Mais do que uma das principais datas do calendário, o Natal também pode ser um momento para a realização de ações com a comunidade e que mantenham o significado da celebração vivo entre as pessoas em Caxias do Sul.
Quem passar pelas ruas de Forqueta, a partir das 14h30min desta sexta-feira (24), poderá encontrar não só um, mas cinco diferentes papais-noéis em uma caravana especial de Natal. O bom velhinho e seus ajudantes estarão distribuindo 1.008 kits com balas, refrigerantes, chocolates, salgados, pirulitos e pipoca para crianças moradoras do bairro e também de outras localidades vizinhas, que pertencem a Farroupilha. Mais do que representar um Natal diferente para os pequenos, a ação mostra como o voluntariado e o engajamento comunitário são capazes de mobilizar esforços para tornar a data mais especial.
Essa ação é coordenada pela líder comunitária Sandra Bonetto, que atua no distrito há 25 anos. Ao lado dela, outras 40 pessoas se engajaram na iniciativa deste ano, que começou a ser planejada no final de outubro. Ao longo desse período, várias mãos auxiliaram na arrecadação dos doces e na montagem dos kits, assim como quem estará atuando na distribuição dos presentes nesta véspera de Natal.
Dos cinco papais-noéis que serão os protagonistas da caravana, três são moradores de Forqueta e os demais de outros bairros de Caxias, mostrando como a ação expandiu os limites da localidade.
— Unimos associação de moradores, igrejas, comércio e muitas outras pessoas, que contribuíram de forma anônima. É um exemplo de união da comunidade para fazer esse Natal mais especial para as crianças. Teve quem ajudou a montar os kits, mas não estará na distribuição. E vice-versa. Tem muita gente disposta a ajudar— afirma.
Esse será o segundo ano da iniciativa em formato de caravana, mas a ação de Natal em Forqueta é realizada desde 2005. Antes da pandemia, Sandra e os voluntários organizavam uma tarde especial, com apresentações artísticas, encenação e distribuição dos kits na praça do distrito.
Agora, para evitar aglomerações, é o bom velhinho que vai novamente se deslocar para estar mais perto das crianças neste Natal. Além disso, nesse ano, a caravana dobrou de tamanho: no ano passado foram distribuídos 500 kits.
—Queríamos voltar a fazer uma festa, mas não é o momento de aglomerar. Mudamos o formato porque não queríamos parar e porque as crianças nos cobram uma atitude. E isso é feito mobilizando as pessoas para fazer acontecer de fato, mostrando como é possível irmos mais longe quando estamos engajados. O espírito de Natal é isso: trazer harmonia para todos — resume.
O exemplo comunitário vai além da caravana. A praça do bairro está iluminada com 85 conjuntos de lâmpadas doados e instalados pelos moradores. Além disso, também nesta sexta-feira, a partir das 19h30min, a comunidade realiza um espetáculo que conta a história do nascimento de Jesus. A realização é dos alunos do Ponto de Cultura Costurando Sonhos, juntamente com a paróquia de Forqueta.
"Deveria ter um dia para o Papai Noel e outro para o menino Jesus", afirma morador de Caxias que monta presépio no pátio de casa
Vem de uma casa azul na Rua Eduardo Mosele, no bairro Rio Branco, um exemplo de como uma das tradições mais antigas do Natal ainda se mantém viva. Desde a década de 1960, quando chegou em Caxias do Sul, o vendedor Aroldo Bonamigo, 81 anos, monta um presépio na frente da sua residência.
Logo nos primeiros dias de dezembro, ele começa a reunir as esculturas dos clássicos personagens que retratam o nascimento de Jesus e instala o presépio em um local de destaque na moradia que ele mesmo construiu para a família.
Para esse ano, a estrutura ganhou um novo telhado, que mantém os objetos da encenação livre das condições climáticas. O presépio do seu Bonamigo também é acompanhado de luzes, bolas de Natal e presentes que ele ganhou dos cinco netos. Cada lembrança possui um recado especial de Natal ao avô.
Segundo ele, o nascimento de Jesus é um dos símbolos mais importantes e que merecia ser destacado entre os mais pequenos.
— Sempre digo que deveria ter um dia para o Papai Noel e outro para o menino Jesus. Não sou contra, mas acaba ficando o Papai Noel como destaque e esquecem o real significado do Natal. Por isso, monto meu presépio e deixo ele bem instalado para que essa lembrança se mantenha —conta.