A construção do túnel na BR-470, que irá ligar os bairros São Roque e São João, em Bento Gonçalves, está em fase final. A expectativa, porém, é que a obra não seja entregue na data prevista em contrato do dia 21 de dezembro. O consórcio Túnel Bento Gonçalves ainda trabalha na detonação das rochas no lado leste da rodovia federal. O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ipurb) ainda aguarda uma manifestação da empresa responsável sobre a entrega.
O túnel passa por baixo do km 213 da BR-470 e facilitará o acesso de motoristas que se deslocam entre os bairros São João e São Roque, reduzindo o conflito de trânsito com a rodovia federal. A travessia era um problema há anos e local recorrente de acidentes, principalmente nos horários de picos.
— Nossa maior luta é com relação a segurança dos transeuntes. Era considerado um nó viário, e tinha muito acidente. Ao fazer a travessia por baixo, reduzirá este risco. O bairro São João está crescendo muito, então são inúmeras pessoas que fazem essa travessia. É uma região que está aparecer como principal expansão urbana da cidade — aponta Melissa Bertoletti, diretora adjunta do Ipurb.
A construção iniciou em agosto de 2020 e previa a escavação de 30 mil metros cúbicos de terra. Detonações foram necessárias para remover as rochas. Os trabalhos iniciaram pelo lado oeste, do bairro São João. Após a pavimentação dos novos acessos, em maio, a obra passou para a construção do túnel em si.
Nesta fase final, ainda acontecem detonações no lado leste, que dá acesso para a área central da cidade. Também é aguardada a remoção de postes de luz solicitadas pelo consórcio para a RGE. Depois, começará a parte de concretagem e asfalto desse lado da rodovia. Por isso, é considerado provável que um novo aditivo de prazo — o que precisará ser avaliado por um fiscal de obra.
O trânsito da BR-470 foi mantido no período, com pequenos desvios e sinalização de alerta para obras. O túnel fica a 5,5 metros de profundidade e a altura da rodovia federal não foi modificada.
— Só ficou interditado esse lado onde aconteciam as intervenções. Houve certos transtornos (ao trânsito), mas faz parte de uma obra desse porte. O que aconteceu, que pode representar algum atraso, foi a questão de mão de obra que está escassa no mercado. Na matéria prima, a dificuldade foi de encomenda, porque deixou de existir oferta de pronta entrega. O aço, e até o próprio concreto, tiveram estas situações de mercado — pondera Melissa.
Quando finalizada, serão entregues duas faixas de tráfego em cada sentido, com calçada em ambos os lados. São aplicados 1.958 metros cúbicos de concreto. O projeto também prevê pavimentação, iluminação e paisagismo.
O custo inicial era estimado em quase R$ 9,6 milhões, mas o aumento no preço dos insumos devido à falta no mercado motivou reajustes. As matérias-primas, como aço, concreto e o asfalto, foram os que mais aumentaram o valor no mercado no último ano. Também foi realizado um reequilíbrio econômico-financeiro.
Dois aditivos foram publicados elevando o valor para R$ 13,4 milhões. Esse incremento de 25% do valor total seria o máximo permitido pela legislação, segundo Melissa. O aditivo mais recente contempla terraplanagem, pavimentação asfáltica e serviços de drenagem. Segundo o Ipurb, a quantidade do volume de escavação foi maior que previsto no contrato original, o que só pode ser constatado durante a obra.