Os moradores da Rua Luiz Antônio de Oliveira, em Caxias do Sul, estão preocupados com uma cratera aberta em frente a duas casas. O buraco abriu depois que uma tubulação de esgoto rompeu com a forte chuva que atingiu a cidade em maio. Essa foi a segunda vez neste ano que o mesmo problema ocorreu em frente a uma das casas no Loteamento Morada Feliz, na região do bairro Mariani II. Em março a galeria já havia rompido e entrava água em uma das casas, segundo relato dos moradores.
Em 2 de maio, o Batalhão de Bombeiro Militar e a Defesa Civil estiveram no local e isolaram uma das casas. No dia seguinte, o buraco aumentou e o muro e o portão da casa ao lado começaram a ceder. Nessa moradia, viviam um casal e duas crianças na parte de cima e um casal no térreo, onde também funcionava um salão de beleza. As famílias seguem fora das moradias desde o começo de maio. Eles questionam a demora do poder público em solucionar o problema.
A cabeleira Estelita Aparecida de Oliveira, 53 anos, conta que até o momento não tem informações concretas sobre se vão poder voltar para casa e o que será feito em relação aos danos.
— Não sei se o salão não vai cair e é perigoso até para entrar na casa. Estamos abalados porque era a única coisa que nós tínhamos. Estamos ficando nas peças da casa de uma amiga e, às vezes, com a minha cunhada. Eles ficaram de dar uma resposta sobre o assunto e até agora nada. Nós perdemos móveis e saímos de casa correndo apenas com algumas roupas —relata ela.
A situação é a mesma do motorista de aplicativo Márcio Antônio de Matos, 39. Ele morava com a esposa e as filhas dela de 12 e 9 anos no andar superior da casa de Estelita.
— A situação piorou com a chuva mais recente porque cedeu mais, abriu uma cratera, e agora o muro e o portão ficaram bem inclinados. Fomos procurar ajuda com aluguel social na prefeitura até resolver o assunto, mas não conseguirmos retorno. Alugamos uma casa ali perto da que morávamos — conta ele.
"A água brotava dentro de casa", conta filho de moradora
A mãe de Reinaldo Vicente Miranda, 48, morava de aluguel na casa onde a galeria cedeu em março. Ele mantinha uma padaria que funcionava com telentrega no térreo.
— Tinha uma laranjeira ali e do nada o buraco parece que engoliu a árvore. Daquela vez, quebrou o cano e o buraco foi crescendo, até que arrumaram. Aí, uns 10 dias veio esse outro temporal e entrou muita água na casa, ela brotava dentro de casa em um banheiro e em outro ponto no fundo da moradia. Parecia um rio. Ainda tem um forno lá para tirar, mas ele é alto, então tenho esperança que consiga salvar, mas perdemos roupeiro, cama, colchão, balcão pia, e várias outras coisas — desabafa ele.
Medo entre os moradores
Entre os moradores da rua, a sensação de medo prevalece, uma vez que não há sinalização no buraco, e quando chove a situação fica ainda pior.
— Como não vamos nos preocupar? Era para a rua estar interditada e tem bastante movimento — ressalta Vagner Giovani Godinho Machado, 58 que mora nas proximidades.
O presidente do Loteamento Morada Feliz, Antônio Gilson de Moura, também mora na rua e busca soluções para a situação:
— E se uma criança cair ali ou um carro à noite? Têm as casas na frente que ficam abaixo do nível da rua, e a prefeitura não se manifesta. Temos o protocolo e até agora nada. O esgoto está a céu aberto, tem o cheiro e o quando chove a situação fica ainda pior, fica uma cachoeira aqui. Estamos preocupados.
Casa terá que ser desmanchada, segundo prefeitura
O secretário de Obras, Norberto Soletti, explica que o loteamento foi construído com recursos do Fundo da Casa Popular (Funcap) e a rede pública de esgoto atravessa todo o quarteirão, sendo que as edificações foram feitas em cima dessa rede. Os próximos passos agora estão concentrados em cumprir as etapas jurídicas necessárias para que a obra seja feita, explica o secretário. Ele ressalta ainda que até o momento não se viu necessidade em bloquear a circulação de veículos na rua.
— Esse é um problema que temos na cidade, inclusive no Centro, e ali nessa rua houve um rompimento na rede que vai para baixo do lote 14. A casa já foi quitada junto ao Funcap e estava alugada, mas para atuar ali nós temos que desmanchar essa casa. A prefeitura não tem como ir lá desmanchar a casa sem estar tudo dentro da legalidade. Não tem como fazer uma manutenção no local sem retirar uma das casas.
Soletti ressalta que ainda não há certeza se a casa ao lado precisa ser desmanchada:
— É uma rede muito antiga que ainda não foi mapeada, então, só depois de retirar a casa e ver no local, vamos ter certeza do que fazer em relação ao outro imóvel. Solicitamos que as pessoas saíssem das casas pela questão do risco e perigo iminente. Nos sensibilizamos com a situação das pessoas que tiveram que deixar suas casas, mas precisamos cumprir os trâmites burocráticos.