O corpo do adolescente de 13 anos que estava desaparecido nas águas do Rio Caí no interior de Caxias do Sul foi localizado por volta das 8h15min da manhã dessa segunda-feira (17). O jovem foi identificado como Nilmar Almeida. Ele estava acampado com amigos na localidade de Nova Palmira, no distrito de Vila Cristina, e desapareceu no domingo (16) depois de entrar na água.
De acordo com informações repassadas ao 5º Batalhão de Bombeiro Militar (5º BBM), o rapaz estava nadando no rio, no final da manhã de domingo quando se distanciou dos amigos, e acabou desaparecendo nas águas.
— Eles estavam em um grupo de amigos, acampando, nadando e pescando no local. Pedimos a comunidade que não extrapole o limite de segurança ao entrar em rios que é a água bater na cintura. O Rio Caí é conhecido pela corredeira, tem uma geologia formada por pedras no fundo, o que faz com que a água tenha uma velocidade muito grande — aponta o comandante do 5º Batalhão de Bombeiro Militar (BBM) de Caxias do Sul, tenente-coronel Julimar Fortes Pinheiro.
Outra equipe dos bombeiros segue as buscas a um adolescente de 14 anos que desapareceu no domingo (16) depois de entrar nas águas de uma das represas do Complexo Dal Bó, no bairro Fátima em Caxias do Sul. Equipes do Corpo de Bombeiros começam as buscas ao jovem a partir das 8h desta segunda-feira (17). São seis soldados, entre eles, mergulhadores de Porto Alegre.
Saiba o que torna o Rio Caí, que cruza 18 cidades da região nordeste, um dos mais perigosos do Estado
Um dos rios com maior incidência de afogamentos na Serra, o Rio Caí é um dos mais importantes e conhecidos do Estado. Ele cruza 41 municípios. Destes, 18 ficam na região, sendo quatro cidades da Serra, dez do Vale do Caí, três da Região das Hortênsias e uma dos Campos de Cima da Serra, que é São Francisco de Paula, onde o Rio Caí nasce no distrito de Tainhas.
Não existe detalhamento de quão profundo é o Rio Caí, mas assim como os rios da região que correm em áreas montanhosas e geologicamente cheias de fissuras e fendas é muito comum ter buracos de 10, 12 e até 15 metros de profundidade em todo o trajeto dele. A informação é de Marcos Vieira Porto, geógrafo e mestre em Geologia e Geofísica Marinha.
— Tem lugares que olhamos e o rio está raso e os banhistas ou quem foi pescar pensa que é tranquilo para atravessar, mas ali pode ter buracos. Vai ter trechos que têm os buracos e que são lugares que normalmente se denunciam pelo relevo, então se tu olha e verifica que tem montanhas muito íngremes nas proximidades do Rio Caí é um indicador de que pode haver um buraco profundo ali, em torno de até dez metros. Tem muitos desses locais em todo o curso do Rio Caí e é muito difícil precisar todos — explicou em entrevista à reportagem de GZH.
Porto explicou ainda que todo rio é potencialmente perigoso:
— Existe uma coisa muito importante que nem todos sabem e precisam ficar atentos, porque quando a gente sabe que está chovendo de forma volumosa em algum lugar a montante, ou seja, rio acima, tem que ter muito cuidado. Porque, às vezes, não está chovendo onde estamos na água, mas já choveu um volume considerável rio acima e aí pode vir uma torrente de forma inusitada. Já teve gente que morreu por causa disso, que foi arrastada porque estava tudo calmo e tranquilo e, de repente, o rio se avoluma, vem aquele monte de água do nada... choveu muito em outro lugar e a água vem descendo, seguindo seu curso e a gente não tem ideia de que aqui embaixo será afetado. A pessoa é pega desprevenida porque ele vem com muita força.