Os pavilhões da Festa da Uva, em Caxias do Sul, recebem, neste domingo (7), um evento automotivo. O encontro de carros rebaixados, no entanto, é alvo de reclamações por parte de moradores do entorno que relatam movimentação e barulho de som automotivo desde a madrugada.
No Facebook, a página do evento informa que programação previa início das atividades para as 8h, mas pelo menos desde as 6h50min os carros já se posicionavam para entrar no local, conforme registro enviado por uma leitora do Pioneiro.
Em função disso, o Armazém do Gringo, localizado na casa 13 da Réplica de Caxias, decidiu não abrir. O proprietário do estabelecimento, Ricardo Trindade, reclamou da situação que viu nesta manhã:
—Eu estava lá desde as 8h e não tivemos condições porque não conseguimos falar com os clientes, nem conseguimos fazer o almoço. Eu vi pessoas urinando nas paredes das réplicas— relatou.
Via redes sociais, o restaurante Tulipa também confirmou o fechamento neste domingo.
A presidente da associação de moradores do bairro Vinhedos, Joceli Veadrigo, diz que moradores a contataram para se queixar do barulho que se iniciou por volta da meia-noite.
—Eu pedi para as pessoas irem contatando a Brigada Militar. Assim como a gente entende que as pessoas precisam se divertir, mas aí tem a outra parte. Não dá para ser assim. Não é a primeira vez — reclama.
De acordo com o Rodrigo Lazzarotto, diretor de fiscalização da prefeitura de Caxias do Sul, o evento está autorizado para ocorrer até as 17h. Lazzarotto reconhece que as reclamações sobre incômodos gerados por eventos nos Pavilhões são antigas.
—A gente entende e sabe da dificuldade, mas é um local que é, há muitos anos, dedicado para eventos. O parque, na sua origem, tem essa preposição. Tem esse ônus de, em alguns momentos do ano, causar essa perturbação, como qualquer outro lugar — diz.
" A maioria é pessoa trabalhadora, de bem", diz um dos organizadores do evento
Um dos organizadores do evento Valmor Muller Bersch se pronunciou à reportagem. Ele nega que o evento tenha se iniciado durante a madrugada. Bersch diz que o barulho reclamado pela vizinhança pode ter partido de veículos que circulavam pela via, não sendo responsabilidade do encontro automotivo. Segundo ele, os portões dos pavilhões foram liberados às 6h.
— A gente se preocupou com a questão do barulho e trouxemos seguranças desde ontem à noite (sábado), às sete, porque vem pessoal de todo o Estado. Provavelmente, passou algum carro ou outro aqui, mas não era do evento. E também tinha um evento fechado em um restaurante, onde também tinha um pouco de barulho. Mas era o único barulho a mais — argumenta o organizador.
Ele diz que uma empresa foi contratada para fazer a limpeza durante o evento para não gerar acúmulo de sujeira, que foi alvo de reclamações em um encontro ocorrido no final de agosto no mesmo local.
Bersch acredita que há muito preconceito em relação a quem gosta da prática de carros rebaixados e som automotivo:
—O pessoal que curte o carro rebaixado, o som automotivo, a maioria é pessoa trabalhadora, de bem, que investe seu dinheirinho, seu salário, em cima do veículo. Eles vêm aqui para mostrar, para expor, claro que há exceções. A população e a imprensa têm que enxergar isso não como uma coisa criminalizada. Isso gira a economia. Estamos numa batalha para descriminalizar — finaliza, dizendo que há cerca de 100 envolvidos na organização, incluindo equipes de segurança e limpeza.