h às 17h, de segunda a sexta.
WhatsApp: (54) 98403-4144
Telefone: (54) 3218-6112 - Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher
Pessoalmente na Rua Doutor Montaury, próximo à Praça Dante Alighieri, no Palácio da Polícia, das 8h30min às 12h e 13h30min às 18h.
WhatsApp da Polícia Civil no Rio Grande do Sul 51 98444-0606 - É possível ainda buscar a Defensoria Pública e a Promotoria de Justiça, inclusive online no Site do Ministério Público.
- Por telefone, pode-se ligar para o 180 do Governo Federal, para o Disque-Denúncia pelo 181 ou para a Brigada Militar pelo 190.
