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A comunidade de Gramado lamenta a morte da decoradora responsável pela concepção da roupagem que tomou as ruas de Gramado durante a mais recente edição do principal evento do ano para o município, o Natal Luz, e de 15 edições da Festa da Colônia, também realizada na cidade serrana. Neka Pante tinha 67 anos e estava internada no Hospital Geral com complicações decorrentes de um câncer na bexiga. Nessa quinta-feira (2), a prefeitura de Gramado publicou uma nota de pesar lamentando a morte que ocorreu na noite de quarta-feira (1º). O corpo de Neka foi velado e sepultado na tarde de quinta, no Cemitério Católico São Lourenço.
Gramadense, Neka atendia a eventos públicos e privados, tornando-se figura conhecida do ramo de decorações na cidade. É lembrada pelo trabalho detalhista e artesanal, muitas vezes, feito pelas próprias mãos, por meio do qual ela sempre buscava imprimir a cultura da comunidade.
— Ela sempre buscava preservar a história e manter a essência da cidade, por meio da valorização de elementos que traduzem Gramado, como a própria hortênsia. Fazia muita coisa à mão. A gente passava o dia trabalhando, de noite ela ia para casa, escrevia poemas, era tudo muito do coração dela, tinha alma em tudo que ela fazia, e era meticulosa, sabia colocar cada coisa no lugar certo — recorda Paula Kohl, que é gestora de eventos da Gramadotur e trabalhou ao lado de Neka em diversas ocasiões, desde 2006.
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Logo após encerrar a decoração urbana do 36º Natal Luz, Paula lembra que Neka foi diagnosticada, dando início a um tratamento que também exigiu a realização de cirurgias. A decoradora já estava internada quando foram iniciados os trabalhos para a Festa da Colônia — que ocorreu entre abril e maio de 2022 — e chegou a pedir liberação médica para executar o serviço em um período de aproximadamente 20 dias no qual dependeu de cadeira de rodas para se locomover, retornando em seguida para a internação.
— A Festa da Colônia era o xodó dela e, por isso, ela fez questão de decorar. Eu ia buscar ela em casa e íamos para tudo que era lugar para ela poder ver as peças confeccionadas sendo instaladas. Até em dias frios e de chuva, fazia questão de trabalhar, priorizando o evento que tanto gostava em detrimento da própria saúde — lembra Paula, que também tornou-se amiga próxima de Neka.
— Não tenho nem palavras para dizer o que vai ser daqui pra frente sem ela. Acho que bem duro, bem pesado, porque vamos encontrar com ela em cada coisa que formos mexer. O que nos resta agora é nos inspirarmos na história dela, no carinho que tinha pela festa, e tocar em frente, que é o que ela desejaria; este é o maior exemplo que ela deixa para gente — completou Paula.
Segundo ela, Neka não era casada e nem tinha filhos, mas deixa em Gramado irmão, cunhada e sobrinhos, além de amigos e colegas de trabalho com quem conviveu durante sua trajetória.