Quando o dia começa a amanhecer, as equipes de varrição responsáveis pela limpeza das ruas de Caxias do Sul já estão trabalhando. O serviço, de responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca), é realizado por cerca de 110 profissionais que atuam no setor de varrição da autarquia. O efetivo, composto por maioria feminina — cerca de 90% das trabalhadoras são mulheres, segundo a Codeca — é que dá conta da manutenção das ruas centrais e também bairros da cidade.
Nesta segunda-feira, 16 de maio, Dia do Gari, a reportagem foi às ruas acompanhar o trabalho destes profissionais. Marilene Oliveira, 63, é uma delas. Ela atua há 15 anos no setor de varrição da Codeca.
— Pra mim é maravilhoso, estimulante, eu adoro o que faço. O pessoal me trata super bem, em qualquer lugar que eu esteja trabalhando — afirmou ela em entrevista ao vivo para o Gaúcha Hoje, na Gaúcha Serra.
Ela conversou com a reportagem logo depois de deixar a unidade à qual está vinculada, na Rua Treze de Maio, bairro Nossa Senhora de Lourdes. De forma fixa, ela fica responsável pela Rua Pinheiro Machado, no trecho entre as ruas Treze de Maio e Andrade Neves. Moradora do bairro Jardim América, ela conta que a rotina diária começa ainda antes de ir pras ruas.
— Eu acordo por volta das 5h15min e faço minhas funções em casa, tomo um café, depois pego o ônibus até a unidade. Chego umas 6h30min e tomo café com os colegas. A gente compra junto café e açúcar e uma colega vem sempre mais cedo pra fazer. Às 7h começamos o trabalho e aí cada um vai pra sua área — relata.
O serviço de varrição da Codeca é dividido hoje em quatro unidades que atendem quatro diferentes áreas de Caxias do Sul. Segundo a coordenação, cada profissional tem suas ruas diárias e, em dias alternados, também atua em outras ruas mais afastadas da região central.
— Na segunda-feira a gente acaba encontrando um pouco mais de lixo, principalmente latinha de cerveja, bituca de cigarro, que é o que mais recolhemos, além das folhas das árvores — comenta Marilene.
Em uma de suas andanças, ao longo da uma década e meia na varrição, ela diz já ter encontrado objetos de valor e, principalmente, pertences como documentos.
— Lembro de uma vez que eu encontrei uma sacolinha plástica na esquina da Rua Andrade Neves com a Pinheiro Machado. Eu ia colocar no lixo, mas por acaso resolvi apalpar e então percebi que tinha algo dentro. Eram documentos, cartão de ônibus, e também tinha um número de telefone. Consegui encontrar a pessoa, veio até a unidade buscar e quis me dar R$ 20,00. Eu disse que não tinha necessidade, mas ele falou que era de coração e que eu deveria aceitar, porque pra fazer os documentos novos ele gastaria bem mais do que isso — conta a gari.
Com um frio de 6°C do início da manhã, Marilene seguiu caminho, com seu carrinho, que é enfeitado com terços recolhidos das ruas, mas que ela faz questão de não colocar fora, tendo eles como amuleto de proteção. E lá foi ela, varrendo as ruas da cidade.