O avanço da vacinação contra a covid-19 impactou na ocupação dos leitos de terapia intensiva dos hospitais de Caxias do Sul. De acordo com dados do painel covid do município, nove pessoas estão internadas em leitos de terapia intensiva nessa quarta-feira (15). Em março, no pico da pandemia, eram mais de 170 pessoas.
Para se ter uma ideia, não há pacientes com covid-19 nas UTIs dos hospitais Pompéia e Geral. Em março, contando as internações dos três hospitais, que têm leitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a média foi de 72 pessoas.
— Estamos em um período de baixa ocupação e o reflexo disso pode ser a vacinação. Vemos que está numa sequência de meses, mas não constante. Puxamos todas as taxas de ocupação desde maio de 2020, quando tínhamos uma taxa de ocupação de 94%. Isso significa que na maioria dos dias do mês estava com 100% de taxa e naquele ano oscilou entre uma maior, de 94%, e uma menor, de 72%, em novembro — afirma a diretora do Departamento de Avaliação, Controle, Regulação e Auditoria (Dacra) de Caxias do Sul, Marguit Meneguzzi.
Em 2021, em janeiro, a taxa de ocupação era de 76% e saltou para 161%, no ápice da pandemia, com o aumento significativo de casos:
— A gente chegou a ter de três a quatro pacientes entubados nas UPAs esperando leitos de UTI nos hospitais. Até o momento, a gente teve a menor taxa de ocupação em setembro, que foi de 69%. Se fechar o dado parcial, com dados até 14 de dezembro, estamos em 66% de taxa de ocupação. Se hoje o mês de dezembro terminasse seria a menor taxa.
Para a diretora, isso é reflexo da vacinação e da redução do número de novos casos graves que precisam de internação na UTI. Contudo ela alerta que a redução não é constante:
— O percentual oscila muito e isso preocupa também, porque janeiro e fevereiro ficou na marca de 70%. Em março, a ocupação ficou completamente fora da curva. Em abril, maio e junho, na casa dos 90%. Em julho começou a baixar e ficou em 76%, agosto em 75%, até chegar a 69% em setembro. Só que em outubro aumentou de novo e ficou em 81%. Novembro fechou com 91%.
Cenário nos hospitais
Conforme a assessoria de comunicação e gerência operacional do Hospital Pompéia, a demanda vem diminuindo significativamente em relação aos casos de covid-19. Ainda segundo a instituição, a maioria dos pacientes que entram na UTI não estão com o esquema vacinal completo ou não receberam nenhuma dose. No Hospital da Unimed, estão internados três pacientes em leitos clínicos e outros três na UTI. Em março, o maior número em UTI foi de 72 pacientes com covid e 74 no setor de internação, segundo a assessoria de imprensa da instituição. No Hospital Saúde também não há pacientes internados na UTI por covid-19 nesse momento.
Menor demanda no Virvi Ramos e Círculo
No Hospital Virvi Ramos segue o atendimento no pronto-atendimento exclusivo para coronavírus e para casos suspeitos, bem como leitos de isolamento. A rotina dentro do hospital continua a mesma. Contudo, sem a sobrecarga provocada pela alta ocupação.
— Estamos mantendo o mesmo quadro de funcionários, mas aproveitando o baixo volume de pacientes para liberar férias e folgas. No início do ano, tivemos até 40 leitos de UTI, reduzimos para 30 e hoje estamos com 20. Mas, se for necessário, temos capacidade para ampliar o número de leitos novamente — afirma a coordenadora das UTIs do Hospital Virvi Ramos, a médica intensivista Eveline Gremelmaier.
Ela avalia que a situação é reflexo da imunização:
— Com o avanço da vacinação, esse é o período mais tranquilo da pandemia. A vacinação vem fazendo seu papel, que é a redução de casos graves. Na UTI nunca estivemos com tão poucos pacientes.
No Hospital do Círculo, há quatro pacientes internados em leitos clínicos com covid-19 e nenhum na UTI. Em março, a média era de 25 pacientes.
— Certamente tem uma redução bastante expressiva nos últimos 60 dias e está muito relacionado a vacinação. Os pacientes internados, na sua maioria, têm esquema de vacina, mas a gente percebe uma redução da complexidade. Eles não ficam tão graves quanto nos cenários anteriores que a gente acompanhou — explica a diretora de operações de Saúde do Círculo, Isabel Cristina Bertuol.
Melhor momento da pandemia desde outubro de 2020, aponta integrante da Amesne
A integrante do Comitê Técnico da Associação dos Municípios da Encosta Superior Nordeste (Amesne), Marijane Paese, acredita que este é o momento mais tranquilo da pandemia.
— É um momento muito positivo porque de janeiro a junho, quando vivemos o pico, tínhamos uma média mensal de 18 mil contaminados na Serra. Isso dava um resultado de 339 óbitos por mês. Desses, 70% acima de 60 anos. De julho a setembro, o número de contaminados caiu para 7,5 mil. Consequentemente, o número de mortos caiu para 158, em média. Em outubro e novembro são 3,5 mil contaminados, uma queda de 54% quando olhamos para o trimestre de julho a setembro. Assim, o número de óbitos caiu para 86 por mês e o índice de mortes de pessoas acima de 60 anos aumentou para 82%.
Em relação aos internados em UTI, ela explica que, em outubro de 2020, eram 30 internações a cada sete dias.
— Estamos com 15 novas entradas a cada sete dias. Isso representa uma queda de 50% em relação a outubro do ano passado, que era nosso período de referência por ser um bom momento. Nas três últimas semanas, o número de contaminados na Serra se mantém em cerca de 600.