Uma reunião, marcada para esta quarta-feira (3) pela manhã, debaterá de que forma se dará o retorno 100% presencial dos alunos da rede municipal de Caxias do Sul, conforme determina o decreto estadual publicado na última sexta-feira, no Diário Oficial. Na semana passada, a titular da Secretaria Municipal da Educação (Smed), Sandra Negrini, afirmou que a cidade não obrigaria os estudantes a voltarem na integralidade às salas de aula.
O decreto estipula, no entanto, que todos que integram a Educação Básica, que abrange Infantil, Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA), das redes pública e privada, voltem ao presencial até a próxima segunda-feira, dia 8. A dificuldade, conforme Sandra, gira em torno da estrutura das escolas. No encontro de amanhã será discutido se Caxias irá elaborar um decreto municipal ou seguirá com a organização pedagógica, avaliando a situação de cada escola.
Em parte, a atual decisão da Smed de não obrigar a volta de 100% dos alunos, não fere a norma estadual, já que o decreto estabelece que as instituições que não têm área adequada para receber 100% dos alunos, com distanciamento, podem seguir em revezamento. Neste caso, os colégios precisam assegurar o ensino remoto nos dias e horários em que os estudantes não estiverem presencialmente em sala de aula.
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), o que muda é que não haverá mais opção de ir ou não presencialmente à escola: todos terão que frequentar às aulas, mesmo que seja em revezamento. Apenas os alunos que, por razões médicas, comprovadas com atestado, não puderem retornar ao presencial, poderão seguir com ensino híbrido ou virtual.
— Temos escolas que conseguem atender a 100% dos alunos respeitando as medidas de distanciamento, mas também temos outras que não terão a possibilidade de atender _ reforça a Sandra Negrini. _ Não basta só um decreto, temos que pensar em toda a questão pedagógica, nas potencialidades e dificuldades. Os alunos vão encontrar uma outra escola, uma nova organização, a alimentação está diferente. Temos que pensar em um plano para que se adaptem e possam reconhecer esse novo normal e se sintam bem nesse ambiente — complementa a secretária.
Cenário nas duas maiores escolas municipais de Caxias
Caxias do Sul conta com 83 escolas municipais, com 31 mil alunos matriculados no Ensino Fundamental e 12 mil na Educação Infantil. Os dois maiores colégios são a EMEF Prefeito Luciano Corsetti, no bairro Kayser, e a EMEF José Protázio Soares de Souza, no Jardim Eldorado. Na primeira estão matriculados 1.056 estudantes, segundo a diretora Taísa Mano.
— Hoje temos cinco turmas à tarde que retornaram 100% sem escalonamento e 10 turmas no turno da manhã, que foram selecionadas pela capacidade da sala de aula e por terem ainda alunos que não optaram pela presencialidade. Com a obrigatoriedade de retorno, se esses alunos retornarem, essas turmas voltam a ser escalonadas.
Ela explica que a escola não tem capacidade de atender 100% presencial enquanto houver distanciamento mínimo de um metro.
— Permanecemos escalonados pois temos tamanhos diferentes de salas de aula e turmas com grande número de estudantes. Nossas turmas têm, em média, 30 alunos. Outra grande dificuldade é o momento de lanche. Nosso refeitório é pequeno e tivemos que adaptar outra sala. Oferecemos lanche revezando horários — aponta a diretora.
Já no José Protázio estão matriculados 957 alunos. A diretora Letícia Comerlato destaca que aguarda as orientações do governo municipal sobre o retorno, mas adianta que algumas salas de aula já estão lotadas.
— Até o momento conseguimos dar conta pelo menos do distanciamento de um metro. Agora vamos ter que fazer uma reavaliação dependendo dos critérios que a Smed nos passar — ressalta Letícia.
Ela conta ainda que na última sexta-feira (29), famílias contataram a escola para questionar sobre o retorno obrigatório:
— Muitas famílias não querem mandar seus filhos de volta ao presencial porque ainda tem muito medo.
